Petrobrás vai contratar mais executivos do setor privado

Conselho de Administração

Os petroleiros reagiram com indignação à decisão do conselho de Administração da Petrobrás que, no início de junho, aprovou uma mudança na política interna da estatal, autorizando aumentar as indicações de profissionais de fora para o alto comando da empresa. A medida eleva de 30% para 40% a proporção máxima de gestores oriundos do mercado nas gerências-executivas – e algumas poucas gerências gerais — ligadas diretamente às diretorias da companhia. Na prática, passou de 15 para 20 o total de funcionários que poderão ocupar posições executivas subordinadas à diretoria.

A decisão escancarou também a submissão de parte dos conselheiros à vontade do presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, que vinha pressionando para implementar regras mais flexíveis para a contratação de executivos. A reestruturação organizacional terá mudanças até na forma de remuneração dos gestores – com um benefício variável e um fixo – porque, segundo a empresa, "permite reconhecer resultados individuais de forma muito mais significativa". É a implementação da meritocracia no RH.

Em nota a Petrobrás informou que essas mudanças no RH vão favorecer a contratação de gestores oriundos do setor privado, "agregando as competências desses profissionais às já existentes no corpo de empregados da companhia". Profissionais, formados pela Universidade Petrobrás ou outras instituições financiadas pela empresa, que pensavam em alçar voos maiores terão de se esforçar muito mais para disputar cargos na estatal.

Segundo o jornal Estadão, a mudança na política interna gerou divergência entre os conselheiros devido à possibilidade de ingerência política do governo Bolsonaro na Petrobrás se os cargos servirem a indicações partidárias. É bom lembrar que Bolsonaro vem liberando cargos aos partidos do Centrão em busca de apoio político para continuar no governo.

A verdade é que Castello Branco já gere a Petrobrás como se fosse uma empresa privada e trata os petroleiros, a força de trabalho, com arrogância. Em especial, os trabalhadores nordestinos que de um tempo para cá estão sendo pressionados a se desligar da empresa porque não aguentam mais a pressão e humilhação. Suas vidas viraram de ponta-cabeça com o projeto privatista em curso. Com frequência, as Federações e sindicatos de petroleiros têm recorrido ao Judiciário para barrar redução de salários, flexibilização da jornada de trabalho e todo tipo de ataques aos direitos dos trabalhadores.

O presidente não esconde de ninguém a intenção de cortar os gastos corporativos em 15%, reduzindo a folha de pagamento, considerada por ele muito "pesada". No mês passado, em vídeo conferência aos jornalistas, ele declarou que até fim deste ano, mais 3.000 postos de trabalho serão fechados em todo o país, por meio de Programas de Demissão Voluntária (PDVs). No total, até dezembro do ano passado, 20 mil trabalhadores tinham aderido aos PDVs, deligando-se da Petrobrás.

Em seis anos, o efetivo foi reduzido em 24 mil postos de trabalho, sendo que o último concurso público da Petrobrás ocorreu em 2018. É revoltante pensar que o projeto pensado para a Petrobrás como empresa pública impulsionadora para a criação de empregos e renda para os brasileiros está sendo completamente destruído pelo governo fascista de Bolsonaro. É preciso reagir aos ataques contra a empresa e os trabalhadores, antes que seja muito tarde.

Essa ampliação de vagas para nomeação pessoas sem concurso público atenta contra a Constituição; politiza o RH, favorecendo a nomeação de cargos por meio de critérios políticos e ideológicos; enfim tudo isso configura-se num estelionato eleitoral por parte do governo federal já que a promessa de campanha era ter uma empresa "mais técnica". Mentiram, enganaram e agora buscam destruir a Petrobras.

Fonte: AEPET BA