UO-BS reprime movimento e traz fantasma da P-36

Na madrugada de 15 de março de 2001 ocorreram duas explosões em uma das colunas da P-36, na Bacia de Campos. A primeira às 00:22 e a segunda às 00:39. No total, 175 petroleiros estavam na plataforma. Destes, 11 morreram - todos integrantes da equipe de emergência.

O desastre envolvendo a P-36, causado por "não-conformidades quanto a procedimentos operacionais, de manutenção e de projeto", segundo a ANP, não parece ter servido de lição para a Petrobrás. É essa a impressão que fica diante de medidas tomadas pela UO-BS para forçar o fim do movimento na Plataforma de Mexilhão.

Na tarde desta sexta-feira (25/03), numa postura claramente repressiva à continuidade da greve pelos petroleiros embarcados, a gerência convocou 10 trabalhadores para deixar a plataforma e desembarcar no Aeroporto de Itanhaém às pressas, uma vez que a aeronave responsável por fazer o transporte estava a apenas 15 minutos de Mexilhão. Instantes depois a empresa informou que o voo foi transferido para o sábado (26/03), às 7 horas.

Vidas em jogoCom esta  medida, adiada em algumas horas, a empresa aumenta por iniciativa própria o nível de insegurança da unidade, que já é bem elevado conforme diversas denúncias feitas pela força de trabalho, por meio do Sindicato. O desembarque desses petroleiros traz como efeito imediato a redução de trabalhadores em postos fundamentais da Equipe Organizacional de Emergência (EOR), dentre eles Operadores de Produção (ficando apenas um técnico na sala de controle) e o especialista em Automação.

Outra consequência é a existência no EOR de trabalhadores exercendo dupla função (hidrante e derivante) e trabalhadores recém-chegados na unidade que não conhecem nem mesmo o ponto de reunião da brigada de incêndio.

A dimensão do perigo gerado pela atitude da gerência pode ser medida pelo fato de que nesta sexta-feira (25/03), por responsabilidade da companhia, a plataforma tinha à disposição um EOR incapaz de atender as demandas no caso de uma situação de emergência e sem  um único operador de produção na área operacional durante o dia e a noite, mesmo com a plataforma já está sendo pressurizada com gás. A equipe de emergência da Plataforma não está composta nem por 50% do efetivo necessário.

A empresa, mais uma vez, demonstra que encara seus trabalhadores apenas como números, muitas vezes incômodos. Trabalhadores e Sindicato estão mobilizados há nove dias para mostrar que por trás dos mais de 70 mil petroleiros e 200 mil terceirizados existem vidas em jogo.

Veja vídeo com o coordenador-geral do Sindipetro-LP, Ademir Gomes Parrela