Petrobrás demite trabalhadores de plataformas em plena crise causada pelo novo coronavírus

Abandonados à própria sorte

Covardemente, quando toda a sociedade discute a suspensão de todas as atividades, com manutenção apenas dos serviços essenciais, os petroleiros próprios e terceirizados do Sistema Petrobrás estão sendo punidos e demitidos por terem participado da greve nacional no início do ano.

No Litoral Paulista somente na P-66 cinco trabalhadores foram suspensos por 14 dias. Na P-67, outros cinco petroleiros foram demitidos, largados à própria sorte, com famílias para sustentarem. Expostos ao vírus, vivendo confinados em alto mar em embarcações que para uma doença com alto nível de contágio são verdadeiras armadilhas, os trabalhadores terão que enfrentar agora, sem a segurança de um plano de saúde, o desemprego. Diante da desaceleração da indústria mundial frente à pandemia, a recolocação desses trabalhadores no mercado de trabalho pode demorar, uma vez que a produção de petróleo está sendo reduzida em todo mundo.

Para o sindicato, as punições foram retaliação por parte do Geplat, que viu sua autoridade questionada pelos grevistas ao não seguirem suas ordens e que por mais de uma vez se recusou a assinar documento de entrega da plataforma.

Em reunião com o RH corporativo da empresa, a diretoria do Sindipetro-LP cobrou posicionamento da Petrobrás sobre os motivos das punições e demissões, mas não obteve nenhuma resposta concreta, nem mesmo queixa por excessos durante a greve ou outros motivos.

Dessa forma, ficou evidente que as punições foram aplicadas como retaliação ao movimento de greve e como forma de coibir manifestações futuras dos petroleiros. Uma das condições para que a greve nacional petroleira terminasse, após 20 dias de paralisação nacional, 13 em nossas bases, foi a garantia de que não haveriam punições aos grevistas. O acordo foi assinado entre a FNP e FUP com a Petrobrás, diante do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra, no dia 21 de fevereiro.

Como medidas práticas, o jurídico do Sindipetro-LP e FNP notificou o TST por conta do descumprimento do acordo firmado e foram feitas duas ações na justiça trabalhista: uma de reintegração e outra de dano moral coletivo. O sindicato também colocou à disposição dos trabalhadores punidos os serviços da assistente social e psicóloga do sindicato.

Para além disso, a FNP está realizando campanha contra essas punições ilegais e desumanas, informando movimentos sociais, mídias e políticos de diferentes matizes. Para a FNP, é fundamental a denúncia pública. A federação avalia formas de mobilização da força de trabalho como a criação de um manifesto, dentre outros.

O jurídico do sindicato tenta agora, por meio de mandado de segurança, cancelar as medidas punitivas da empresa.

Vale lembrar que desde o fim da a greve nacional petroleira o Sindipetro-LP mantém estado de greve como forma de precaução ao descumprimento do acordo coletivo.

A covardia da gestão da Petrobrás em demitir trabalhador enquanto o país vive na iminência de uma pane no sistema de saúde e na economia é a cara desse governo entreguista. Sem dar o exemplo, o presidente da companhia, Roberto Castello Branco se refugia na serra de Petrópolis, enquanto atiça sua horda para que mantenha a produção, sob ameaças de punições e demissões.

Esses ataques aos trabalhadores não ficarão sem resposta!