Parada na UTGCA ensina como arriscar a vida dos trabalhadores

Lições aprendidas

A Parada Programada da UTGCA, que encerrou no dia 30 de março, embora tenha sido elogiada pela gerência da unidade, com direito a publicação de agradecimento, foi duramente criticada pelos trabalhadores, que pontuaram os principais problemas encontrados na parada de manutenção.

No comunicado de agradecimento, a gerência ressalta o bom trabalho das equipes de operação, de SMS e da Fiscalização, sendo que as duas últimas deixaram passar procedimentos de segurança, meio ambiente e saúde, colocando em risco a integridade física dos trabalhadores.

Como já era de se esperar, a gerência da UTGCA primou pela execução da parada e para isso deixou de realizar importantes providências, que afetam a segurança da unidade, além de manter práticas questionáveis, como utilização indevida de água de combate  a incêndio para lavagem de equipamentos da parada, situação que inclusive se repete no dia-a-dia operacional.

Destacamos alguns dos problemas notados antes e mantidas após a parada:
Falta de aplicação do Libra nos pontos críticos da unidade, limites de bateria e intervenções, falta de procedimento de virar figuras oito e instalar raquetes. Ex: GASTAU, GASMEX, Gás Combustível (V-513501), UPCGN-01 (V-123703);

Falta de entrega de equipamentos para intervenção completamente limpos, higienizados com vapor e/ou nitrogênio quente para a retirada dos hidrocarbonetos, permitindo assim sua lavagem com água;

Bombas de combate a incêndio sendo mantidas de forma constante em manual, não permitindo sua pronta operação em caso de sinistro;

Falta de designação de atribuição aos T.Os em cada frente de parada e rotinas operacionais com a unidade parada; 

Falta de destinação correta de resíduos de limpeza de equipamentos;

Falta de previsão adequada dos resíduos (Água/Borra), gerados para um eficaz "Plano de geração e descarte de resíduos";

Falta de iluminação auxiliar externa ("xuxinha") para as atividades noturnas nos locais de parada e áreas operacionais;

Falta de equipe/empresa capacitada para executar os serviços de limpeza da parada;

Falta de reunião diária com Equipe da Operação para informações do andamento da parada e atividades do dia;

Não cumprimento do contrato da empresa que está executando a parada (G&E) referente aos materiais e equipamentos necessários. Ex: EPI´s, EPC´s, Juntas e etc;

Não divulgação com antecedência do "planejamento da parada" para conhecimento e críticas construtivas de todas as equipes, principalmente da equipe operacional;

Falta de comunicação da empresa contratada para geração auxiliar, durante intervenções nos geradores e sem acompanhamento da MI;

Não realização de serviços oportunos durante a parada devido a falta de planejamento;

Dimensionamento inadequado de mão de obra (facilidade elétrica) no inicio da parada;

Falta de padrões detalhados para troca dos pontos de corrosão na unidade;

Serviços de solda e corte que poderiam ser realizados fora da área operacional, feitos no local;

Falta de tempo e planejamento para a operação entregar a planta drenada e despressurizada para as intervenções de parada;

Não isolamento da área, controlando o acesso de pessoas que não estavam efetivamente envolvidas na atividade;

Falta de equipamentos e produtos (utilidades) para a inertização de pequenos pontos, sendo usado apenas um pequeno carrinho com um cilindro;

Falta de rádios para a equipe de parada e organização na utilização de canais de rádio das várias disciplinas envolvidas na manutenção.

A Petrobrás também deveria ter preparado para os contratados da parada um workshop, para divulgação de boas práticas e lições aprendidas para toda a força de trabalho, para que erros/desvios como os que ocorreram não aconteçam. Ficou evidente que diversos padrões e normas (NR´s, API, Padrões Petrobrás, Boas Práticas, Contratos) não foram cumpridos, expondo os trabalhadores, patrimônio e comunidade a riscos de acidentes.

A última parada de manutenção na UTGCA não lembra em nada a organizada e realizada em 2013, que teve a participação de vários colaboradores nas fases de Projeto Básico, Detalhamento e Execução.

Mais uma vez, os gestores da UTGCA demonstraram que a preocupação com as questões de SMS nunca vem em primeiro lugar, mais valendo prazos, metas e economia do que a segurança dos trabalhadores, da comunidade e da unidade.

O comprometimento e profissionalismo enaltecidos pelo gerente da unidade nesta parada vão à contramão das práticas de segurança que faz da Petrobrás realmente uma empresa forte e eficiente. Enquanto gestores tiverem a economia na frente de práticas seguras, caminharemos para degradação da companhia e de tudo que ela representa.