Master Food os trabalhadores; aqui não!

Da caixa de pandora das licitações de terceirizadas feitas pela Petrobrás, não param de sair arbítrios trabalhistas e dúvidas de como tais processos são feitos. O caso agora envolve a Master Food, empresa contratada para cuidar das cozinhas e refeitórios da RPBC.No dia 15 deste mês, dois funcionários foram demitidos pela Master Food. Um deles com 13 anos de empresa e outro com um ano, ambos receberam a garantia, do RH da terceirizada, de que no dia 23, uma sexta-feira, todos os direitos trabalhistas seriam pagos. Longe de suas funções na RPBC, os trabalhadores aguardaram o dinheiro procurando novos serviços.No dia determinado, os funcionários nem sentiram o cheio do dinheiro na boca do caixa. Ligaram para a Master Food e descobriram que foram enganados, mas desligaram o telefone com a garantia de que até às 18 horas do dia 26, segunda-feira, receberiam seus direitos. Até hoje, dia 30, nada.Para acertar, nem a homologação e a baixa na Carteira de Trabalho foram feitas. Aliás, esses processos a Master Food quer fazer na porta da RPBC, não no sindicato ou no Ministério do Trabalho, como exigido na CLT. O engraçado e trágico é que a empresa continua atuando na RPBC e nada foi feito.As irregularidades não param por aí. Os trabalhadores demitidos não receberam nenhuma justificativa para o desligamento e segundo informações preliminares o motivo apresentado foi redução de custos. Para acertar, os funcionários não receberam nenhuma garantia de recebimento dos vencimentos e a Master Food disse para eles procurarem seus direitos. Coisa de gentalha pouco procupada com a vida dos outros.Com as contas atrasadas, sem condições de outras oportunidades (a Carteira de Trabalho não recebeu baixa) e torturados psicologicamente, foram ao Ministério do Trabalho e denunciaram a empresa. No mais livre exercício da picaretagem, o dono da Master Food disse ao fiscal do Ministério que os dois funcionários ficam enchendo o saco" dos outros: o dinheiro já havia sido depositado.Mas a mentira foi desbaratada no ato: os trabalhadores tinham acabado de retirar extratos bancários e nada do dinheiro. A partir de agora, além dos direitos trabalhistas, o pinóquio da alimentação industrial terá de pagar também uma multa pelo atraso.Acabou? Não. Vários funcionários da empresa foram ao hospital, na garantia de serem atendidos sob o guarda-chuva do plano de saúde da Master Food. No final, tiveram que passar pelo SUS porque a empresa não pagou os convênios. A terceirizada deve para fornecedores, chaveiro e posto de combustível. Em dezembro, duas moças foram demitidas e até agora não receberam os 40% do Fundo de Garantia. Uma montanha de irregularidades e absurdos para sustentar a boa vida do dono da empresa em Campinas.Politica de terceirização da Petrobras prejudica trabalhadoresTudo isso recai nas costas de quem fez o contrato e o Sindipetro-LP, que recebeu os trabalhadores demitidos, exige providências. Não é possível que as licitações sejam tocadas de uma maneira tão desqualificada e prosaica. É possível prever quando uma empresa é boa ou não - se é que há, porque terceirização não é bom para a empresa e tampouco para os trabalhadores. Talvez, para os interesses de uns poucos.Um petroleiro entrou em contato com o Sindipetro-LP e mostrou que é possível sim evitar maladragens e cantos de sereia dessas empresas safadas, picaretas. Leia um trecho da mensagem:"O que precisa é fazer o que foi feito na Bacia de Campos: contratar pelo melhor preço e não apenas pelo menor preço! A diferença: a relação custo benefício em ter contratados de melhor nível e qualificação, satisfeitos e motivados, com igualdade de direitos aos dos funcionários próprios!!!".Em contato por telefone, o diretor Marcelo Juvenal cobrou uma atitude da direção da RPBC, que chamou a empresa para uma conversa. Segundo o gerente de infra-estrutura da Refinaria, o dono da Master Food firmou o compromisso de depositar os valores até o final desta sexta feira, dia 30.Espera-se uma resolução para o problema, mas, sobretudo, que a caixa de pandora não seja fechada antes da esperança de que esse tipo de coisa deixe de ocorrer na Petrobrás. A luta do Sindipetro-LP continuará sendo essa. "