Gestores da UN-BS apresentam novo procedimento para pré-embarque e Sindipetro-LP contesta

Piloto de retorno

Depois de alguns meses do início da pandemia os gestores da Petrobrás, resolveram de forma tardia, se preocupar com a forma de trabalho e implementar procedimentos para resguardar a vida dos embarcados. O RH da UN-BS apresentou ontem (13), em reunião com os dirigentes do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, um “piloto de retorno ao trabalho presencial”.  Esse piloto é um novo procedimento de pré-embarque que será implementado na próxima segunda-feira (17). Segundo a apresentação “com 14 dias de antecedência ao embarque, será iniciado o monitoramento de saúde. Na semana anterior ao embarque o monitoramento será intensificado por meio de ligações telefônicas”.

Os petroleiros que residem em outras cidades, que não seja em Jacarepaguá, farão o RT-PCR e ficarão hospedados, em um hotel, até que seja divulgado o resultado do exame. O teste RT-PCR identifica o vírus da Covid-19 no período em que está ativo no organismo. Os trabalhadores com resultado negativo irão embarcar para as plataformas com procedimentos especiais de segurança e passarão por avaliação no aeroporto.

Os representantes do Sindicato aproveitaram a oportunidade para cobrar problemas recorrentes que vem acontecendo nas plataformas e que estão ligados diretamente ao piloto apresentado.

Escala de 21 dias
O Sindipetro-LP tem recebido inúmeras reclamações sobre a extenuante escala de 21 dias de trabalho. Com essa nova barreira, que será implementada, os trabalhadores além dos 21 dias, terão que ficar mais 3 dias em hotel. A escala, na prática, ficará 24 x 18, podendo chegar a 26 x 16, devido à pouca disponibilidade de voos comerciais. Com a pandemia, a força de trabalho tem pouca opção de transporte até o Rio de Janeiro.

A empresa informou que os 3 dias pré-embarque em hotel será somente para quem não reside no Rio de Janeiro e será feito apontamento de 8 horas por dia no banco de horas. Quem mora no Rio de Janeiro não precisa ficar hospedado. O Sindipetro-LP exigiu inserção de 12h/d e não 8h/d como propõem, haja vista que o empregado está confinado à disposição da empresa.

O Sindicato cobrou o retorno à escala de 14 x 21, onde a empresa informou que tem uma previsão de retorno para daqui a duas semanas. Diante disso, foi questionada também qual seria a diferença das plataformas do Litoral Paulista para as plataformas do campo de Búzios. Os petroleiros dessas unidades retornaram ao regime de 14 dias assim que foi implantado o RT-PCR. Mais uma vez a empresa demonstrou que não há coerência no que faz já que irá implantar o piloto de embarque de forma repentina, mas para voltar a escala normal de trabalho eles precisam de tempo e planejamento. Qual a parte que não entendem que diminuir os dias da escala também diminui o risco de contágio uma vez que quase todo dia há embarques para as plataformas? 

Foi reivindicado também o custo de transporte residência x local de coleta / teste RT-PCR (ida e volta) ficar à cargo dos trabalhadores, inclusive as horas dispendidas para essa tarefa. Os representantes informaram que, até o momento, não há previsão de pagamento e que o RH está avaliando a situação. Um tremendo disparate já que tudo isso é feito por necessidade da Petrobrás e nada mais justo que os gastos sejam dela também.

Política de quem vai e quem fica
Os gestores da UN-BS foram questionados quais seriam os critérios para embarque de trabalhadores nas plataformas. Muitos petroleiros estão em regime de teletrabalho forçado mesmo tendo capacidade técnica e facilidade para embarque. A matemática que aplicam para selecionar quem vai e quem fica em homeoffice não fecha. A empresa informou que essa gestão é de cada plataforma e por isso, não poderia interceder. Os dirigentes não concordaram com a resposta.

Na oportunidade os representantes do Sindipetro também exigiram testes para todos que desembarcam conforme preconiza o item 7 do protocolo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).  “O desembarque de tripulante assintomático, após o cumprimento de sua jornada de trabalho embarcado, deverá ocorrer após avaliação de saúde, incluindo a realização de teste rápido, sempre que possível. No caso de relato de sintomas ou resultado positivo do teste rápido, o tripulante deverá ser orientado quanto a necessidade de realização de isolamento domiciliar ou em hotel”.

Por fim, foi questionado também como é avaliado o aumento do POB nas unidades. Há relatos que o número de embarcados tem aumentado gradativamente e trabalhos que não são prioritariamente de segurança e habitabilidade estão sendo executados. Um tremendo contrassenso já que a ideia é manter o POB baixo e manter apenas serviços essenciais nesse momento de crise sanitária mundial.