Confinados em plataforma, petroleiros sofrem com surto de gripe em Mexilhão

Economia com saúde prejudica embarcados

Há cerca de uma semana, os petroleiros embarcados em Mexilhão estão preocupados com o surto de gripe forte que se instaurou na plataforma.

Somente na sexta-feira da semana passada (27) foram seis atendimentos com sintomas parecidos na enfermaria, sendo que alguns apresentavam febre alta, de mais de 38°. Alguns petroleiros completaram seis dias sem trabalhar, ainda com sinais de febre, dores de cabeça, dores no corpo e tosse.

Os embarcados que apresentaram sintomas de gripe foram isolados dos demais, no módulo de acomodações externo. Uma aeronave com medicamentos específicos para H1N1 foi enviada no sábado (28). A coleta da mucosa dos contaminados foi enviada pela mesma aeronave, para realizar exames em terra e diagnosticar do que se tratava a doença. Segundo a empresa, o laudo ainda não está pronto, mas foi descartado a H1N1.

Economizar com saúde nunca foi uma prática inteligente. O resultado do surto de gripe demonstra isso. Além do mal- estar dos companheiros, que refletiu diretamente em seu desempenho laboral, a empresa acaba perdendo mais do que economizou com vacina. Somente com o deslocamento da aeronave ambulância, que levou o Tamiflu para a plataforma, quanto custou para a Petrobrás?

Os petroleiros embarcados sempre receberam vacinação contra a gripe. Em 2007 a vacinação foi feita na Universidade Santa Cecília. Nos anos seguintes a empresa passou a autorizar as clínicas particulares a aplicar o medicamento. Neste ano, para economizar, a Petrobrás inovou, propondo que os trabalhadores pagassem a vacina, para serem reembolsados posteriormente. Além de ser um reembolso parcial, de até R$ 100, a devolução nunca acontece.

O espaço confinado das plataformas é campo fértil para a proliferação de doenças infectocontagiosas. Frequentando ambientes comuns, como refeitório, as consequências são óbvias.

Segundo a gerência da plataforma "não estão segurando ninguém", dando a entender que estaria ao critério do trabalhador desembarcar. Porém, não é esse o procedimento.

Ao que tudo indica o setor Sáude quer evitar o impacto dos números de afastamentos e de atendimentos médicos com posterior desembarque. O Serviço de telemedicina sempre procede dessa forma, segurando os enfermos até que acabe sua escala.

O Sindipetro-LP não aceita que se trate casos de doença dessa forma, sempre empurrando a responsabilidade para o empregado. O pior acontece quando a doença acomete o trabalhador terceirizado. Temendo retaliação, o contratado acaba optando por tentar trabalhar.

É lamentável a falta de transparência da gerência e a omissão do setor médico. Passados seis dias da coleta, exigimos os resultados dos exames de mucosa para tranquilizar os trabalhadores e para sabermos que doença de fato acometeu a plataforma.