Vai ter luta!
A mesa de negociação entre a Petrobrás e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) sobre o novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) foi abruptamente interrompida no dia 25 de junho, após a direção da empresa se retirar das tratativas. O incidente desencadeou uma série de desdobramentos e levantou sérias preocupações sobre a transparência e a boa-fé negocial da gestão da Petrobrás.
O Estopim: Gravação de Reuniões e Acusações de ‘Caça-Like
A interrupção ocorreu após a equipe de comunicação da FNP iniciar a gravação da intervenção inicial do secretário-geral Adaedson Costa. A gravação, que não incluía imagens ou falas dos representantes da Petrobrás, tinha como objetivo registrar a posição da FNP sobre a condução das tratativas anteriores.
A gestão da Petrobrás alegou desconforto com o registro, mas se recusou a formalizar a solicitação de proibição, um procedimento padrão nas relações sindicais.
Após a negativa da FNP em interromper a gravação, os representantes da empresa abandonaram a reunião, justificando sua atitude com argumentos que os sindicatos consideraram infundados.
Em tom pejorativo, a gestão afirmou que os vídeos dos sindicatos eram feitos apenas para “caçar like”, subestimando o papel legítimo da comunicação sindical e desrespeitando o interesse da categoria petroleira em acompanhar negociações que impactam diretamente suas condições de trabalho.
Após o abandono da mesa, a FNP permaneceu no local, aguardando uma possível retomada das negociações. Em seguida, comunicou a situação à Federação Única dos Petroleiros (FUP), que fez um protesto formal perante a gestão da Petrobrás, reforçando a gravidade da atitude tomada pela empresa.
Ofício da FNP e busca por um protocolo de reuniões
Diante da postura da Petrobrás, a FNP enviou um ofício formal exigindo a continuidade das negociações e o reagendamento das reuniões. O documento destacou o compromisso com os princípios da boa-fé negocial e da transparência, além de reafirmar que a gravação das reuniões é um pleito histórico para garantir acesso amplo às informações de interesse da categoria.
A FNP também lembrou que a realização de reuniões sobre o PCCS é uma obrigação prevista na Cláusula 107 do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2023-2025 e que o abandono da mesa viola os princípios da Cláusula 115, que prioriza a negociação coletiva como meio de resolução de questões trabalhistas.
Na quinta-feira (26), no período da manhã, a FNP se reuniu com a gerência executiva de RH da Petrobrás para discutir o ocorrido. A gestão propôs que a FNP apresentasse uma proposta de protocolo de reuniões, que será avaliada pela empresa. Ambas as partes seguem em diálogo, buscando um consenso para garantir a continuidade das negociações e a transparência das tratativas futuras.
