Petrobrás impõe formatos de cursos que arriscam a segurança nas unidades

Um olho no curso e outro no trabalho

O Movimento sindical sempre lutou para que a Petrobrás realizasse os treinamentos normatizados: NR 10 para quem trabalha com equipamentos energizados, NR 13, para quem trabalha com vasos de pressão e caldeiras, NR 20, que exige que haja treinamentos de segurança e Saúde com Inflamáveis e Combustíveis especialmente para quem trabalha em refinarias, terminais, ou que estejam diretamente ligadas as áreas de risco, é preciso que façam o curso avançado anualmente.

 Em atendimento as normas regulamentadoras exigidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Petrobrás submete seus trabalhadores a cursos corporativos e treinamentos normatizados, porém, os métodos de aplicação dos cursos estão gerando muitas reclamações dos trabalhadores.

Durante o período diurno, por exemplo, a gerência da empresa está exigindo que os funcionários realizem os cursos no horário de trabalho, o que é o correto, porém, dentro de seu local de trabalho, acumulando as funções da natureza de sua atividade. Em outros casos, a empresa desloca o trabalhador para uma sala de curso, fazendo com que sua unidade de processo fique descoberta.

 Para a categoria, os treinamentos estão perdendo a qualidade e eficácia que deveriam ter. Tudo porque a atenção dos trabalhadores fica dividida entre prestar atenção no trabalho e se concentrar no curso/treinamento.

 A medida desfalca a unidade do trabalhador, aumentando a demanda dos demais colegas, sobrecarregando-os, deixando a unidade em condição insegura.

Outra forma de treinamento criada pela empresa consiste em escalar o trabalhador para fazer o curso de madrugada, desfalcando e desguarnecendo sua área de processo. Estudos comprovam que estudar de madrugada não é adequado, justamente porque nesse período as pessoas tem uma baixa percepção de aprendizado, logo a qualidade do curso perde a eficiência.

 Da forma que os treinamentos estão sendo feitos, além de impactar na redução no número de trabalhadores durante o dia, quando são emitidas permissões de trabalhos e liberação de equipamentos, o formato de curso aplicado de madrugada não atende as necessidades de segurança, sujeitando todos a muitos riscos.

Para o Sindicato e para os trabalhadores, a empresa precisa apresentar uma alternativa viável para os treinamentos normatizados, obrigatório pelo MTE, por meio das normas regulamentadoras de Segurança, Saúde e Medicina do Trabalho. O Sindicato entende que esses cursos regulamentados devam ser feitos durante o horário de trabalho, mas sem a influência da atividade exercida pelo trabalhador, que deve estar plenamente compenetrado no treinamento e não preocupado com sua função.

 Também é preciso que todos os cursos que atendam a política de segurança da empresa, como o de Permissão de Trabalho (PT), Liberação, Isolamento, Bloqueio, Raqueteamento e Aviso (LIBRA), Segurança da Informação/ TI, dentre outros, sejam fornecidos com qualidade e de forma presencial. O Sindicato não aceita a desculpa de que os cursos geram horas extras, porque o trabalhador não faz gerenciamento sobre o efetivo que a Petrobrás tem.

Desta forma, se para atender a exigência de cursos normatizados é necessário baixar a qualidade do treinamento, quem demonstra necessitar de curso de aprendizado é a gerência da Petrobrás. Estamos à disposição da empresa para ajudar a encontrar a melhor forma de aplicar os treinamentos, desde que seja feito com qualidade.

Curso de combate à corrupção
A Petrobrás tem aplicado aos trabalhadores o curso de combate à corrupção, exigido pelo Pacto Global das Nações Unidas (ONU). Ainda que seja exigência, dentre as tantas que são desrespeitadas pela própria Petrobrás, a empresa vem assediando os trabalhadores, pois para que façam o curso, chamado pelas gerências de treinamento, ameaça, dizendo que a sua não realização poderá gerar desdobramentos. Isso é assédio!

A empresa deve se preocupar em garantir a participação de todos os seus gerentes, uma vez que a corrupção é uma prática dos cargos gerenciais, como temos visto na operação Lava Jato. Até o momento não se viu nenhum chão de fábrica sendo denunciado.

Cursos Virtuais
Outra forma de treinamento praticado na empresa é executar o curso no ambiente virtual de aprendizado (AVA), por meio de computadores, no horário e no local de trabalho, sem nem ao menos o trabalhador sair de sua área, obrigando-o a dividir seu tempo entre fazer o curso e cuidar da unidade.

O corporativo da Petrobrás não quer discutir a situação de efetivos e com isso as gerências ficam manobrando os trabalhadores para fazerem os treinamentos sem qualidade.

As gerências da Petrobrás tentam adequar as exigências normativas com o quadro reduzido, quando sabemos que a grande deficiência que a empresa tem é devido a redução do quadro de trabalhadores, parte pelo PIDV do ano passado, além de estarmos já há dois anos sem concursos públicos. O quadro será ainda pior, agravado pelo novo PIDV, que tem previsão de redução de mais de 12 mil funcionários.

O MTE não aprovou até o momento nenhum curso normatizado em ambientes virtual, como o AVA. Qualquer curso virtual de NRs que seja relacionado a legislação de Saúde e Segurança do Trabalho deve ser denunciado ao sindicato imediatamente.

Sobre a análise de Saúde e Segurança no trabalho, o Sindipetro-LP está cobrando da empresa para que os cursos que fazem parte da grade de atendimento ao ministério do trabalho sejam feitos de forma presencial e sem interferência de sua atividade laboral, pois os treinamentos exigem a dedicação máxima e atenção voltada para o conteúdo do treinamento.