P-67 pune operadores por vazamento de diesel no mar ocasionado por erros de gestão

Erro mudou padrão

Dois operadores da plataforma P-67 foram punidos com suspensão de três dias, por um acidente que causou o vazamento de 148m³ de diesel no mar. O acidente ocorreu no dia 16 de agosto de 2020 e somente os operadores foram punidos, enquanto todos os erros de gestão da operação foram ignorados. O acidente aconteceu após operação de passagem de mangote para barco de apoio, para recebimento de diesel.

Conforme apurou o Sindipetro-LP, antes do embarque da equipe que sofreu o acidente, o Coordenador e Geplat decidiram realizar a troca de um dos trechos do mangote de diesel, que estava danificado, por um trecho de mangote para água, sem que fosse realizado gestão de mudança. Na ocasião, a equipe que estava a bordo alertou o coordenador que a mudança não seria adequada, mas mesmo assim deu ordem para fazer. Apesar dos alertas, o mangote foi trocado, no entanto a mudança não foi reportada a todos os integrantes da equipe que estava de folga.

Diante dos fatos apurados pelo sindicato, está claro que o acidente foi causado justamente pela negligência do Coordenador e Geplat, que ignoraram os alertas da troca do mangote por outro não adequado, além de nada terem feito quanto ao problema da iluminação precária da embarcação, que aliás não é novo. No dia 26 de junho de 2019 um marinheiro se acidentou no local da estação de recebimento de diesel, justamente por conta da falta de iluminação.

A movimentação começou às 17h27, com a passagem do mangote para o rebocador e às 19h30 foi iniciado o bombeamento de óleo diesel para a P-67.

De acordo com o relatório de incidente do ocorrido, foram feitas duas conferências de volume bombeado, às 20h e às 21h, quando foi verificado incoerência dos dados. Nesse momento o operador solicitou que o marinheiro verificasse o fluxo de Diesel, e caso não ocorresse fluxo, procurasse por manchas de óleo no mar, mas como havia pouca iluminação da estação de bombeamento, não foi possível detectar vazamento. Sem visibilidade, o marinheiro percebeu cheiro de óleo diesel no local e às 21h17 solicitou a paralisação do bombeamento. Às 21h35 foi localizado o dano no mangote.

Foi solicitado também ao operador da Praça de Máquinas que conferisse o instrumento que media vazão localmente, pois em outros momentos já houve divergências entre os dados locais e os apontados no painel de controle.

A operação realizada à noite e que causou o vazamento foi autorizada pelo Coemb e Geplat, com ambos sabendo das condições precárias de iluminação, que inclusive continuam, sem qualquer atuação da gerência em instalar luminárias.

Acidente modificou padrão nas plataformas
Após as investigações do acidente, a empresa apresentou um documento contendo instruções adicionais para recebimento de diesel nas plataformas, responsabilizando o gerente e coordenação por operações de recebimento de diesel durante a noite. Em nenhum dos itens adicionais se observa alguma ação que os operadores punidos tenham falhado.

Além de especificar que movimentações com diesel à noite só com autorização do Geplat ou Coordenador, o comunicado deixa claro que a plataforma deve manter a iluminação adequada em toda extensão do mangote durante as operações; há recomendação de aumento da comunicação entre sala de controle do FPSO e a embarcação a cada 30 minutos; acompanhamento integral do operador durante toda operação de passagem de óleo diesel, dentre outros.

Vale lembrar que as punições estão sendo aplicadas aos operadores sem mesmo apontarem as falhas que causaram o acidente. Na justificativa para punição do trabalhador que passou o mangote, fez a inspeção e assinou a lista de verificação, a empresa alega que ele não ficou até o final da operação, por estar na troca de turno, quando na verdade ele continuou até o final das manobras, juntamente com o operador da troca de turno. Para o operador da sala de controle, a suspensão foi justificada por ele não ter feito acompanhamento contínuo da vazão do recebimento de óleo. Destaca-se aqui a covardia da gerência da plataforma, que aguardou que um dos petroleiros punidos terminasse o último turno de embarque para só então dar a suspensão.

Foram tantos erros cometidos pela gestão que todo procedimento teve que ser atualizado. Se o acidente fosse hoje, com as instruções adicionais, a culpa pelo acidente recairia sobre a gestão da plataforma, mas somente os trabalhadores do chão de fábrica estão sendo punidos.

O Sindieptro-LP está acompanhando o caso e irá cobrar reparação da punição aos trabalhadores prejudicados e responsabilização dos gestores envolvidos.