Sindipetro-LP repudia palestra de Sérgio Moro na Petrobrás

Petroleiro, boicote!

Nesta sexta-feira (8), a convite da Petrobrás, o juiz federal Sérgio Moro realiza palestra, no Edifício-Sede da companhia, no Rio de janeiro, como parte do Dia Internacional de Combate à Corrupção. Nós, petroleiros do Litoral Paulista, repudiamos a iniciativa da atual direção da companhia. Direção chefiada hoje por Pedro Parente - homem de confiança do corrupto governo Temer. Moro, que se recusa a investigar e condenar os atos de corrupção de seus aliados políticos, dentre eles o próprio Parente, não é bem-vindo. A sua presença é uma ofensa aos petroleiros. Convocamos todos os trabalhadores, que vem sendo pressionados a participar por suas gerências, seja presencialmente, seja por vídeotransmissão, a boicotar este evento!

A imagem, registrada em 2016, é simbólica: sentados lado a lado, como amigos íntimos, Sérgio Moro e Aécio Neves (PSDB) são flagrados aos risos num evento da revista Istoé - acredite! - de personalidades do ano. Na foto, está também o presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB). Ambos, líderes de partidos reconhecidamente envolvidos em negócios ilícitos, estão atolados em escândalos de corrupção. Todo um arsenal imoral de articulações políticas livram até hoje esses senhores da cadeia.

Não por acaso, muitos se perguntam: como é possível políticos corruptos como Temer e Aécio ainda estarem soltos? Boa parte da resposta se encontra no juiz vestido de herói: enquanto prega o combate à corrupção de inimigos políticos, Sergio Moro nada faz sobre a corrupção de seus aliados. E um dos grandes exemplos é Pedro Parente, colocado por Michel Temer na presidência da maior empresa do país para destrui-la.

Embora a seletividade da Lava Jato seja um dos seus elementos mais escandalosos, é preciso esclarecer: não se trata apenas de proteger antigos amigos. Não se trata somente de uma investigação que falhou por ter ficado no meio do caminho. Trata-se de atuar conscientemente em favor de interesses internacionais. Estamos falando de uma operação que tem como principal objetivo reposicionar as multinacionais em setores altamente lucrativos, como o do petróleo, construção civil e indústria naval.

Não é por acaso, ou simples efeito colateral, o fato de que a Lava Jato tenha sido responsável pela perda de mais de um milhão de empregos, fragilizando não só a Petrobrás, mas diversas empresas da cadeia produtiva do óleo e gás. Só as obras paralisadas, com destaque para o Comperj e Renest, somam R$ 90 bilhões jogados fora. Não é por acaso, também, o fato de que a única diretoria da companhia que escapou das investigações da Lava Jato é a de Exploração e Produção, a mais rentável. É nela onde atuam as empresas estrangeiras, tão ou mais corruptas que as empreiteiras nacionais.

Para nós, corrupto deve pagar pelo crime que cometeu. Os executivos das empreiteiras nacionais envolvidos nos escândalos de corrupção não merecem outro lugar senão a cadeia. Mas a destruição de empregos em massa é injustificável. Até mesmo os EUA, referencial de “justiça” de Moro, tem como política a preservação dos empregos em casos semelhantes, concentrando suas ações na condenação dos executivos. Neste ponto, convenientemente, Moro se esquece desta cartilha norte-americana. O objetivo é justamente destruir a Petrobrás e sua política de conteúdo nacional, abrindo os negócios da promissora província do pré-sal ao capital imperialista.

A venda de ativos, a aprovação da lei que desobriga a Petrobrás de participar do pré-sal, liberando essa enorme riqueza para o estrangeiro, é parte de um mesmo projeto político: devolver ao capital internacional o seu antigo domínio sobre o país. Eles não querem mais serem simples sócios, dividir o bolo, eles querem tudo! O enxugamento da força de trabalho terceirizada e direta, a tentativa de retirar direitos históricos da categoria, o desmonte da AMS e da Petros, nada disso é coincidência: facilita o caminho para a privatização da empresa, que por sua vez facilita a relocalização das empresas internacionais em nosso país. Infelizmente, a Lava Jato está a serviço deste projeto, não do necessário combate à corrupção. Moro, José Serra, Temer, Pedro Parente são alguns dos escalados para aplicar este projeto criminoso.

A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) enviou à Lava Jato consistentes denúncias de ilegalidades e corrupção na sistemática de privatização do Sistema Petrobrás. A venda de ativos valiosos a preço de banana, sem qualquer licitação, não interessa a Sergio Moro. Nada foi feito. Indicamos o boicote à sua palestra, mas àqueles petroleiros que ainda assim queiram ouvir o juiz, sugerimos a seguinte pergunta: Moro, por que não investiga a corrupção na venda de ativos de Pedro Parente?

Neste contexto, um encontro entre Parente e Sérgio Moro não passa de uma imensa demagogia. Parente é o fantoche do ataque neoliberal que produziu um governo golpista. Como pode falar em moralização de nossa empresa o homem designado para dilapidá-la e, se deixarmos, destrui-la? Sergio Moro, com sua atuação partidária, parcial, ilegal e autoritária, a serviço dos interesses internacionais, também não tem autoridade moral para falar aos petroleiros.

Nós, os trabalhadores da Petrobrás, não discursamos sobre conformidade, honestidade e combate à corrupção. Nós praticamos isto há 63 anos, confrontando governos corruptos e 21 anos de ditadura. Nós, que construímos esta empresa, repudiamos Temer, Pedro Parente e os juízes que abrem as portas da nação à voracidade do capital transnacional.

Queremos um Brasil para os brasileiros. Queremos uma indústria nacional a serviço dos interesses da nação, que gere emprego, renda e sirva de alavanca para o desenvolvimento do Brasil.

Fora, Pedro Parente!
Fora, Sérgio Moro!