Petrobrás ignora pandemia e implanta nova política para aumentar o POB em algumas plataformas

A coisa está cada dia pior

Segundo dados do Ministério da Saúde o Brasil “ostenta” o 2º lugar no ranking mundial de pessoas infectadas pelo coronavírus. No total foram contabilizados 2.442.375 casos. Já são 87.737 brasileiros que morreram pela Covid-19, conforme levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde. Um quadro triste e lamentável e nem assim os gestores da Petrobrás se compadecem da situação e seguem à risca política genocida e negacionista do governo Bolsonaro. A empresa emitiu nota divulgando que nesta segunda-feira (27) implantou novo procedimento no pré-embarque. O objetivo dessa norma é viabilizar o aumento gradual da ocupação das plataformas. Um tremendo contrassenso já que a ideia é manter o POB baixo e manter apenas serviços essenciais.

Desde o início da pandemia os gestores têm adotado medidas ineficazes no combate à propagação da doença. Os testes, no pré-embarque, no Aeroporto de Jacarepaguá, começaram a ser realizados tardiamente. Em 26 de fevereiro, a pandemia já mostrava seus efeitos no país, mas os testes foram implementados somente no mês de abril. Medida importante, mas insuficiente, por ser incapaz de detectar a Covid-19 em quem foi contaminada a menos de três dias. O que acabou desencadeando uma explosão de casos em todas as plataformas do Sistema Petrobrás. Outro grande erro é que o setor médico prefere tratar os sintomas da Covid-19 como se fossem de uma “simples gripe” ao invés de conduzir a situação de acordo com a gravidade que o momento exige.

Os gestores da Petrobrás também continuam insistindo em não realizar o teste rápido no desembarque, contrariando o item 7 do protocolo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que preconiza que “O desembarque de tripulante assintomático, após o cumprimento de sua jornada de trabalho embarcado, deverá ocorrer após avaliação de saúde, incluindo a realização de teste rápido, sempre que possível. No caso de relato de sintomas ou resultado positivo do teste rápido, o tripulante deverá ser orientado quanto a necessidade de realização de isolamento domiciliar ou em hotel”. Os embarcados só são testados se apresentam algum problema de saúde.

Além disso, existe o descaso no que diz respeito a realização do exame complementar PCR todas as vezes que a testagem rápida confirmar a presença de IgM positivo em um trabalhador. Nas unidades da Petrobrás, tanto de terra e como de mar, os petroleiros seguem trabalhando com Igg e Igm positivos o que contribuiu para o agravamento do contágio. O “IgM positivo” significa que a infecção provocada pelo vírus está alta e a pessoa transmite a doença. Por isso, não deve trabalhar. A recomendação é que permaneça em isolamento, mas a realidade não é essa. A conduta dos gestores da Petrobrás, que não adotaram medidas efetivas para minimizar ao máximo os impactos da doença, é uma das principais responsáveis por este cenário de terror.

A direção da empresa não satisfeita com tudo isso ainda impôs uma escala de trabalho de 21 dias, apostando nessa medida para preservar a produtividade e, quem sabe, ajudar também no combate ao novo coronavírus. O transporte inadequado dos trabalhadores também outro grande problema. A empresa economiza fazendo transporte rodoviário da Baixada Santista até o Rio de Janeiro, local aonde fica o aeroporto de Jacarepaguá, e não paga horas extras do translado. Outro grande problema tem sido a chegada ao aeroporto. Os trabalhadores das plataformas têm ficado aglomerados devido ao acumulo de voos cancelados por conta do mau tempo. Uma situação surreal em meio a uma pandemia e um tremendo descaso por parte da empresa.

Para piorar o quadro, que já por si só é aterrador, os diretores do Sindipetro-LP e parte do cipeiros não têm embarcado em nossas plataformas. Tal medida, orquestrada pela gerência da UN-BS, diminuiu a atuação dos representantes dos trabalhadores, dificulta o mapeamento dos riscos dentro das unidades offshore e evita cobrança de medidas que podem melhorar a segurança nos locais. As plataformas são locais propícios para a propagação do coronavirus e mapear as deficiências do local é se suma importância para garantir também a saúde da força de trabalho.

A diretoria do Sindipetro exige que com o fim da MP 927, que só serviu para retirar direitos da classe trabalhadora, as férias, pagamento de hora extra e a retomada do regime de 14x21 volte à normalidade. Além disso, exige também que a categoria petroleira seja tratada com respeito. O lucro jamais pode estar acima da vida!

O Sindipetro-LP tem cobrado insistentemente da gerência de SMS e gestão de pessoas (antigo RH) da UN-BS através de ofícios, soluções para as denúncias que chegam, tanto de ações para evitar a propagação dessa pandemia nas unidades offshore, cuidados com a manutenção da saúde de todos os trabalhadores, quanto o tratamento de frequência, porém a empresa prefere atuar sozinha, ignorando as demandas da força de trabalho e a pandemia que assola o mundo. Tal atitude só demonstra que os gestores da Petrobrás não estão preocupados com os trabalhadores, mas em enxugar a máquina administrativa nem que seja à custa de ceifar vidas.

Mais denúncias

A barbárie orquestrada pela alta cúpula da Petrobrás não se restringe apenas às plataformas. A empresa cismou em fazer inspeção da NR-13 via online. A norma estabelece requisitos mínimos para gestão da integridade estrutural de caldeiras a vapor, vasos de pressão e suas tubulações de interligação nos aspectos relacionados à instalação, inspeção, operação e manutenção, visando à segurança e à saúde dos trabalhadores. Como fazer isso internet e sem estar no local para averiguar a estrutura do local? Parece piada pronta e ao que tudo indica não aprenderam com o erro grave que aconteceu na Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA), em Caraguatatuba, no início do mês passado.

Os gerentes da unidade estão trabalhando em regime de homeoffice e com isso, vem promovendo uma verdadeira lambança colocando a vida da força de trabalho em risco. O Sindipetro denunciou o caso, através da matéria intitulada “Gestores da UTGCA colocam a planta em risco para se vangloriar com índices de disponibilidade”, uma manobra equivocada e perigosa em relação a um trabalho a ser executado em um turbo gerador.

A situação é desumana e demonstra que o lucro, mesmo em meio a uma crise sanitária e humanitária sem precedentes, segue acima da vida para a elite econômica e seus representantes.