Petroleiro terceirizado morre durante jornada de trabalho no FPSO Cidade de Mangaratiba

Luiz Fernando Maciel Passos, presente!

Iniciamos o ano no Sistema Petrobrás com uma terrível notícia: o óbito de um petroleiro terceirizado durante o exercício da profissão. Luiz Fernando Maciel Passos, 32 anos, supervisor IRATA, da empresa SISTAC, caiu de altura de cerca de 15 metros dentro de um tanque de carga da unidade, enquanto realizava trabalho de inspeção UTM (medição de espessura em tanques). O acidente aconteceu no último dia 31 de janeiro no FPSO Cidade de Mangaratiba (MODEC), que opera no campo de Tupi, na Bacia de Santos. O trabalhador recebeu atendimento médico no local, mas não resistiu.

Segundo informação do site Petróleo e Gás a Petrobrás emitiu nota afirmando que “criará uma comissão para apuração da ocorrência”, mas sabemos que essa morte e tantas outras que vem ocorrendo nos últimos anos é fruto da política da insegurança no local de trabalho. De olho apenas em redução de custos para favorecer os acionistas estrangeiros, as últimas direções da Petrobrás vêm assumindo os riscos por novos e mais graves acidentes.

Aqueles que hoje dirigem a empresa assumem a responsabilidade por novas tragédias ao implantar uma redução generalizada do quadro mínimo operacional de diversas unidades, com corte profundo de verbas para manutenção preventiva, e também ao impor o sistema de consequências, que joga sobre as costas do trabalhador a culpa por todo e qualquer acidente. E se hoje a situação do trabalhador próprio é crítica, devemos lembrar que aos terceirizados a realidade se apresenta sempre muito mais dura e cruel. São eles as principais vítimas de assédio e acidentes de trabalho.

No Litoral Paulista temos o exemplo da Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA). Há tempo a unidade sofre com a carência de mão de obra, os gestores da unidade se negam a reconhecer a necessidade de reposição do efetivo. Para eles, o que vale é a "produtividade per capita", ou seja, quanto menor for o efetivo, maior será a produtividade "por cabeça", deixando claro que estão dispostos a cumprir as suas metas gerenciais a qualquer custo. O mesmo ocorre na RPBC e demais unidades do Litoral Paulista, onde o baixo efetivo tem levado os trabalhadores a problemas de saúde físicos e mentais.

O Sindicato tem denunciado sistematicamente a situação, promovido paralisações e buscado soluções via judicial para tentar reverter o quadro, mas os problemas se agravam a cada dia. A força de trabalho tem convivido diariamente com a insegurança nas plantas e o risco iminente de uma tragédia ou um surto de Covid-19, como o que houve na refinaria em Cubatão, que levou a morte do técnico de operação e cipista, Antonio Carcavalli e dos trabalhadores terceirizados, José Roberto Cláudio de Jesus e José Carlos Nunes Rosa.

Por isso, uma das tarefas centrais dos petroleiros é seguir fortalecendo as CIPAS e o Sindicato, que são os instrumentos da categoria para resistir à ofensiva de gerências irresponsáveis sobre nossas vidas e sobre o meio ambiente. Será coletivamente, unidos e fortes, que teremos melhores condições de barrar toda e qualquer tentativa de assédio para forçar a execução de serviços em condições inseguras.

O Sindipetro-LP manifesta as suas condolências aos amigos, colegas de trabalho e familiares do companheiro Luiz.

Luiz Fernando Maciel Passos, presente!