Governo Bolsonaro abre a porteira para desmontar Petrobrás em Alagoas

Preço de banana

A direção da Petrobrás tem anunciado, nos últimos dias, uma série de “oportunidade de negócios” (teaser) referente à venda de diversos ativos espalhados pelo país. O presidente da companhia, Castello Branco, comandado pelo governo Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, inaugurou um verdadeiro “Baú da Felicidade” dirigido ao mercado de óleo e gás. São ofertas cada vez mais atraentes e por um preço de banana. A Petrobrás, a maior estatal brasileira em vendas, está sendo liquidada literalmente.

Como se não bastasse a Petrobrás abrir mão do controle da BR Distribuidora pela ninharia de R$ 9,6 bilhões em março de 2019, a estatal acena ao mercado uma nova venda adicional de sua participação na BR.  Na esteira do desmonte total da companhia, Castello Branco e sua trupe anunciaram neste mês de junho a venda da totalidade de sua participação em um conjunto de sete concessões de campos de terra e águas rasas localizadas em Alagoas. O governo pretende entregar, com “porteira fechada”, todas as unidades de produção do Estado situadas na região leste (Anambé, Arapaçu, São Miguel dos Campos, Furado, Paru, Pilar, São Miguel dos Campos).

Os ativos citados são importantes para o desenvolvimento do Estado e do País, dentre os quais encontram-se: as duas Estações de Tratamento (Furado e Pilar), e 230 km de gasodutos e oleodutos. Nesse último, em particular, destaca-se o oleoduto de escoamento da produção até o Terminal Aquaviário de Maceió (Cais do Porto). O “liquida geral” ainda inclui a Unidade de Processamento de Gás Natural – UPGN de Alagoas, com capacidade de processamento de todo o gás do Polo e pela produção dos Líquidos de Gás Natural – LGN, que produz cerca de 2 milhões de m3/ por dia. A base dessa unidade operacional fica localizada na cidade de Pilar, aproximadamente 35 km de Maceió, capital do Estado. Já Paru, outro campo promissor, com um poço produtor de gás, está localizado em águas rasas, com lâmina d’água de 24 metros.

Queima de estoque dos ativos de Alagoas e o que resta das maiores estatais

A Petrobrás e as cinco maiores estatais brasileiras (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Eletrobrás e BNDES) tiveram um lucro de R$ 85,2 bilhões de janeiro a setembro do ano passado. O resultado expressivo dessas empresas comprova que elas não são ineficientes e muito menos geram prejuízos ao Brasil. Muito pelo contrário. São empresas estratégicas que garantem o desenvolvimento e a soberania nacional, a exemplo da Petrobrás e Eletrobrás. No caso da Caixa  e BB são instituições públicas que se diferenciam por oferecer créditos agrícola e imobiliário mais acessível que os bancos privados.

O projeto predatório do governo contra as empresas estatais está indo de vento em popa. Como disse o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a regra é “passar a boiada” para abrir a porteira a sanha do mercado, enquanto a atenção da mídia está voltada para a Covid-19. Quando se imaginava que a pandemia do novo coronavírus e a crise mundial no setor de petróleo poderiam desacelerar o ímpeto entreguista do governo Bolsonaro, o presidente da Petrobrás aproveita as fragilidades do momento para esquartejar a empresa. Recentemente foi o Polo de Alagoas e agora o Polo de Urucu, no Estado do Amazonas. Mesmo contrariando pesquisa do Datafolha realizada no ano passado, que revelou que 67% dos brasileiros são contra privatizações, o governo se desfaz das riquezas da nação.

Petrobrás: empresa estratégica para a economia de Alagoas e do Brasil

Mas em meio a tal situação, a Refinaria Alberto Pasqualine (REFAP), em Canoas, também na mira da privatização, bateu o recorde mensal em vendas de diesel tipo S-10, no último mês de maio. A produção foi de 134 milhões de litros do produto, número 12% superior do que o recorde anterior, obtido em agosto do ano passado.

Esse fato revela o papel fundamental da Petrobrás como indutora do desenvolvimento do país, e, ao mesmo tempo, demonstra que a venda de ativos da companhia é uma medida que atenta contra a soberania do Brasil. Além do mais, a transferência para o setor privado de todos os ativos de Alagoas, além das refinarias Rlam, na Bahia, Repar, no Paraná, Refap, no Rio Grande do Sul, Regap, em Minas Gerais e Remam, no Amazonas, vão na contramão das grandes companhias de petróleo, gás e bioenergia do mundo, que buscam cada vez mais integrar seus negócios. Até mesmo grandes empresas privadas procuram ser integradas. Elas  produzem petróleo, refinam, distribuem derivados e atuam em todos os segmentos da cadeia de óleo e gás, para enfrentar com mais segurança as oscilações do mercado naturais nesse tipo de negócio.

Porém, a Petrobrás mesmo sendo superavitária, está sendo desmontada, fatiada aos pedaços. Paralelo a isso, se desmonta também a política de conteúdo nacional, que permitiria a criação de empregos e a expansão de fornecedores da cadeia produtiva. O governo Bolsonaro, portanto, aumenta a queima de estoque da Petrobrás e das empresas públicas ao incluir mais ativos da estatal no programa de privatização. É “saldão” para nenhuma empresa estrangeira e importadores de derivados botar defeito, tendo em vista os lucros bilionários obtidos por meio do desmonte da maior empresa pública brasileira.

Só a luta muda a vida!

Para preservar a Petrobrás como empresa nacional, salvar os empregos e a renda dos trabalhadores petroleiros de Alagoas e do Brasil, é preciso uma grande luta pelo Fora Bolsonaro/Mourão, Guedes e Castello Branco. Certamente isso não é uma tarefa apenas de uma categoria, pois o inimigo é poderoso e se vale dos meios mais perversos e fascistas para impor a destruição da companhia e deixar o Brasil de joelhos aos interesses do capital privado. A missão de tirar a Petrobrás do cadafalso e livrar o país da tragédia econômica, política e sanitária em que se encontra, é de cada um de nós. Precisamos ir à luta em defesa da vida, dos empregos, dos direitos e de uma Petrobrás forte, soberana sob o controle dos trabalhadores.

Fonte: Sindipetro-AL/SE