Sem acabar com política de preços de paridade, País ficará enxugando gelo

Por Marcos De Oliveira Diretor de Redação do Monit

Uma das frases prediletas dos neoliberais é que “não se faz omelete sem quebrar os ovos”. Vamos nos inspirar nela para dizer: não dá para tratar de preços de combustíveis sem enterrar o PPI. Enquanto a discussão ficar em cima da falácia de que os valores devem ser atrelados aos movimentos especulativos nas Bolsas de Londres e Nova York e que o livre mercado cuidará do resto, o que se fará é ficar enxugando gelo, como ocorre com o projeto aprovado quinta-feira no Senado, boas intenções à parte.

A defesa do PPI se disfarça em 2 premissas falsas: a primeira, de que a Petrobrás quebrou quando manteve preços nacionais no início da década de 2010 – o que muitos, entre eles esta coluna, já demonstraram ser fake news; a segunda, que a livre concorrência nos levaria ao paraíso. Difícil é explicar por que os preços sobem para que haja livre mercado…

A política atual beneficia multinacionais que exportam – especialmente dos EUA – e empresas importadoras de controladores pouco conhecidos em troca de apoio político – e, possivelmente, outras “cositas más” – que ganham mercado em cima da Petrobras, enquanto os preços só sobem.

Defender subsídios – como fez o último representante de Chicago, ministro Paulo Guedes, algo que faria corar um liberal raiz (que não estivesse em campanha eleitoral) – pode ser traduzido como transferir dinheiro de todos os contribuintes para benefícios de uns poucos empresários. Um absurdo, para não dizer escândalo.

Beneficiados, também, os poucos milhares de acionistas da Petrobrás, a quem foram canalizados ano passado 100 bilhões de reais em dividendos.

Para quem diz que reduzir os preços tendo como base os custos internos de produção é populismo, fica o dever de explicar por que defende o elitismo. Pegando emprestada outra máxima dos liberais, “não existe almoço grátis” – especialmente quando o menu inclui lagosta, caviar e champanhe.

Fonte: Monitor Mercantil