Transpetro permite que gerência use rede social para assediar e cobrar tarefas dos trabalhadores

É absurdo atrás de absurdo!

Tem gerência no Terminal Almirante Barroso (Tebar), em São Sebastião, que arrumou uma nova forma de intimidar e pressionar os trabalhadores. A modalidade é criar grupos WhatsApp que incluem petroleiros que estão em home office e em trabalho presencial. As tarefas são distribuídas no grupo e as cobranças dos prazos de realização também.

Quando ocorre algum atraso ou alguma mudança de prioridade na realização das tarefas, os empregados responsáveis são cobrados também perante todos, incluindo nessas cobranças públicas textos escritos em caixa alta com utilização de interjeições como, por exemplo, a exclamação. Para piorar, as cobranças também são feitas com emojis que indicam uma pessoa pronunciando palavrões e outros que representam sentimentos como raiva. Enfim, esse relato demonstra que as relações de assédio entre empregador e empregado já extrapolaram o contato presencial e as ferramentas usuais da empresa.

A coisa não para por aí. Alguns petroleiros possuem telefone/chip fornecidos pela empresa, mas a grande maioria usa telefone/chip particular. Essa prática acontece, inclusive, em horários fora da jornada de trabalho e isso inclui a exigência de que o trabalhador fique atento às convocações fora do expediente, como se estivesse em regime de sobreaviso. A prática de assédio moral está se aperfeiçoando a cada dia ao invés de regredir.

Diante de tantas arbitrariedades, a Diretoria do Sindipetro-LP apresentou, em reunião com os gestores da Transpetro, essa péssima forma de utilização da rede social WhatsApp como ferramenta de cobrança de tarefas e assédio.

A atual gestão da subsidiária alegou que não usa a rede social como ferramenta corporativa de trabalho para distribuição de tarefas, visto que já possui meios suficientes para esse fim, mas esclareceu ser comum as pessoas se comunicarem através das redes sociais. Os gestores ainda afirmaram que os trabalhadores não são obrigados a entrar em grupos de WhatsApp criados por gestores e destacaram que estes também não podem utilizar a ferramenta para cobrar publicamente tarefas e muito menos “dar esporro”, pois as relações profissionais devem seguir o Código de Conduta da Petrobrás. Os representantes da Transpetro se comprometeram a averiguar as denúncias feitas pelo Sindipetro-LP e ainda fazer um comunicado sobre a conduta laboral ideal perante as redes sociais.

A diretoria do Sindicato aguardará a adequação imediata da gerência que está utilizando o WhatsApp como ferramenta para atormentar e causar mais estresse nos trabalhadores que estão sendo assediados. Isso tem que acontecer antes que tudo se torne um problema generalizado de difícil solução com criação de passivos trabalhistas.

O Sindipetro orienta os trabalhadores e trabalhadoras a denunciarem quaisquer investidas de chefes no sentido de ordenarem que telefones particulares sejam usados em grupos de WhatsApp de trabalho e que também comuniquem se receberam tarefas fora do horário de expediente. Além disso, o Sindicato salienta que os empregados não aceitem assédio individual ou perante outros colegas em qualquer rede social. Toda e qualquer manifestação de assédio, praticada pelo WhatsApp é de fácil comprovação, visto que fica registrado no celular do trabalhador. Nessa situação vale aquela máxima: contra fatos não há argumentos.