Diretor de refino da Petrobrás quer criar empresas para vender participação em refinarias

Privatização à vista - ou em suaves prestações

Mesmo com estudo da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontando um deficit na importação de derivados de 1,1 milhão de barris por dia em 2030 (em 2015, foram 401 mil barris), o diretor de refino e gás da Petrobrás, Jorge Celestino, quer criar empresas que controlem refinarias e a infraestrutura logística dedicada às unidades e vender fatias a empresas privadas.

Segundo matéria publicada na Folha de S. Paulo, a Petrobrás “vai incluir ativos de logística de petróleo e combustíveis no processo de venda de participações em refinarias, que deve ser iniciado no ano que vem. O objetivo é permitir que os novos sócios maior flexibilidade com relação à suas operações, sem depender da estatal”.

A decisão torna ainda mais complicada a situação econômica do Brasil, que tem que importar derivados para suprir o mercado interno. "Para o país, talvez não seja a melhor solução. Mas é a melhor solução para a Petrobras", comentou o diretor, dizendo que a empresa busca sócios neste segmento porque "não pode um país ter uma empresa com 100% do mercado", disse o diretor de refino da companhia.

O estudo elaborado pela ANP alerta para a necessidade de construção de uma nova unidade. De acordo com o diretor da ANP, Aurélio Amaral, a melhor localização é o Maranhão, pela proximidade com os mercados consumidores do centro-oeste.  "Precisamos de investimentos, caso contrário teremos dificuldades para suprir o mercado", alertou Amaral. "Não sabemos o que vai acontecer no Oriente Médio. Se estoura uma guerra lá, como vamos fazer?", disse.

Murro em ponta de faca
Para Celestino, que fez o pronunciamento em palestra na feira Rio Oil & Gas, a ideia é criar empresas que controlem refinarias e a infraestrutura logística dedicada às unidades e vender fatias a empresas privadas. Celestino disse ainda que a Petrobrás não pretende construir novas refinarias, pelo menos até 2021.

Celestino não quis adiantar se as novas empresas terão apenas uma ou mais refinarias. Segundo ele, o modelo será apresentado ao conselho de administração da estatal até o final do ano.

"É um modelo que dá ao investidor gestão sobre as suas margens", explicou o executivo. Isso é, o sócio poderá decidir sobre o fornecimento do petróleo e o destino dos derivados produzidos.

Para a ANP, se não houver investimentos em refinarias o Brasil demandará expansão da capacidade de importação de combustíveis. 

Como temos observado, tanto Celestino quanto o Conselho de Administração estão pouco se importando com a dependência do país aos derivados de petróleo.  Vale lembrar que membros do conselho de administração fazem parte de grupos econômicos que pretendem comprar, a preço de banana, os ativos postos a venda.

Fonte: Folha de S. Paulo