Diretoria do Sindipetro-LP se reúne com SMS da Petrobrás e ponto alto da discussão é o curso para cipeiros

Negociação

A Diretoria do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista esteve reunida nesta terça-feira (14) com os representantes de SMS da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, para tratar de demandas que ficaram pendentes da última reunião e novos problemas.

O ponto alto da discussão é impasse diante do curso para os novos cipistas. O Sindipetro reivindica que seja hibrido (via videoconferência) ou totalmente presencial, mas a gestão da unidade alega que após conversar com os coordenadores de turno (coturs) e supervisores, todos acreditam que os trabalhadores têm condições de fazer no formato Ensino à Distância (EAD) durante a jornada de trabalho. A sugestão deles é de que o ensino seria feito no local de trabalho e que os petroleiros estariam isentos das suas atividades laborais a exceção de uma emergência. Segundo os gestores, a decisão é pautada na NR-5 que ainda será implementada em 3 de janeiro de 2022.

Essa ideia “cai por terra” já que na CCI, por exemplo, não há condição de cumprir o que preconiza a NR-1 sobre ensino à distância que envolve a questão da dedicação integral e da atenção necessária para haver absorção de conhecimento. Nessa unidade não tem como acompanhar as aulas junto às atividades diárias dos empregados.  

Os dirigentes do Sindicato afirmam que nesse momento ainda vigora o anexo 1.6 da NR-1 que estipula “O empregador deve promover capacitação e treinamento dos trabalhadores em conformidade com o disposto nas NR” e que “o treinamento inicial deve ocorrer antes de o trabalhador iniciar suas funções ou conforme o prazo especificado em NR”. Além disso, destaca que a nova NR-5 prevê o ensino a distância, mas que não extingue o curso presencial de maneira nenhuma. O Sindicato salientou que está tentando encontrar um denominador comum já tem um mês e que esse impasse tem que ser resolvido logo já que o treinamento inicial deve ocorrer antes de o trabalhador iniciar suas funções na cipa ou consoante o prazo especificado em NR.

Os membros da gestão da cipa é de comum acordo que o formato presencial ou por  videoconferência, desde que todos participem juntos, mantém a qualidade da capacitação e interação entre os cipistas já que nem todos se conhecem principalmente os que foram indicados.  É de suma importância ter envolvimento,  interação e inclusive contar com a presença de um instrutor para sanar dúvidas que surgirem ao longo das aulas.  Na cipa tem que ter interação multidisciplinar entre os participantes para haver troca de ideias e visões  já que há trabalhadores de todas as áreas como, por exemplo, do administrativo, operação e manutenção.

O Sindipetro salientou que ano que vem pode colocar em pauta novamente os novos critérios da NR-5, mas que nesse momento não irá aceitar já que o intuito é qualificar cipeiros de uma refinaria de petróleo que envolve vários riscos no campo da saúde e da segurança. Ainda enfatiza que toda essa preocupação converge com a mesma conduta da empresa em não querer adoecimento, acidentes e vítimas na unidade. O que ficou claro durante a reunião que o problema não é falta de verba para conduzir a capacitação, mas sim falta de boa vontade. Na Refinaria Henrique Lage (Revap) os cipeiros participaram do curso através do Microsoft Teams e a ferramenta funcionou perfeitamente. Os representantes do Sindipetro sugeriram que o mesmo fosse feito na RPBC.

O Sindipetro aguarda uma reposta que contemple as reivindicações desses petroleiros e lembrou que a cipa ainda é soberana e que obter uma boa carga horária por videoconferência com interação de todos é a melhor saída.

Laboratório
A situação do laboratório é um problema antigo e recorrente que entra e sai chefia na unidade e nada é resolvido. A questão da climatização é alvo de crítica constante por parte dos trabalhadores. O assunto é tão recorrente que vem desde 2005 sendo pauta de reuniões com a empresa, mas ao que tudo indica será mais um verão insuportável tanto em relação à temperatura quanto ao barulho produzido pelo ar condicionado. O Sindipetro já fez denúncia junto ao MPT o que resultou em uma TAC que culminou em uma promessa de construção de um novo laboratório encerrada em 2012 com o fim do projeto.

O ruído do aparelho está  acima do tolerável no ambiente e desrespeita a norma regulamentadora que trata sobre ergonomia. A NR 17 prevê no item 17.8.4 “nos locais de trabalho em ambientes internos onde são executadas atividades que exijam manutenção da solicitação intelectual e atenção constantes, devem ser adotadas medidas de conforto acústico e de conforto térmico, conforme disposto nos subitens seguintes”. No laboratório não há o cumprimento dessa norma já que o equipamento que serve para climatizar o ambiente esta nas salas de análises e tem que estar em uma sala específica. Além disso, ele não consegue manter a temperatura no local. No último verão teve sala que ficou que chegou a 28 °C. Além do desconforto térmico há a questão de prejudicar as análises o que gera certificados duvidosos. A situação é tão ruim que a gestão do local suspende a análise de gasolina porque com o calor  começa a vaporização do combustível.

O Sindicato reivindica, mais uma vez,  um aparelho que não seja ruidoso e comporte temperatura externa e perda de clima e enfatiza que foi uma decisão gerencial abandonar a construção do laboratório, mas não abandonar os problemas que ocorrem no local.

A questão da drenagem no laboratório foi também discutida. Os gestores do SMS justificaram que a obra está parada por problemas com a empresa Método Potencial, velha conhecida do Sindicato, que encerrou as atividades na refinaria e graças a isso, a obra está paralisada. Uma nova empresa chamada Actemium, sendo de origem francesa e atua no ramo de engenharia,  foi contratada para prosseguir com a reforma. A projeção que a retomada da obra aconteça em um mês e a finalização no mês de março.

Em relação ao entupimento dos banheiros o SMS alegou que não tem informação se é algo crônico  ou se é um problema estrutural  e que a equipe do compartilhado pode ir sanando. A emanação de benzeno é outro problema antigo e vem afetando  vários trabalhadores. Muitos deles têm apresentado alterações nos exames periódicos. Em 2018 o Sindicato emitiu um relatório detalhado sobre essa questão que acabou virando  uma ação civil pública.

UGAV
O problema de quadro reduzido na UGAV  vem colocando a unidade e a comunidade em torno em perigo. As tarefas dos operadores da UGAV são complexas e perigosas, mas com a redução do quadro e com a imposição de corte nas horas extras tem gerente operando a sala de controle sem a menor qualificação, conhecimento das malhas de controle  e treinamento para isso. E mesmo que um trabalhador fosse para a sala de controle os petroleiros na área não conseguiriam suprir a demanda. O que está previsto no estudo de O&M não está sendo cumprido no local. A situação não para por aí. As válvulas coester que deveriam ser automatizadas e que servem para abrir e fechar a alimentação e esferas da UGAV não funcionam por falta de manutenção por isso, não são fechadas à distância. Devido à automação foi retirado um operador do local, mas  a realidade é bem diferente.

A boa e velha economia impera mesmo que todos saibam que o risco potencial dessa unidade é gigantesco já que o acionamento emergencial não esta operando. A automação dessas válvulas evita um sinistro muito grande.

Para se ter ideia da gravidade dessa economia, em 8 de junho de 2016 ocorreu um vazamento no parque de esferas da área sul. Por falta de acionamento, um  operador entrou no meio da nuvem de GLP arriscou a própria vida para poder fechar a válvula manualmente para poder salvar a comunidade no entorno. O vazamento sequencia de falhas e uma delas foi a válvula de da esfera alinhada, mas não estava operando a distância.

A metodologia da empresa em maximizar os lucros em detrimento da vida tem que parar. A atual gestão da empresa está ganhando muito dinheiro. Haja vista os poupudos pagamentos aos acionistas que passaram a ser trimestrais. O alto escalão da Petrobrás e das unidades têm que  parar de precarizar a operação. A coisa virou um verdadeiro “vale tudo” para conter hora extra e sabemos que só vai para quando acontecer um incidente igual ao da Ultracargo ou coisa pior.  O  setor financeiro da Petrobrás tem que ter limite e para de economizar em segurança operacional.  Os representantes do SMS se comprometerem a averiguar a situação e buscar solução.

Tanques
O último tema da pauta foi o incidente com o tanque P 115 A na Aroe que apresenta furo no teto. A TE está ciente do problema e tem Aro em relação a esse tanque. Os dirigentes do Sindipetro esboçaram preocupação porque o problema maior está no tanque P 2007 que fica próximo ao P 115 A. A verdade é que os dois problemas têm que ser sanados, mas o 2007 apresenta uma necessidade de atenção maior.

O P 2007 é um de nafta de coque que apresenta hidrocarbonetos mais leves que são GLP e na fase líquida a nafta. Existem compostos leves entre o GLP e a nafta que segundo o corte ele vai agregar compostos com o GLP ou a nafta. O que vem acontecendo por problemas na UFCC ou no Coque 2 é que essa nafta de coque está chegando incorporada a esses compostos mais leves. Essa mistura chega ao tanque 2007 que não funciona de maneira hermética. Essa sobrepressão que deságua da nafta acaba expandindo ali. A noite toda a parte norte da refinaria fica impregnada quando o coque está produzindo nafta nessa condição incorporando GLP o que acaba atingindo as unidades industriais ficam impregnadas já que  o vento bate do continente para o mar. Graças a isso, na semana passada detectores alarmaram na HDT e HDS junto ao pessoal da CCL2.

O problema foi tão grande que teve evacuação da CCL 18 e da CCL 2. O pessoal não está conseguindo mapear o problema, mas graças a uma medicação da temperatura que esse produto chega ao tanque foi detectado que toda vez que tem essa emanação na área com a temperatura mais baixa ela vai arrastando compostos mais leves, ou seja, vão sair no tanque de armazenagem.

O Sindicato solicitou que seja conversado com o pessoal do coque sobre procedimentos de corte da nafta que não pode agregar leves porque o tanque P 2007 que recebe esse produto não está projetado para segurar essa pressão e acaba aliviando para a atmosfera os gases. Por isso, que a noite fica um cheio horrível no local e com certeza na comunidade em torno da refinaria. Os dirigentes ainda alertam que se o problema ocorresse durante o dia já teria sido sanado.

A gestão do SMS disse ter conhecimento desse problema nos tanques e se comprometeu a agendar nova reunião para trazer a solução de todas as demandas apresentadas.