Petrobrás vira máquina de distribuição de dividendos; paga muito mais por ação que petroleiras estrangeiras

Só na fake news

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro jura no Twitter que “o Brasil terá uma das ‘gasolina’ (sic) mais barata do mundo”, a Petrobrás elevou sua farra de dividendos ao máximo.

Na quinta-feira (28)  a estatal anunciou lucro de R$ 54,3 bilhões e antecipação de R$ 87,8 bilhões em dividendos referentes aos resultados do segundo trimestre. 

“É absurdo isso. O povo paga gasolina cara e também o aumento em cadeia dos produtos. Bolsonaro não resolve e ainda tira dinheiro dos estados pra tentar baixar o preço”, critica a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR). 

No total,  de janeiro a junho (primeiro semestre) a petroleira já distribuiu R$ 136,31 bilhões em dividendos.

Muito acima dos R$ 101,39 bilhões entregue no ano passado, que já haviam sido um recorde na história da empresa.

A “mágica da multiplicação” veio do Conselho de Administração da Petrobrás, que aprovou remunerar os acionistas a R$ 6,73 por ação. Ou quase o dobro dos R$ 3,71 pagos pela empresa por ação na distribuição dos dividendos do primeiro trimestre.

“É um escândalo a diretoria da estatal pagar aos acionistas quase R$ 7 por ação e reduzir apenas 15 centavos no litro da gasolina, cujos preços abusivos têm impacto na inflação e na vida de todos os brasileiros”, critica o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.

Para Eduardo Costa Pinto, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), boa parte deste “superlucro” resulta da alta dos preços dos combustíveis no mercado interno, que respondem por 74% dos lucros totais da empresa.

Em três anos e meio de governo Bolsonaro, a política de Preços de Paridade de Importação (PPI), adotada em 2016, sob o governo de Michel Temer — e mantida pelo sucessor —, já resultou em aumentos de mais de 155% na gasolina e de 203% no diesel comercializados pelas refinarias da Petrobrás.

Costa Pinto chama de “butim” os R$ 87,8 bilhões em dividendos do segundo trimestre que serão distribuídos aos acionistas em agosto e setembro, às vésperas das eleições.

“Em apenas um trimestre, a empresa vai distribuir aos acionistas cerca de 20,5% do seu valor (R$ 428,7 bilhões)”, alerta.

“Deste total, R$ 35,5 bilhões vão para acionistas estrangeiros, R$ 32,5 bilhões para o governo e R$ 20,7 bilhões para os acionistas privados nacionais”, acrescenta. 

“O valor é desproporcional frente a concorrentes internacionais”, expõe Marcos De Oliveira, no Monitor Mercantil.  

Em seu artigo, ele demonstra isso. Seus dados em dólar americano:

Shell, uma das maiores petroleiras do mundo, lucrou US$ 11,5 bilhões no segundo trimestre de 2022. Anunciou pagamento de dividendos de US$ 0,25 por ação, além de manter programa de recompra de ações no valor de US$ 6 bilhões.

Total, outra gigante do setor, alcançou lucro de US$ 9,8 bilhões no mesmo período. Anunciou a distribuição de dividendos no valor de US$ 0,70 por ação e recompra de US$ 2 bilhões.

 Equinor, estatal norueguesa e ex-Statoil, obteve lucro de US$ 17,6 bilhões e elevou pagamento de dividendos e recompra de 2022 ações em 2022 no total de US$ 13 bilhões. Os dividendos representam US$ 0,50 por ação.

Petrobrás,  também estatal, lucrou US$ 11 bilhões e vai distribuir US$ 1,23 por ação.

O valor dos dividendos pagos pela Petrobrás por ação é disparadamente maior que os da petroleiras estrangeiras. 

Petrobrás,  R$ 6,36

Total, R$ 3,62

Equinor, R$ 2,58

Shell, R$ 1,29

É como escreve Marcos De Oliveira: a Petrobrás virou máquina de distribuição de dividendos.  

Fonte: CNN