Nazareno Godeiro aponta desvalorização da Petrobrás como estratégia para privatização

Congresso da FNP

A manhã do terceiro dia do Congresso Nacional da FNP foi reservada pelo painel da Geopolítica do Petróleo formado pelo Comitê de da Campanha do Petróleo, Aepet e uma palestra sobre a verdadeira situação econômica da Petrobrás, as intenções dos ataques da mídia e a tentativa de desvalorização da empresa, que segundo o balanço revisado, apresentou prejuízo de mais de R$ 34,8 bilhões.

Ministrada por Nazareno Godeiro, pesquisador e membro da coordenação do Instituto Latino Americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese), a palestra pretendeu munir os participantes de argumentos em defesa da Petrobrás e para que possam conscientizar os petroleiros de que a empresa não está quebrada, como querem convencer a população.

Com dados do balanço da própria empresa, Nazareno destrinchou os números apresentados para o mercado e quebrou os argumentos dos especuladores, que apontam perdas irreparáveis para a Petrobrás e que mostram como única saída para a estatal a privatização.

Em 2014, os principais motivos para a Petrobrás dizer que deu prejuízo foram as baixas contábeis nos projetos ainda em construção pela empresa, como o Comperj (R$21,8 bilhões), que se considerou que não foi construído nada, quando estava pronta em 84% e Abreu e Lima (R$9,1 bilhões).

Já em 2015, o endividamento líquido do Sistema Petrobrás, expressos em reais, aumentou 39% em relação ao ano anterior, principalmente em decorrência da depreciação cambial de 47%, sendo que 74% da dívida está atrelada ao dólar. Este maior endividamento resultou em um aumento de R$ 7.118 milhões na despesa financeira.

Nazareno afirma que a Petrobrás deixará de ser uma empresa de multienergia " para ser uma mera exploradora de óleo cru. "Toda cadeia de exploração secundária, transporte, refino e abastecimento vai perder com a redução de investimentos, fazendo com que a empresa desmembre suas subsidiárias e as vendas com preços defasados. A ideia é mudar o foco e provocar um sucateamento proposital, concentrando suas operações somente em extração do óleo extraído" - denunciou.

Pré-sal

As reservas de pré-sal estão estimadas em 300 bilhões de barris, dos quais 60 bilhões já estão em processo de extração. Nazareno Godeiro afirmou que a Petrobrás sofre os efeitos do neoliberalismo com a desnacionalização e privatização. O regime de partilha coloca até 70% do petróleo brasileiro à disposição dos interesses do capital internacional, sendo muito lesivo à soberania nacional.

O pré-sal tem um potencial de reserva na ordem de 100 bilhões de barris, dos quais 50 bilhões já foram descobertos pela Petrobrás. A riqueza é estimada em US$ 5 trilhões de dólares. O pré-Sal é a última grande reserva de petróleo disponível no mundo com baixos custos de extração (9 dólares o barril).

No plano de negócios, o objetivo da Petrobrás é vender 67 bilhões de ativos na Bolsa de Valores nos próximos cinco anos. A previsão é de que o Brasil em 2023 tenha uma produção 5 milhões de barris e refine somente 2 milhões, sucateando assim sua capacidade de processamento e refino.

Temer e Parente

Outro grande problema enfrentado pela estatal é a posse do presidente interino, Michel Temer e o novo presidente da Petrobrás, Pedro Parente. O plano de Temer é privatizar as empresas públicas como Petrobrás, Eletrobrás, Correios, Caixa Federal, Banco do Brasil, BNDES, entre outras. Além disso, está na agenda neoliberal do governo repassar o controle e a exploração dos recursos naturais estratégicos como o pré-sal, por exemplo.

A gestão “Temer/Parente”, prima também pela terceirização de serviços e unidades, e o desinvestimento que vem causando milhares de demissões, retração econômica em diversos estados e municípios e enormes prejuízos para o desenvolvimento e a soberania do Brasil.

Primeiro passo

O pesquisador afirma que primeira forma de controle da Petrobrás seria a eleição direta da alta administração, com direito de voto de todos os funcionários diretos e terceiros, podendo se candidatar apenas concursado de carreira. Além disso, colocar a empresa sob controle dos trabalhadores, dos 17 sindicatos e representantes da base por Estado e área.

E por fim a eleição direta da alta administração é a melhor forma de obrigar candidatos a apresentar propostas aos seus eleitores.