Categoria não descarta paralisação frente ao descaso com o coronavírus durante parada de manutenção

RPBC

Apesar da categoria ter aceitado a proposta da gerência da RPBC de não alterar o Total de Horas Mensais (THM) e de cancelar a redução do quadro mínimo dos técnicos de segurança, suspendendo assim a greve aprovada em assembleias em fevereiro, os petroleiros da RPBC estão preocupados com os rumos da parada de manutenção na refinaria, que tem colocado a unidade em risco de um novo surto de covid-19.

Com o início da parada de manutenção, a refinaria chamou um grupo de petroleiros vindos de outras unidades para substituir os trabalhadores que pegaram covid-19. No entanto, até o momento as pessoas que tiveram contato com os trabalhadores doentes não foram testadas e seguem trabalhando, podendo estar transmitindo a doença para os colegas e para a comunidade. 

Para receber os trabalhadores de fora, a refinaria criou uma super estrutura de container, aberto, que é chamado de “Centro de Comando da Parada”. Porém, durante o dia, não há controle algum do número de pessoas dentro do aparato. Mesmo após cobranças do sindicato a RPBC não apresentou nenhum mecanismo de controle de número máximo de pessoas em espaços confinados. 

Com a reforma da CCL-5, os trabalhadores da UFCC, que estão sem local adequado em cada área para descanso e atendimento, também estão atendendo no container.

Os trabalhadores dos turnos têm se queixado do atraso na saída dos ônibus, cuja espera tem sido de cerca de 30 minutos além dos 30 minutos de tolerância previsto no ACT. Com isso, além de atrapalhar a rotina de todos, mantém por mais tempo aglomeração na espera do transporte, expondo os trabalhadores. Enquanto isso, os responsáveis por “organizar” o transporte para o chão de fábrica usam táxis individuais, no horário que precisam, sem risco de contato com outros a não ser o motorista. 

Durante as refeições são vistas filas e mais filas no refeitório, mas ao invés de aumentar os postos de atendimento, o único controle feito pelo gerente geral é ficar regulando quem está conversando nos refeitórios. 

O sindicato reportou todos esses desvios na RPBC ao RH, que por sua vez resolveu alguns problemas, como mudar o vestiário dos petroleiros visitantes que estavam usando a estrutura da CCL, enviando-os para outro local. Apesar da falta de cuidado da gerência da refinaria, os trabalhadores têm se esforçado para controlar o contágio na CCL, onde não permitem sequer que dois encarregados entrem simultaneamente para tirar PT.

Sem transparência para os cuidados com os trabalhadores terceirizados Já para o trabalhador terceirizado a realidade é ainda mais dramática. Além dos riscos de serem infectados pelo coronavírus, uma vez que a maioria dos trabalhos na parada são de forma confinada, em locais não preparados para habitação humana, há ainda o risco de que fiquem sem receber salários e benefícios, como tem acontecido com muitas empresas. Para o sindicato, a Petrobrás peca em não analisar a fundo as empresas que contrata, que muitas vezes não têm em reserva sequer os valores para a rescisão de contrato em caso de uma eventualidade.  

A parada de manutenção é importante para manter os equipamentos em dia e, principalmente, gerar renda em meio ao desemprego que alcançou mais de 14 mil pais e mães de família, que perderam emprego durante a pandemia na região, no entanto, manter os trabalhadores em risco de contágio, apenas com uso de máscaras e álcool em gel e testes rápidos a cada 14 dias, conforme anuncia a empresa, não é o suficiente. 

Com todos os problemas de contenção da pandemia dentre os petroleiros próprios, a empresa não deixa claro de que forma está controlando os exames quinzenais de COVID-19 dos trabalhadores contratados. Logo, não é possível ter certeza se os terceirizados estão sendo testados ou não, apesar da nova variante do vírus já estar circulando entre nós. 

Os petroleiros também reclamam da falta de testes de covid em funcionários terceirizados no período da noite e tampouco tivemos resposta de como a refinaria está fazendo esse controle.

A gestão no comando da empresa segue com a rotina de trabalho como se não houvesse vírus, ou, o que é pior, negando seu poder letal sobre os organismos.
Diante do pouco caso que os gestores da unidade estão levando a situação, a categoria não descarta uma nova paralisação, pois se em fevereiro se questionava justamente a falta de segurança na unidade, hoje, com a parada de manutenção a pleno vapor, os riscos continuam, porém, potencializado por um número ainda maior de trabalhadores, que em um eventual surto, poderá alcançar muito mais pessoas fora dos muros da RPBC.