Até quando a Petrobrás vai descuidar de quem cuida doa força de trabalho em meio a pandemia?

Profissionais de enfermagem

Os profissionais de enfermagem a bordo das plataformas vem, desde o início da pandemia, sofrendo com jornadas extenuantes, além de terem seus trabalhos triplicados, com atendimentos que desde o início da pandemia dobraram, sem contar todo cuidado de proteção coletiva associada a isto (protocolos), e se não bastasse ainda toda burocracia que a gestão ainda exige (planilhas muitas vezes em duplicidade, inspeções etc).

Aliado a tudo isso, o atendimento do Resgate aeromédico também caiu de ruim para péssimo, pois a demora no atendimento, que algumas vezes leva um turno, horas ou mesmo um dia para darem um retorno às plataformas, e com central e telefones ocupados constantemente, impossibilitam o atendimento das demandas a bordo. Há ainda o péssimo atendimento por parte de alguns profissionais do Resgate aeromédico, que além da burocracia e duplicidade de comunicações e informações, que os enfermeiros de bordo precisam repassar, tornam o fluxo de comunicação extremamente dificultoso.

Desde o primeiro surto de Covid-19 a bordo nas plataformas da Baixada Santista, até o último dia de 2021, foram exatamente 16 meses e 16 surtos, o que comprovou que a estratégia da gestão da Petrobrás foi completamente falha.

Atualmente trabalhadores sintomáticos têm permanecido a bordo por até quatro dias, colocando não só a saúde e dos isolados em risco, mas trazendo também uma sobrecarga de trabalho aos profissionais da enfermagem e da hotelaria.

Há bastante tempo, o Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, através de seus diretores, vem sinalizando aos gestores da empresa não só o aumento das demandas, mas também a falta de profissionais para cobrir as quebras de escalas, sejam por férias ou outros motivos particulares.

Aliado a tudo isso, com o advento da pandemia da Covid-19, que sabidamente sobrecarregou ainda mais esses profissionais, que já vinham com demandas além do suportado por conta de fiscalizações de hotelaria e das rotinas diárias, tiveram também que começar a se adequar às tais normas técnicas, criadas pela EOR da Petrobrás, o que tornou ainda mais crítico todo o cenário a bordo das plataformas.

Falta ainda infraestrutura para acomodar tudo que as tais regras pedem, como camarotes de isolamento suficientes, regras de cartão de tripulação (CTS) e todos os outros adventos oriundos dos cuidados de prevenção e atendimento à legislação vigente. 

Diante do exposto, e sabendo que o mundo pós-pandemia exigirá que cuidados sanitários sejam perpetrados não só em nossas rotinas diárias, mas nos cuidados da saúde coletiva e também na saúde a bordo das plataformas, perguntamos: quando a gestão da Petrobrás começará a olhar mais de perto quem cuida, e planejará estratégias não só burocráticas, mas de cunho eficazmente profissional, para podermos ter pelo menos dois profissionais a bordo, sendo 1 enfermeiro(a) e 1 técnica(o) de enfermagem, para atendimentos das demandas de emergência e Saúde coletiva?