Vazamentos no Terminal da Alemoa comprovam que a luta por segurança é legitima e deve ser perpetuada

Sucateamento

Nos últimos dois meses ocorreram dois vazamentos nos braços de carregamento de navios (vazamento de óleo hidráulico em um dos eventos e diesel no outro evento) no Terminal da Alemoa, em Santos.  No mês de setembro houve um vazamento na linha de 24 polegadas que fornece óleo combustível para navios e dois vazamentos de GLP em linhas que abastecem os Flashs A e C. 
Além disso, em um episódio recente, a linha de combate a incêndio ficou despressurizada por vários dias, contrariando o procedimento PE-5TP-00119-F SISTEMAS DE EMERGÊNCIA - TA SANTOS. Esse procedimento determina que a linha de incêndio esteja pressurizada com 7,0 kgf/cm2  e com água doce. A manutenção dessa pressão é realizada por duas bombas “jockey”, sendo que apenas uma está operacional.

O procedimento PE-5TP-00119-F ainda cita um automatismo que não está disponível, por conta das limitações de pressão de operação da tubulação de incêndio. Sendo assim, as bombas de combate a incêndio só podem ser ligadas após a abertura de uma válvula manual que se encontra na descarga das bombas e  sem a abertura dessa válvula manual (que deve ser operada por um operador do píer), coloca-se em risco a integridade da tubulação de combate a incêndio, devido às altas pressões estabelecidas pelas bombas.

Nem mesmo episódios como esses impediram que o gerente do terminal  e o gerente de operações  decidissem, de forma arbitrária e unilateral, pela redução do quadro de operadores, retirando o operador responsável pelo carregamento de barcaças. Esse carregamento, que acontece 24 horas por dia, movimenta em torno de 180 mil toneladas de bunker por mês.

A retirada do operador do píer de barcaças contraria  a norma 2671 da empresa, que em seu item 5.4.15 traz o seguinte texto: “O operador do terminal designado para acompanhar a operação deve permanecer no píer durante todo o carregamento.”. Com a “canetada” da gerência,  o operador dos píeres de navios fica responsável também pelo carregamento das barcaças, gerando sobrecarga de trabalho e, obviamente, não podendo acompanhar a operação de carregamento das barcaças de forma dedicada.

A operação não pode garantir a segurança operacional com o quadro reduzido, principalmente em um terminal em que os equipamentos estão em severo estado de degradação. 

Para piorar a situação, o terminal passa por uma drástica mudança no perfil do quadro operacional. Os operadores cedidos pela Petrobrás estão deixando a unidade e muitos trabalhadores de outras bases passaram a compor os grupos de turno. Muitos deles laboravam em outras funções não operacionais e através do Plano de Cargos e Remuneração (PCR) acabaram sendo alavancados para a área operacional e tiveram que assumir os novos postos de trabalho às pressas e sem tempo hábil de instrução.

A gestão da unidade deveria se preocupar em fornecer  treinamento adequado à força de trabalho e estabelecer quem são os brigadistas que compõem as brigadas de emergência. Afora isso, também deveriam informar quando foram realizados os últimos treinamentos desses profissionais.

Por tudo isso, a greve que ocorreu durante 16 dias no terminal foi mais do que legitima porque  os petroleiros lutavam por segurança e aumento de efetivo. O movimento acabou, mas o embate continua já que sabemos que a qualquer momento a alta cúpula da empresa pode recuar.