Petroleiros fazem atraso contra calote e privatização da Petrobrás e em apoio à greve dos caminheiros

Em Cubatão


Os petroleiros da refinaria Presidente Bernardes de Cubatão  (RPBC) realizaram, na manhã desta segunda-feira (08), um ato nas portarias 1 e 10, com próprios e terceirizados. O ato recebeu o apoio dos sindicatos de Metalúrgicos, da Construção Civil, Sintrajus, Assojubs e Comissão dos Desempregados.

Em pauta, a mobilização foi em solidariedade aos trabalhadores da Método Potencial Engenharia, empresa que está com diversos problemas de atrasos nos pagamentos no sistema Petrobrás e agora anunciou a  demissão de 150 funcionários. Os trabalhadores e sindicato querem que a Petrobrás garanta a recontratação desses trabalhadores, prejudicados pela quebra de contrato, pela empresa que assumirá os serviços parados.

A terceirização no sistema Petrobrás virou terra sem lei. Em todas as unidades existem denúncias de inúmeras irregularidades e calotes. No Litoral Paulista, não há uma unidade de terra ou mar que não existam problemas semelhantes.

Com esta ruptura já são contabilizadas mais de cinco empresas, neste ano, que apresentam problemas e causam danos aos trabalhadores da Baixada Santista. A Benge, Mérito, All Control e G&E deixaram um rastro de calotes por falta de responsabilidade do Setor de Suprimentos e Serviços (SBS) da Petrobrás, que é responsável pelas licitações e contratações, da atual gestão do Sistema Petrobrás.

O Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista tem denunciado sistematicamente a política de contratação da Petrobrás. O Sindipetro é contrário à terceirização dos serviços da empresa e defende a abertura de concursos, mas entende que os trabalhadores das gatas não devem ser responsabilizados pela má gestão da empresa.

Nosso entendimento é de que todos esses problemas são única e exclusivamente de responsabilidade dos gestores da Petrobrás que só visa pegar o menor valor nas licitações sem se preocupar com o histórico da conduta da empresa contratada. A Administração da Petrobrás prefere o lucro a qualquer custo, do que prezar pela manutenção dos empregos e dignidade dos trabalhadores contratados pelas empreiteiras.

Mais pautas

O ato também foi feito em solidariedade a greve dos caminhoneiros que além das suas reivindicações, estão discutindo a Política de Paridade de Importação, que é formado pelas cotações internacionais do GLP, gasolina e diesel mais os custos que importadores teriam, por exemplo, como transporte e taxas portuárias, que vem acertando em cheio o bolso dos brasileiros. Essa política não leva em consideração nem os custos reais de produção, nem o mercado doméstico, e sim o que acontece nos mercados internacionais.  Vender a gasolina a um preço justo no Brasil é possível e depende, principalmente, da mudança na política de precificação da Petrobrás. Um estudo realizado pelo Observatório Social da Petrobrás junto com a campanha “Preço Justo Já!”, demonstra que é viável comercializar o litro da gasolina a R$ 3,60, um valor bem abaixo do praticado hoje no mercado nacional. Esse novo valor traria benefícios à população, que tem sofrido com os reajustes sucessivos da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, sem colocar em risco a lucratividade da companhia, dos distribuidores e revendedores de combustível.  

A Petrobrás foi criada para atuar nas áreas de exploração e produção, transporte, refino, distribuição e revenda, mas com o processo avançado de privatização a empresa vem encolhendo sob o ilegítimo argumento diminuição da dívida da empresa.

Além disso, a luta também foi contra a ameaça de privatização da Petrobrás recém-alardeada pelo atual mandatário do país. Jair Bolsonaro tentou manobrar a situação alegando que a alta dos combustíveis e o aumento do valor do gás de cozinha eram culpa do ICMS dos estados, mas a dolarização dos produtos veio à tona. Diante disso, resolveu atacar a empresa para se “livrar de um problema” como vem afirmando nas aparições públicas já que a população vem cobrando um posicionamento. O desmonte do Sistema Petrobrás é uma realidade. No terceiro trimestre desse ano, foram captados 1,7 bilhão com a venda de ativos e mais da metade eram na área de refino. A situação é grave. Segundo dados do Observatório Social da Petrobrás, entre janeiro de 2015 e o final do mês passado foram “rifados” R$ 239 bilhões com plano de desinvestimento. Com a senha privatista da dupla Guedes e Bolsonaro a situação tende a se agravar e a economia do país pode se tornar refém do capital estrangeiro e da iniciativa privada afastando de vez a possibilidade de preços justos nos postos de combustíveis e revendedoras de gás.