Com a categoria em luta por direitos e contra a privatização, Sindipetro-LP comemora 63 anos de fundação

19 de dezembro

Novamente, a categoria é forçada a celebrar o aniversário de fundação da sede do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista em meio a muita luta. O ano de 2021 foi um dos mais difíceis para o trabalhador de forma geral. Os petroleiros sofreram duros ataques por parte da atual gestão da empresa como retirada de direitos e falta de uma política efetiva frente ao combate a propagação da Covid-19 nas unidades de terra e mar. Além disso, tem o fechamento das unidades em função do processo desenfreado de privatização de todo o Sistema Petrobrás orquestrado pela dupla Guedes e Bolsonaro e a política de paridade de importação que está colocando a empresa na berlinda.  

A história do Sindipetro-LP se confunde com a história do sindicalismo no pais e a partir daí virou referência nacional.

No dia 19 de dezembro de 1958 os petroleiros de Cubatão fundaram a entidade que passaria a representar a categoria frente à companhia, que por diversos anos funcionou com a orientação de técnicos norte-americanos. Na verdade era uma espécie de associação de trabalhadores da RPBC, que depois veio a se transformar no Sindicato dos Petroleiros de Cubatão.

Uma das primeiras lutas do sindicato iniciou-se em 1961, com a denúncia das condições de insalubridade e fadiga a que estavam submetidos os operadores de turno da refinaria. Segundo um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OTI), as condições de trabalho existentes nas refinarias brasileiras eram responsáveis pela redução de 10% na expectativa de vida dos empregados. A única forma de recuperar a qualidade de vida da categoria era brigar pela diminuição da jornada de turno. Com esse objetivo a entidade ingressou com processo no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e conseguiu que a Justiça determinasse a redução do turno de oito para seis horas.

A luta não parou por aí e nos anos de chumbo a sede do Sindipetro, foi invadida e saqueada pela polícia. Ao mesmo tempo, a diretoria eleita pelos trabalhadores, é substituída por um interventor. Ocorreram demissões sumárias, prisões em massa, fugas e perseguições.

A greve de 32 dias que os petroleiros fizeram entre maio e junho de 1995 foi a mais longa da história do sindicalismo brasileiro. A categoria fez história diante da face autoritária e conservadora do governo Fernando Henrique Cardoso.

Em 2011 foi a vez dos trabalhadores da UO-BS. A luta que durou 23 dias e foi encabeçada pelos petroleiros da Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato (UTGCA), em Caraguatatuba, ganhou adesão dos embarcados das plataformas de Mexilhão e Merluza. Na UTGCA a briga era por condições seguras de trabalho, aumento do efetivo do quadro mínimo de operadores e da mudança de regime de trabalho para os técnicos de manutenção para sobreaviso, cumprimento das NRs (Normas Regulamentadoras) e brigada de incêndio. Nas plataformas a luta foi pelo Dia do Embarque e Desembarque e pagamento de horas extras em atraso.

Em 2015 a categoria petroleira protagonizou a maior greve, desde 95, diante de um cenário político e econômico parecido com o enfrentado naquele ano.

Com a crise instaurada após as denúncias de desvios de bilhões de reais na Petrobrás, investigada pela Polícia Federal na operação Lava Jato, a cúpula da companhia, liderada por Aldemir Bendine, presidente da Petrobrás à época, decidiu cobrar do trabalhador os erros cometidos por sua própria negligência.

Após uma proposta de acordo coletivo apresentada pela empresa que tirava direitos, atacava benefícios e que fazia parte do plano de desinvestimento do Conselho de Administração, os petroleiros não tiveram alternativa a não ser se mobilizar.

Como já é tradição, os petroleiros do Litoral Paulista tiveram papel importante nesta campanha. Graças à unidade dos petroleiros, reforçada a cada assembleia com adesão crescente dos trabalhadores, demonstramos a toda categoria que somente juntos poderíamos barrar o retrocesso imposto pela cúpula da companhia, empenhada em desmantelar esta grande empresa.

Nossas mobilizações, marcada pela prisão de dois diretores sindicais, inspirou outras bases, tornando-nos referência e norte nas lutas que se seguiram e que culminaram com a participação dos 17 Sindipetros, o que há muito não se via.

O ano de 2020 foi marcado por uma greve nacional. O movimento paredista, que durou 20 dias, foi considerado a maior greve petroleira depois de 1995. No total 21 mil petroleiros cruzaram os braços em 121 unidades do Sistema Petrobrás, divididos em 58 plataformas, 11 refinarias. 24 terminais, 8 campos terrestres, 8 termelétricas, 3 UTGs, 1 usina de biocombustível, 1 fábrica de fertilizantes, 1 fábrica de lubrificantes, 1 usina de processamento de xisto, 2 unidades industriais e 3 bases administrativas.

A luta não foi apenas no combate às demissões na Fafen-PR, mas principalmente pelo cumprimento do nosso acordo coletivo. Atrelado a isso, a categoria também se uniu a luta por preço justo para os combustíveis e gás de cozinha. A gestão da empresa tentou boicotar de todas as formas o movimento inclusive bloqueando, através da justiça, as contas bancárias do Sindicato e demitindo e punindo trabalhadores.  No total, cinco petroleiros da P-67 foram demitidos por exerceram o direito de greve na mobilização nacional e cinco da P-66 trabalhadores foram suspensos por 14 dias. O Departamento Jurídico do Sindipetro-LP conseguiu reverter as punições que foram aplicadas como retaliação ao movimento de greve e como forma de coibir manifestações futuras dos petroleiros.

Neste ano, os petroleiros do Terminal da Alemoa também cruzaram os braços. A greve da foi um grande momento para a categoria petroleira do Litoral Paulista. Foram 16 dias intensos de greve na porta da unidade, com adesão de próprios e terceirizados, contra a redução do efetivo e por segurança no terminal. A categoria exigia manutenção de 10 operadores e 1 supervisor por turno e uma brigada de incêndio definida e bem treinada. O movimento acabou, mas o embate continua.

O histórico de grandes embates é grande, mas a lição que fica é que os 63 anos do Sindipetro-LP reafirmam a entidade como uma referência de luta e tradição do movimento sindical brasileiro.