Assédio moral: a gente vê por aqui. Gerente da RPBC persegue trabalhadores

Perseguição

Gritos, acusações de furto, recusa de promoção, perseguição coletiva e irregularidades fazem parte do modus operandi de uma gerente da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC)

Recentemente, a FNP e o Sindipetro-LP divulgaram uma reportagem da revista Época sobre o lançamento de um livro que abordava a existência de chefes babacas no ambiente de trabalho. Na Petrobrás, mesmo com todo o discurso bonito usado na tevê, a companhia nem sempre consegue jogar sob o tapete a existência de assédio moral em suas unidades. Na RPBC, temos um exemplo que se encaixa, infelizmente, perfeitamente neste perfil.

Oriunda da RECAP após acabar com a ambiência naquela unidade, a médica e hoje gerente do setor médico da RPBC usa toda a prepotência de chefe para mandos e desmandos. Vale lembrar que foi durante a sua gestão que aumentou, significativamente, os números de acidentes sem afastamento um tanto suspeitos na refinaria.

Dossiê completo
A lista de coações contra subordinados é tão extensa que facilmente poderíamos produzir um longo dossiê.. Gritos contra empregados na frente de outros colegas; ameaça de mudança de regime de trabalho; e acusações de furtos sem provas fazem parte do pacote de acusações desta gerente. Chegou-se ao absurdo, por exemplo, de tentar implantar uma câmera de segurança no setor para vigiar os trabalhadores sob o pretexto de que os prontuários médicos estavam “sumindo”.

Foi a partir disso que, inclusive, em reuniões (DDS) chegou a “alertar”, sem qualquer prova, que “deixem tudo guardado, pois os pequenos furtos continuam”. Em uma das ocasiões, a Segurança Patrimonial chegou a constatar que não havia qualquer sinal de arrombamento. Mesmo assim, nenhuma retratação foi feita. Como se não bastasse, ela também foi a responsável por ocupar praticamente metade da geladeira do setor com uma Tupperware trancada por dois cadeados.

A justificativa? “Tem ladrão dentro do setor”. Diante de um suposto furto de luzes de led de um painel eletrônico, mais uma vez a culpa recaiu sobre os subordinados. Mais uma vez, nenhuma prova foi levantada e as acusações passaram impunes. Outro assunto que chamou atenção é ter colocado no GD dos empregados a obrigatoriedade de participar da reunião do setor. Até aí tudo bem, porém esta obrigação também atinge quem está de folga, sob pena de “negativar” o GD do coitado – caso não compareça. Ou seja, não respeita nem mesmo o dia de descanso do empregado.

Além disso, vai na contramão do próprio programa de otimização de custos da companhia, pois paga horas extras e deslocamento do empregado para participar de uma reunião de setor que poderia ser dividida, prejudicando a empresa e o empregado que não pode folgar em paz. Curiosamente, quando questionada pelo Sindicato sobre esta imoralidade, especificou que tinha o aval do RH e do Jurídico da RPBC. Isto que é poder.

Os efeitos
Não precisamos dizer que o resultado de um sistemático caso de assédio moral coletivo é um desastroso ambiente de trabalho. Também não precisamos dizer que o grau de insatisfação desses empregados é altíssimo. Por razões óbvias, o setor ao qual esta gerente é responsável teve uma péssima avaliação e a ambiência foi pro “espaço”. Entretanto, no lugar de buscar soluções para este impasse, ação que qualquer bom líder deveria tomar, a gerente preferiu se apropriar do poder de “chefe” para se vingar daqueles que são cotidianamente humilhados por ela. Durante o período de avanço de nível e promoção, ela simplesmente preferiu devolver letras para a gerência para punir os empregados. Não à toa, soltou no setor a seguinte ameaça: “fui mal avaliada, mas pode deixar que vou me lembrar disso depois”.

O setor médico é importantíssimo para a segurança da categoria e da unidade. Por isso, é imprescindível que os trabalhadores possam desenvolver suas tarefas com tranquilidade e sem perseguição. Como lidar com vidas dessa forma? Alguns desses trabalhadores perseguidos já tomam remédios para suportar este verdadeiro inferno diário.

Chega de impunidade
Para não cometer injustiças, o Sindicato deu tempo ao tempo para acumular o maior número de informações sobre o caso. A ideia inicial era denunciar seus abusos na coluna do Petrolino, mas o número assustador de práticas de assédio moral cometidas por ela contra todo um setor transformou uma pequena nota em uma matéria completa. Neste sentido, acreditamos que os inúmeros casos relatados acima são suficientes para que a companhia tome uma posição imediata.

Porém, não temos ilusão quanto à lógica que impera na companhia. Os assediadores não são punidos, ao contrário dos lutadores e daqueles que defendem os seus direitos. Sabemos também que os gerentes “punidos” “caem pra cima”, desafiando a lei da gravidade, ou, no máximo, são transferidos, pois a empresa nem pensa em perder empregados que rezam sua cartilha – mesmo com alguns “excessos”. E também sabemos que este não é um caso exclusivo. Há muitos outros chefes cometendo abuso de poder contra seus subordinados. Por isso, cobramos da empresa uma medida enérgica. Caso contrário, tomaremos as medidas necessárias para acabar com esta situação.

“Trabalhar com maior produtividade com menor custo, não significa trabalhar sob humilhação”.