Exposição ao Benzeno faz mais uma vítima fatal no Sistema Petrobrás

No terminal de Pilões, em Cubatão

Às vésperas do Dia Nacional de Luta Contra a Exposição ao Benzeno, data criada justamente para combater a negligência dos gestores da Petrobrás com a vida dos petroleiros, é com tristeza e indignação que o Sindipetro-LP informa que, no dia 18 de setembro, o petroleiro Marcelo do Couto Santos, de 49 anos de idade, faleceu em virtude da exposição ocupacional a hidrocarbonetos e ao Benzeno. Marcelo trabalhava há 30 anos na Petrobrás, como técnico de operação no terminal de Pilões da Transpetro de Cubatão.

O Sindipetro-LP tomou conhecimento da morte de Marcelo na terça-feira (3). No atestado de óbito, foi registrado que Marcelo sofreu uma parada cardiorrespiratória e insuficiência hepática, cirrose hepática, devido à intoxicação crônica do derivado benzeno.

Devido aos exames periódicos que os trabalhadores da área operacional são submetidos de seis em seis meses, a gerência do terminal de Pilões já sabia há anos das alterações no sangue causadas pelo benzeno. Porém, nenhuma medida foi tomada para afastá-lo da exposição.

Em meados de 2016, Marcelo passou a sofrer diversos distúrbios na saúde que o afastaram do trabalho. Preocupado com sua saúde, o trabalhador procurou por conta própria ajuda, encontrando na Santa Casa de Santos um médico que já na primeira consulta identificou imediatamente como causa de seus problemas a exposição ao benzeno. Em setembro do mesmo ano, com o agravamento das crises, Marcelo foi afastado pelo INSS e passou a receber auxílio doença. Em abril de 2017, deu entrada em sua aposentadoria por invalidez.

Apesar do sindicato cobrar da Petrobrás, insistentemente, que cumpra o acordo nacional do benzeno, a gerência de Pilões não entende que haja exposição ao agente cancerígeno.

Assim como em outras unidades do Sistema Petrobrás, os gestores do Terminal Pilões permitem, há anos, que os trabalhadores do terminal manipulem petróleo, que carrega benzeno em sua composição, além de armazenar gasolina e, até recentemente, nafta petroquímica.
 
Com essa negação, a empresa deixa de aplicar o Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno (PPEOB), ficando livre de garantir três ações fundamentais para as unidades que trabalham com o Benzeno. Dentre elas, medidas de segurança nas instalações, como alterações tecnológicas e maior controle de emissões do benzeno; implementação do Grupo de Trabalhadores do Benzeno (GTB), que amplia o debate, propõe ações e leva informações sobre o benzenismo para os demais trabalhadores; e implantação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), que estabelece um maior controle e acompanhamento à saúde do trabalhador exposto a agentes cancerígenos.

A morte do petroleiro é mais uma na conta da gestão da Petrobrás, que mesmo com a presença do benzeno no Terminal de Pilões, como em tantas outras unidades, alega que os níveis de exposição dos trabalhadores não são nocivos. No entanto, não há limites seguros de exposição ao benzeno.

O Sindipetro-LP realiza nesta quinta-feira, 5 de Outubro, em suas bases, o Dia Nacional de Luta Contra a Exposição ao Benzeno, com atrasos em unidades do Litoral Paulista e Seminário sobre o agente químico em São Sebastião, voltado para representantes sindicais e trabalhadores.

Precisamos ampliar o debate e cobrar da Petrobrás que aplique as medidas de segurança e tecnológicas para diminuir cada vez mais os riscos à saúde dos trabalhadores.

Couto morreu na Santa Casa de Praia Grande. Casado, deixou também um filho, estudante universitário. A diretoria do Sindipetro-LP presta aqui condolências à família e se prontifica a prestar toda assistência jurídica para que sejam garantidos seus direitos e para que a Petrobrás reconheça mais essa morte como causa de doença ocupacional.

Nossas vidas estão acima do lucro, chega de mortes no Sistema Petrobrás!

Marcelo do Couto Santos, Presente!