Em reunião, Transpetro nega problemas: Sindicato avisa que gestores serão responsabilizados em caso de acidentes

Está tudo sob controle”, eles dizem

Em reunião com os representantes da Transpetro, realizado na segunda-feira (21) o Sindipetro-LP apresentou um quadro preocupante no Terminal almirante Barroso (Tebar), que destaca os riscos ambientais, que coloca os equipamentos, as pessoas e o meio ambiente em perigo.

Nos últimos anos muitos equipamentos têm sido deixados sistematicamente sem a manutenção adequada, prova disso foram os dois últimos vazamentos de petróleo/derivados no Píer do Tebar, ocorridos no segundo trimestre de 2021.  

O sindicato tem denunciado que as recomendações de inspeção não estão sendo cumpridas em seus prazos, inclusive em vários casos, os Relatórios de Inspeção (RIs), vencidos ou a vencer, são transformados em notas de manutenção, mas que também não têm suas recomendações de manutenção realizadas, como é o caso da linha número 13, que vazou duas vezes em locais diferentes em 2021.

No caso específico envolvendo a linha 13, o equipamento vazou em dois locais diferentes sobre o canal de São Sebastião, até que finalmente a linha foi inativada.

A empresa alegou que os equipamentos em risco aguardando manutenção são retirados de operação por recomendação da própria equipe de inspeção, e que no caso da linha 13 houve uma falha pontual por causa da água de formação nela contida, mas que já está fora de operação até a substituição dos trechos mais corroídos.

Também foi verificado pelo sindicato que há vários tetos flutuantes de tanques que estão furados e com água de chuva em seus compartimentos, o que acarreta seus adernamentos, além de trincas nas estruturas.

Outro problema encontrado é a demora na compra de materiais, o que deixou o terminal com poucos mangotes ultimamente, e isso pode impactar no tempo de permanência de navios nos píeres. O sistema atual de aquisição de materiais, muito burocratizado e com pouca autonomia local, talvez esteja contribuindo para essa demora. Sobre esse ponto, a gerência do terminal informou que novos mangotes estão em processo de aquisição por meio de requisição de compra.

Mesmo com os incidentes relatados pelo sindicato, para a empresa, os indicadores de integridade e segurança estão muito bons e afirmam ainda que esses tiveram uma melhora de 60% nos últimos tempos.

A Transpetro informou que não há falta de dinheiro para realizar os serviços de manutenção listados nos RIs, e que apenas o aumento no preço do aço tem impactado alguns contratos, mas tudo está sendo resolvido. Segundo a empresa, há contratos com diversas empresas interpostas, desde pintura até reforma de tanques, que realizam os serviços de manutenção, mas que dependendo do equipamento é necessário a participação da área de investimentos da Petrobrás.

Os representantes da empresa também disseram que as equipes de gestão de integridade e de inspeção do terminal são órgãos técnicos, que dão suporte qualificado para a gestão tomar as decisões. De acordo com a empresa, a própria diretoria ligada aos terminais acompanha de perto os prazos das Recomendações de Inspeção, e semanalmente o terminal faz reuniões para acompanhar tais prazos.

A gestão do terminal afirma que está tudo sob controle e que as decisões são tomadas com fundamentos técnicos e legais.

Se não é falta de dinheiro, de quem é a culpa dos problemas relatados?
Na verdade, pode até não faltar dinheiro, mas da maneira que a manutenção é gerida é como se faltasse. Um exemplo disso é a cobertura de policarbonato na entrada do Terminal, instalada há anos, que é destruída por qualquer vento forte, pois nunca é substituída, mas sempre remendada.

Além das pautas discutidas nessa reunião, outras do mesmo gênero, principalmente as que foram aprovadas nas assembleias realizadas no Tebar no primeiro trimestre de 2021, uma a uma, serão encaminhadas à gerência do terminal e ao RH por meio de ofício, para tratativas em reunião, como forma de demonstração de boa-fé objetiva, antes de o Sindipetro-LP adotar outras medidas, caso não haja soluções adequadas.

Para o sindicato, os indícios de falta de cuidado demonstram que estamos na iminência de um acidente de grandes proporções, muito preocupante pela localização do Tebar, que “abraça” toda região central do Município de São Sebastião e tem um píer com milhares de metros de tubulações sobre o mar, no canal entre Ilhabela e São Sebastião.

Diante das afirmações da empresa de que tudo está sob controle, mesmo com todos os problemas relatados, o Sindipetro-LP pontuou ao final da reunião que não vai permitir que a Transpetro coloque a culpa nos trabalhadores caso um acidente de proporções ambientais ocorra, uma vez que nos casos de crimes ambientais a empresa e seus gestores respondem penalmente e por esse motivo tentam empurrar sua culpa no colo dos trabalhadores do chão de fábrica.

Estamos atentos e mobilizados!