Petroleiros precisam de valorização e não de enrolação

Chegou-se à segunda proposta apresentada pela empresa e, sem avanços substanciais, a mesma foi rejeitada nas 17 bases petroleiras do Brasil. O lema desta campanha salarial é a nossa valorização através de um reajuste no salário básico que caminhe em direção à reposição das perdas de quase 20 anos. Estamos há 16 anos sem aumento real no salário básico. Por isso, queremos 17% de reajuste. A empresa apenas apresentou 7,23% para cobrir a inflação. Outras categorias conquistaram mais e não podemos ficar atrás!

Até o momento, apesar da indisposição da Petrobrás em negociar, somente conseguimos retirar do texto do acordo cláusulas que certamente trariam grandes prejuízos para a categoria. São os casos das cláusulas sobre Benzeno e sobre o Regime de Trabalho 4 x 3 a 10 horas diárias.

Seja porque não vem aumento real, seja porque a maioria das reivindicações não é reconhecida, nós - petroleiros - estamos fartos de sermos desvalorizados. Trabalhamos em uma das maiores empresas do mundo, com lucros exorbitantes anuais.

Em 2011, a Petrobrás conquistou o 2º lugar das empresas mais lucrativas da América Latina com R$ 28,2 bilhões. Além disso, em relação aos nove primeiros meses de 2010, o aumento do lucro líquido neste ano foi de 15% (R$ 28 bilhões 264 milhões). Em dez anos, segundo a própria companhia, o Brasil será o maior produtor de petróleo do Mundo. Esses são os resultados da 3ª maior empresa de energia do mundo e 8ª maior empresa global por valor de mercado e a maior do Brasil (US$ 164,8 bilhões).

O contraste deste lucro com nossos salários é abismal. Precisamos dar um basta neste descaso. O Governo Federal e os grandes acionistas precisam saber que se há lucro de bilhões é porque 80 mil petroleiros e mais de 350 mil terceirizados se arriscam na indústria do petróleo para que os resultados aconteçam.

Muitos de nós estamos descontentes com a política de remuneração variável. Este tipo de remuneração somente provoca insegurança. A cada dois anos, durante os Acordos Coletivos, os petroleiros têm que conviver com uma incerteza angustiante: se a RMNR será garantida ou não, se haverá reflexos para a aposentadoria ou não. Para acabar com esta insegurança e para que os petroleiros sejam valorizados, exigimos a incorporação da RMNR nos salários básicos.

Nossa valorização também não é reconhecida quando não é praticado o devido recolhimento para a aposentadoria especial. Muitos de nossos colegas perdem a vida, outros são afastados por estarem contaminados, outros chegam aos 50 anos em condições de saúde degradantes. A indústria do petróleo mata e contamina. É um absurdo os petroleiros que estão expostos a agentes químicos, responsáveis por abastecer o Brasil, não terem direito à aposentadoria especial.

POR TUDO ISSO, EXIGIMOS:

- Aumento Real no Salário Básico- Incorporação da RMNR no Salário Básico- Reconhecimento da Aposentadoria Especial para todos os Petroleiros expostos a agentes químicos

Igualdade, isonomia, igualdade, isonomia, igualdade já, já e já!Repetimos estas palavras de ordem porque no Sistema Petrobrás elas não existem e queremos que passem a fazer parte, pelo menos, dos direitos dos petroleiros. Seja porque somente na Bacia de Campos há direitos para os petroleiros embarcados que não há em outras plataformas do país, seja porque não há isonomia entre petroleiros da Petrobrás e petroleiros da Transpetro, seja porque não há condições de trabalho iguais para homens e mulheres, seja porque uns têm direito ao Petros BD, outros não, outros ainda têm o Seguro... Ou seja, na maior empresa do Brasil não há o reconhecimento da igualdade.

Os petroleiros da Petrobrás têm direitos a AMS quando aposentados, já os da Trasnpetro não; alguns petroleiros ainda mantêm os pais na AMS; outros, não; o Dia do Desembarque só existe na Bacia de Campos, os demais não o tem; há unidades operacionais que não possuem vestiários e/ou banheiros femininos na área.

Mesmo nas cláusulas de SMS podemos notar diferenças entre o Acordo Petrobrás e o Acordo Transpetro. Enquanto que para a Petrobrás as unidades operacionais do Abast, E&P e Gás e Energia poderão contar com dois enfermeiros e médico por grupo de turno, na Transpetro os Técnicos de Operação não estão cobertos com esta garantia. Há outros exemplos que poderíamos mencionar, mas estes bastam para ilustrar que não há qualquer avanço significativo na contraproposta da empresa.

A Petrobrás somente terá moral para fazer valer as propagandas veiculadas na televisão e propagandear os valores éticos de responsabilidade social quando passar a tratar os petroleiros com igualdade. E é por isso que, além de toda a pauta histórica, reivindicamos:

- AMS igual para petroleiros da Transpetro- AMS para os pais que comprovem baixa renda- Pelo princípio da isonomia: condições de trabalho e direitos iguais para todos os petroleiros do Sistema Petrobrás- Reabertura do Petros BD para todos os petroleiros- Pela garantia de condições de trabalho às petroleiras iguais as dos petroleiros

AVANÇOS PROMETIDOS POR GABRIELLI APENAS REPÕEM O QUE ALGUM DIA JÁ EXISTIUA propagandeada conquista apresentada pela FUP, após reunião com o presidente da Petrobrás, apenas resgatou direitos que já existiram, como a dobra no feriado extra turno de 7 de setembro. Do mesmo modo, já existiu o avanço automático de nível, mas não a cada 24 meses e sim a cada 12 meses.

É evidente que queremos repor os direitos perdidos, mas justificar a reposição parcial de outro item para aceitar a proposta frente à desvalorização da categoria e a falta de igualdade e isonomia é uma grande traição.

Por isso, chamamos todos os petroleiros e petroleiras a se indignarem e a manterem o espírito da unidade para que possamos pressionar a Petrobrás a aceitar nossas reivindicações.

Coordenador do Sindipetro-LP fala sobre a reunião entre Gabrielli e FUP