Para facilitar venda de ativos, Petrobrás quer demitir 12 mil petroleiros

PIDV 2016

A partir de agosto de 2016, se os planos da companhia forem bem-sucedidos, 12 mil empregados terão sido demitidos da Petrobrás. Na manhã desta sexta-feira (1), a direção da empresa anunciou aquilo que todos esperavam há algumas semanas: um novo plano de demissão voluntária, dessa vez mais agressivo do que o lançado em 2014 ao ser estendido a todos os trabalhadores. Dois anos atrás, quando houve 6.254 desligamentos, as regras estipuladas permitiam a adesão apenas dos trabalhadores aposentáveis.

A ofensiva da companhia tem explicação: tornar a Petrobrás ainda mais atrativa para o mercado internacional, que explorando a fragilidade da empresa exige cada vez mais o atendimento de suas exigências. Tais exigências, sabemos, é o seu desmantelamento e consequente privatização. O plano de desinvestimentos, que inclui a venda de ativos, a tentativa de retirada de direitos em nosso ACT e deterioração das condições de trabalho e segurança, também inclui o enxugamento do quadro de empregados. 

Confira o documento de apresentação sobre o PIDV 2016

Com razão, lembramos com indignação o período em que FHC tentou mudar o nome da Petrobrás para Petrobrax, simbolizando até hoje a tentativa de privatizar a empresa e tornar a sua marca mais simpática ao estrangeiro. Ao que tudo indica, agora sob o governo Dilma (PT), se realiza procedimento semelhante: rebaixar a companhia aos “padrões” pra lá de suspeitos das companhias petrolíferas estrangeiras que só pensam no lucro e não têm nenhuma responsabilidade social.

Adaedson Costa, secretário-geral da FNP e coordenador-geral do Sindipetro-LP, desembarcou no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (1) justamente para discutir com os representantes da empresa o novo PDV. Logo após a reunião, opinou que o pano de fundo é realmente enxugar o quadro de empregados para tornar mais atrativa a venda de ativos. “Entendemos que a adesão ou não é uma decisão individual, que para os companheiros que estão perto da aposentadoria o plano se apresenta de forma vantajosa, mas por outro lado é nossa obrigação alertar a categoria de que não podemos nos furtar de entender o contexto e a repercussão coletiva dessa medida. Por isso, nos posicionamos contra o plano”.

Outro aspecto abordado por Adaedson, que já ocorreu no PDV de 2014, recai sobre a reposição dos empregados de áreas operacionais. Se existe um inchaço no número de cargos de confiança na empresa, no chão de fábrica – onde a riqueza é produzida – ocorre o inverso: uma situação crítica de quadros mínimos reduzidos em números perigosos! No plano anterior houve a promessa de reposição das áreas afetadas, mas tal garantia nunca passou de palavras ao vento.

Ouça aqui a entrevista completa com Adaedson Costa:

Agora em 2015 a empresa parece ser mais clara em seus objetivos: afirma que o PDV visa “atender aos interesses da Companhia, compatibilizando com as expectativas dos empregados, quando possível”. O “atender aos interesses da companhia”, na verdade é atender aos interesses do mercado, que sempre fez lobby pela privatização da Petrobrás e o “quando possível” já sabemos que significa, na prática, que as expectativas dos empregados serão na verdade ignoradas.

Não há atalhos. Somente com união e luta nossas expectativas, ou melhor, nossas exigências e bandeiras de luta serão conquistadas. Contra o desinvestimento e a entrega do pré-sal, precisamos retomar a luta por uma Petrobrás 100% Estatal, sob controle dos trabalhadores, a serviço da população!