Revap dispara luta contra reajuste zero da Petrobrás

Petroleiros atrasam 1 hora em defesa de reajuste real de salário e por uma Petrobrás 100% estatalDia 30, Quarta-feira, 6 da manhã. Trabalhadoras e trabalhadores de empreiteiras terceirizadas começam a se aglomerar em torno do carro de som do Sindipetro-SJC. Faz frio. José Ademir da Silva, presidente do Sindicato dos Petroleiros de São José dos Campos, esquentava os tambores com a primeira fala de um ato que, às 7h30 da manhã, já aglomerava cerca de 500 petroleiros do turno e administrativo e terceirizados da Refinaria Henrique Lage (Revap).O que os prendia ali eram as aguçadas críticas à proposta vergonhosa apresentada ontem pela Petrobrás aos sindicatos da Frente Nacional dos Petroleiros (FNP). Ademir, em conjunto com outros dirigentes petroleiros que vieram prestar solidariedade ao ato, debateram com os trabalhadores, ponto a ponto, a proposta da empresa.O incômodo desponta já no primeiro ponto da proposta: reajuste das tabelas salariais em 4,36% - ou seja, aumento real ZERO para os petroleiros! Dali para frente, seguiam as afrontas: aumento do custeio do Grande Risco da AMS em 4,36%; reajuste na tabela da RMNR de 5,93% e abono sob forma de gratificação de 60% da remuneração normal, que não incidem sobre FGTS, décimo terceiro, férias, horas extras e cálculo previdenciário; além de dezenas de cláusulas cujo conteúdo é o eterno óbvio ululante de direitos já garantidos há tempos por leis ou por ACTs anteriores.A cada proposta, um tapa na cara. Os ânimos esquentavam, mais trabalhadores aderiam ao movimento, as falas dos sindicalistas e apoiadores se tornava mais efusiva - e, na mesma medida, os pelegos da superintendência aceleravam seus imponentes motores, ameaçando atropelar as dezenas de trabalhadores que organizavam o piquete em uma das entradas da refinaria. E aí entra a polícia na história.Polícia para quem?Para reprimir os trabalhadores, é claro! - e, por suposto, garantir que o carro do superintendente pudesse passar. Numa leitura conjuntural, diríamos que a polícia agiu na mesma linha de repressão que a polícia militar do Rio Grande do Sul, por exemplo, costuma agir na criminalização dos movimentos sociais, no governo Yeda. Ou, como citou o coordenador geral do Sindipetro do Litoral Paulista, Ademir Gomes Parrela, alguns policiais ali presentes se inspiraram no "movimento" golpista de Honduras. Contudo, o que saía da boca dos petroleiros diretos e indiretos da Revap era o seguinte: aqueles militares "na função" - de proteger o patrimônio, garantir o direito de ir e vir dos cidadãos etc et al - são os mesmos policiais que, todos os dias, almoçam gratuitamente no refeitório da Petrobrás. De certo, estavam preocupados em reprimir o pequeno atraso de uma hora e logo acabar com a manifestação, para evitar atrasos na bóia filada do meio dia. Pontapés, ameaças de prisão, de morte e de sumiço, spray de pimenta, ameaças de destruição do patrimônio do Sindipetro-SJC e intimidação pela força deram um tom tensionado para a manifestação - rapidamente contornado pelo princípio pacífico e bem humorado dos dirigentes.Ainda foi pautada no ato a campanha nacional "O petróleo tem que ser nosso!" - em especial, a luta contra a criação da Petro-Sal, por uma Petrobrás 100% estatal e a retomada do monopólio.O saldo do ato é positivo! Foi possível divulgar os impropérios propostos pela Petrobrás para o ACT 2009, na mesma medida em que demos um primeiro recado à empresa: não estamos de brincadeira.