Mergulhadores da Bacia de Santos decidem manutenção da greve amanhã

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Atividades Subaquáticas e Afins (Sintasa) realiza assembleia amanhã, às 14 horas, no Rio de Janeiro, para decidir junto aos 150 mergulhadores de águas profundas da Bacia de Santos, Campos e Itajaí se mantém a greve da categoria, parada desde sexta-feira, dia 24.Estamos tentando melhorar a proposta apresentada pelas empresas porque até agora ela não nos atende", afirma o presidente do Sintasa, Ednei Santos de Jesus. O indicativo é de manutenção do movimento caso as reivindicações da categoria não sejam atendidas.A Fulgro e a Acergy, empresas onde trabalham os 150 mergulhadores, apresentaram propostas rebaixadas aos três pontos de reivindicação apresentados pelo Sindicato. O principal pleito é o reajuste da Indenização por Desgaste Orgânico (IDO), de R$ 26 para R$ 40 por hora. Para permanecer na câmara hiperbárica, espécie de submarino pouco maior que um utilitário, durante 28 dias, os mergulhadores, que desempenham tarefas de manutenção, entre outros, ganham por hora. Isso é o IDO."É uma tarefa desgastante. Os trabalhadores dormem na câmara, fazem suas necessidades lá e por conta do gás perdem o paladar", explica Jesus.Outra luta dos mergulhadores é o reajuste da diária de superfície, hoje em R$ 103 e com proposta de aumento para R$ 150. Pela legislação brasileira, um mergulhador de águas profundas só pode submergir quatro vezes ao ano. Quando está fora da água fica no navio, em apoio externo. Isso é a diária de superfície.Como última reivindicação, o Sindicato exige o pagamento de adicionais nas folgas. "O salário do mergulhador cai muito. É preciso resolver este problema", diz Jesus.100% de adesãoA greve conseguiu a adesão de 100% dos mergulhadores de águas profundas. São três navios que cobrem a área de atuação das duas empresas. Um deles está parado na Bahia de Guanabara e outros dois, segundo informações extra-oficiais, operam na Bacia de Campos, mas sem nenhum mergulho."Esses navios possuem veículos monitorados por controle remoto, que executam algumas manobras de inspeção, manutenção (entre outros), mas não há nenhum mergulho", esclarece Jesus.O início do movimento foi marcado por tentativas de negociações por parte do Sintasa. As empresas não se mexeram para atender as reivindicações. O Sindicato então realizou uma paralisação de 24 horas, dia 16. Nada. Mais paralisação, agora de 48 horas entre os dias 22 e 23 com prazo de 12 horas para as empresas atenderem a pauta. Nada. O caldo engrossou com o início da greve no dia 24.O mergulho de águas profundas no Brasil é um dos mais arriscados no mundo. Para se ter uma ideia, no país o mergulho é feito até 320 metros abaixo da lâmina d´água. No Golfo do México e no Mar do Norte, outras duas regiões de exploração de petróleo marítimo, o limite é de 180 metros. "