Mais três petroleiros das bases do Litoral Paulista morrem vítimas da Covid-19

Triste realidade

Mais um dia de luto e tristeza no Sistema Petrobrás. Dois trabalhadores do Edisa Valongo morreram vítimas da Covid-19. Ricardo Cristelliera, que era gerente setorial de poços e atendia as intervenções da Baixada Santista, morreu aos 44 anos, após duas semanas entubado. Everaldo era Engenheiro de Manutenção e dava suporte para a P-66. O técnico de manutenção da plataforma de Merluza, Renato Soares, morreu na madrugada desta sexta-feira (04) aos 58 anos, após um período também entubado.

Os três são vítimas do atraso na vacinação fornecida pelo governo Bolsonaro e da inércia da atual gestão da empresa se situar como atividade essencial. Os gestores só utilizam esse título quando são deflagrados movimentos grevistas e assim buscam junto à justiça barrar a luta da força de trabalho, caso contrário, não se importam em conseguir a imunização de todos os que laboram nas bases operacionais de terra e mar.

Desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a pandemia, em março de 2020, no total são somadas 7 mortes nas bases do Litoral Paulista. Na Petrobrás, segundo dados do Boletim 59 de Monitoramento COVID-19 do Ministério de Minas e Energia, emitido em 31 de maio, saltou de 33 para 39 óbitos na empresa em apenas uma semana, sendo 25 em situação de teletrabalho, 13 em presencial e 1 estava em férias. Ainda segundo o informe, existem atualmente 224 trabalhadores confirmados e em quarentena, 47 hospitalizados, 6.690 recuperados, totalizando 6.961 casos.

Esses números podem aumentar já que o novo presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna, alinhado à necropolítica de Jair Bolsonaro quer retomar, de forma gradativa, o retorno ao trabalho presencial dos trabalhadores que atualmente estão em homeoffice. Segundo o informe da empresa, o retorno será escalonado, com volta à atuação presencial de gerentes executivos, em julho; gerentes gerais, em agosto, e demais empregados em funções administrativas, em etapas, a partir de outubro, sem nenhuma preocupação com a proteção geral das pessoas, que faz com que haja uma negligência em relação aos trabalhadores. Isso é um tremendo despautério já que o número de mortes no país vem aumentando de maneira exponencial. Além disso, há rumores de uma terceira onda da doença e a chegada de uma cepa ainda mais letal que veio da Índia.

Infelizmente esses números sobem toda semana e eles seriam ainda maiores porque não são contabilizados os índices de contaminação entre os trabalhadores terceirizados já que a empresa parou de divulgar os dados no ano passado.

A atual gestão da Petrobrás tem primado em tomar medidas ineficazes e tardias como forma de prevenção a propagação do coronavíus nas unidades de terra e mar. Haja vista os surtos constantes de Covid-19 nas plataformas offshore e que são prontamente “mascarados” pela gestão da UN-BS. O teste RT-PCR, que detecta o vírus, só começou a ser aplicado pela Petrobrás, muito limitadamente, e sem a devida efetividade, em 30 de março.

Um grande exemplo desse descaso é a morte do companheiro Antônio Carcavalli que veio a falecer no dia 30 de maio do ano passado por complicações da Covid-19.

Carcavalli era um membro do grupo 5 que apresentou sintomas característicos da Covid-19 após os gestores da unidade suspenderam o afastamento de um trabalhador que aguardava o resultado do teste para Covid-19.

A atual gestão no comando da empresa segue com a rotina de trabalho como se não houvesse vírus, ou, o que é pior, negando seu poder letal. A responsabilidade pela vida desses trabalhadores é da Petrobrás, que ao ignorar as recomendações de manter apenas os serviços essenciais, POB baixo, negligenciar nas medidas de segurança também dos trabalhadores terceirizados e não ser rigorosa nas testagens dos trabalhadores embarcados, expõe todos os seus empregados.

O Brasil passou Itália e Bélgica e se tornou o 9º país com mais mortes por Covid por milhão de habitantes no mundo. Um dado lamentável!  O Brasil também é o 2º país com mais afetado do mundo, com mais de 461 mil mortes por Covid-19, atrás apenas dos EUA, que tem 594 mil óbitos e é o 17º no ranking proporcional.

Os gestores da empresa, sob a lógica do lucro a qualquer custo, têm perpetuado a política negacionista e genocida do atual governo Bolsonaro. Os seguidos alertas da categoria e sindicato para que a empresa adote medidas efetivas no combate à doença seguem ignorados. Os gestores sujam as mãos de sangue.

P-70
A negligência nas plataformas offshore abrangida pelo Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista vem causando sucessivos surtos de Covid-19 entre os trabalhadores. Os exemplos não são poucos, mas todos são prontamente rechaçados pela atual gestão da Petrobrás.  Dessa vez, os trabalhadores da P-70, localizada na Bacia de Santos, estão tendo que lidar com a política genocida e negacionista dos gestores da Petrobrás que cismam em repetir o “beabá” da cartilha do governo Bolsonaro - o lucro acima da vida e ignoram novos casos de contaminação na unidade. Em três semanas, seis trabalhadores testaram positivo e até o momento nada foi feito para que isso não se torne um novo surto. A unidade já entrou em lockdown no mês de dezembro do ano passado. A situação da P-70 era tão grave que o POB de 150 foi reduzido para 100 tripulantes. Além disso, a força de trabalho também teve que lidar com um surto de Doença Transmitida por Água e/ou Alimento (DTA) no último mês de abril.

A responsabilidade pela vida desses trabalhadores é da Petrobrás, que ao ignorar as recomendações de manter apenas os serviços essenciais, negligenciar nas medidas de segurança também dos trabalhadores terceirizados e não ser rigorosa nas testagens dos trabalhadores embarcados, expõe todos os seus empregados.

Um verdadeiro crime contra a vida humana em nome de um lucro desenfreado. O Sindipetro está acompanhando o caso de perto e buscando orientar a força de trabalho da melhor forma possível.

Ricardo Cristelliera, Everaldo e Renato Soares presentes!