Por economia, gestão de RH da UN-BS coloca força de trabalho e plataformas em perigo

Passagem de serviço

A gerência de RH da UN-BS determinou uma ordem expressa exigindo que os trabalhadores gastem apenas 10 minutos na passagem de serviço. A “nova lei” tem por objetivo cortar custos operacionais fixos, de modo a possibilitar a maximização dos lucros financeiros da atual gestão da empresa e dos acionistas.

O Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da categoria estabelece na cláusula 14 que “A Companhia efetuará o pagamento do tempo efetivamente dispendido nas trocas de turnos aos empregados cujas atividades exigem a passagem obrigatória de serviço, de um turno a outro, quando esta ultrapassar o limite de 10 (dez) minutos diários, considerando o início (entrada) e o término (saída) da jornada”. Diante disso, a gestão da UN-BS cortou o pagamento do que  excede esse limite.

O que essa chefia esquece é que a passagem de serviço não deve ser feita às pressas porque pode gerar graves acidentes colocando a vida da força de trabalho e principalmente das plataformas em risco. Prova disso, é o acidente na plataforma Piper Alpha, situada na Escócia, que ocorreu em 6 de julho de 1988 e matou 167 pessoas. O acidente é o pior desastre petrolífero marítimo no que diz respeito a vidas perdidas e impacto na indústria.

O que se sabe é que um dos motivos que culminaram nessa tragédia é que na passagem de turno e comunicações a situação do trabalho na bomba, que causou a tragédia, foi abordada. Além disso, nenhuma menção sobre o trabalho na válvula de alívio de uma das bombas de condensado que foi retirada para manutenção e a linha foi raqueteada sem o conhecimento dos operadores daquele turno. Os problemas persistentes com a comunicação entre os turnos de trabalho e com os registros eram de conhecimento da força de trabalho.

Para que isso não se repita é importante que o trabalho de passagem de turno e de serviço seja realizado de maneira minuciosa e sem pressa. Ao determinar o período de 10 minutos, os gestores da empresa abrem precedentes para que o serviço seja conduzido superficialmente e por muitas vezes sem a documentação do estado de todos os equipamentos em seus registros e a situação de todos os trabalhos. Um tremendo absurdo! O conhecimento das ordens de serviço em andamento é crucial para o andamento do processo produtivo e para a segurança da unidade offshore.

Essa conduta de seguir à risca a cartilha da direção da Petrobrás, que não mede esforços em precarizar as condições de trabalho dos petroleiros e o lucro acima da vida, pode culminar em uma tragédia igual ou pior a de Piper Alpha.

Com informações da Wikipédia, inspecaoequipto.blogspot.com e aiche.org