Imprudência e desprezo pela vida marcam os passos de Silva e Luna na presidência da Petrobrás

Mais um negacionista

De acordo com uma notícia divulgada, nesta quinta-feira (15/04), pelo jornal Valor Econômico, há cerca de quatro semanas, após seu nome ter sido aprovado pelo Comitê de Pessoas da estatal, no dia 17 de março, o novo presidente da Petrobrás vem se reunindo com integrantes da diretoria da empresa.

Indicado por Jair Bolsonaro para assumir a presidência de estatal, o general da reserva, Joaquim Silva e Luna, já trabalha presencialmente em um dos principais edifícios da empresa no centro do Rio, ao lado de uma equipe de transição.

Segundo o jornal Valor, duas fontes envolvidas no processo de transição relatam que, em alguns momentos, o general tem tirado a máscara de proteção contra a covid-19 e estimulado os demais a fazerem o mesmo, sob o pretexto de que ele possa conhecer melhor os rostos dos subordinados.

Para piorar a situação, postura do novo presidente tem se tornado recorrente na empresa, onde o general dá sinais de que vai agir na contramão das medidas de segurança. Alinhado com o governo Bolsonaro, há alguns dias a imprensa também noticiou que ele defendeu a antecipação do fim do home office na empresa.

A postura traz preocupação à categoria. Primeiro, porque atualmente o país atravessa o pior momento da pandemia. Ou seja, seria a hora de pensar na ampliação das medidas de proteção, e não o contrário.

Segundo, porque a Petrobrás já é, entre as estatais, a empresa com maior número de contaminados, desde o início da pandemia, segundo números publicados pelo Boletim de Monitoramento da COVID-19, do dia 29 de março, editado pelo próprio Ministério de Minas e Energia.

A Fiocruz já havia revelado, em um estudo divulgado no final do ano passado, que a frequência dos casos de covid-19 entre os petroleiros é comparativamente maior do que a frequência na população brasileira.

Ainda segundo o Boletim de Monitoramento da COVID-19, até o final de março, a Petrobrás já havia registrado 5.895 funcionários contaminados, desde o início da pandemia. Deste total, 5.529 se recuperaram, 300 estavam em quarentena, 47 estavam hospitalizados e 19 já tinham perdido a vida.

Prova de que a situação continua grave é relatório do EOR (Estrutura Organizacional de Resposta), do último dia 7, ao qual os diretores da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) teve acesso. Nesta data, a empresa tinha 316 casos ativos, dos quais 76 estavam hospitalizados (39 na UTI e 37 na enfermaria), além de outros 166 casos suspeitos.

Números que podem disparar ainda mais caso o teletrabalho seja cancelado e as medidas de proteção sejam afrouxadas, como tem sinalizado a postura do novo presidente.

A postura, no entanto, contrasta com os protocolos de segurança internos da companhia e marca uma mudança no dia a dia do alto escalão da petroleira — que desde a eclosão da pandemia no país, em março de 2020, vinha trabalhando essencialmente em home office.

Fonte: FNP - Valor Econômico e Sindipetro-SJC.