Em assembleia, embarcados aprovam estado de greve e assembleia permanente

Por unanimidade

Em assembleia na noite desta segunda-feira (19), petroleiros e petroleiras das plataformas, abrangidas pelo Litoral Paulista, aprovaram por unanimidade a adesão ao estado de greve e assembleia permanente. Motivos não faltam para esses trabalhadores cruzarem os braços.

Os gestores da UN-BS, alinhados a alta cúpula da Petrobrás, têm prejudicado os embarcados a ponto de colocar a vida de todos em risco. Ao negar a existência de surto de Covid-19 nas unidades offshore e não implementar uma política efetiva de combate a propagação do coronavírus, os mandatários têm brincado de roleta russa com a força de trabalho.

Atrelado a isso, tem a imposição de uma escala de trabalho perversa travestida de boa ação. A mudança, que só tem por objetivo aumentar os lucros da empresa, foi elaborada sem nenhuma comprovação de que irá garantir a saúde e a segurança de todos. A nova escala, como quando foi implementada no início da pandemia, irá agravar as condições de saturação física e mental comuns ao trabalho offshore. Além disso, não contempla os petroleiros terceirizados, ou seja, a preocupação é seletiva já que a escala não seria estendida na proporção 1/1,5. Outro grande ataque é o não cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) como, por exemplo, a frequência e o pagamento de horas extras.

O resultado da assembleia demonstra na prática que o recado está dado. Se a empresa não cumprir a liminar, obtida pelo jurídico da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), para manter a atual escala de trabalho, ou não melhorar as condições nas plataformas os trabalhadores irão deflagrar greve sanitária e por descumprimento de ACT. E se mesmo assim os chefetes cismarem em enfiar “goela abaixo” dos petroleiros esse novo regime de trabalho a situação pode ficar bem ruim. Um belo exemplo disso é o caso que ocorreu na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, durante a greve realizada no mês de fevereiro do ano passado. Em uma situação inédita, o Ministério Público do Trabalho de Santos pediu imediata prisão do gerente geral da unidade por cárcere privado de petroleiros que estavam em greve. Um oficial de Justiça, uma ordem de prisão e uma viatura da Polícia Civil foram necessários para que o gerente geral da refinaria finalmente, libertasse, um petroleiro mantido em cárcere privado por 254 horas. A história pode se repetir, se caso, a UN-BS cismar em ignorar a decisão da justiça.

Confirmando o DNA de luta da categoria petroleira do Litoral Paulista ninguém vai “arredar o pé” se precisar deixar as plataformas nas mãos dos grupos de contingência.