Falha em helicóptero coloca em risco petroleiros da plataforma de Mexilhão

Terror aéreo

Não adiantou extensas negociações no RH local, não fez efeito discutir a demanda diretamente com o RH Corporativo, tampouco sensibilizou a direção da Petrobrás divulgar um boletim dedicado especialmente aos inúmeros problemas de segurança que afetam os voos dos petroleiros que trabalham nas plataformas de Merluza e Mexilhão. O ano de 2017 ficou para trás, mas em 2018 se renova o medo permanente de uma tragédia. E sem uma resposta efetiva da companhia, sem enrolação, sem desculpas, teremos que nos mobilizar.

No dia 17 de janeiro os trabalhadores vivenciaram uma experiência aterrorizante. Faltando apenas dez minutos para chegar na Plataforma de Mexilhão, o piloto da aeronave fez a volta e retornou para o Aeroporto de Itanhaém. Nesse trajeto, chegou a sobrevoar próximo à água. "Caso precisasse pousar na água o impacto seria menor", disse o piloto aos trabalhadores logo após realizar um pouso tenso com pancada brusca no Aeroporto de Itanhaém.

Não questionamos o profissionalismo do piloto. Este não é o problema. Questionamos a direção da Petrobrás e a gerência regional que, mesmo após seguidos alertas e potenciais tragédias, nada fizeram até agora senão deixar seus empregados à própria sorte. O que se passou no dia 17 foi uma possibilidade real de queda da aeronave no mar. Isso sem citar a apreensão e medo a que esses petroleiros foram submetidos.

Desde outubro de 2017 as aeronaves da Aeroleo Taxi Aereo S/A, empresa contratada pela Petrobrás, vêm apresentando problemas que vão desde falha no ar condicionado até ocorrências graves como limalha de ferro no óleo do motor da aeronave. Nessas situações é necessário deslocar aeronaves de diferentes contratos de outras unidades da Petrobrás.

Nas reuniões de outubro e novembro de 2017, solicitamos à Gerência de RH da UO-BS, assim como para o responsável pelo Transporte Aéreo, esclarecimentos e providências em relação aos problemas que consideramos recorrentes. Os responsáveis afirmaram que esse tipo de problema é excepcional e não voltaria a ocorrer. Além disso, garantiram que todos os questionamentos seriam respondidos o mais rápido possível.

Estamos em janeiro de 2018 e até agora nenhuma providência foi tomada. Não é possível que a gerência responsável pela vida de seus empregados continue ignorando os problemas das aeronaves. Lev a crer que a empresa contratada não está em dia com as manutenções das aeronaves. Mesmo que ela realize o plano obrigatório de manutenção, essa medida não é suficiente para resolver a situação. Novas aeronaves precisam ser disponibilizadas para atender a demanda enquanto as atuais precisam de manutenções completas.

Custa vidas... e recursos
Se a empresa não se preocupa com as vidas, mas sim com cifras, ainda assim ela deveria rever sua postura até aqui. Afinal, o valor de um contrato de aluguel de aeronaves não é barato. Como estão sendo acionadas aeronaves de outros contratos, isso gera um custo adicional para a UO-BS. Sem falhas, com aeronaves em perfeito estado de funcionamento, nada disso seria necessário.

Somada à apreensão diante de suas próprias vidas em risco, os trabalhadores também são forçados a conviver com a desestruturação de suas vidas sociais. A escala de trabalho é de 14 dias embarcados e 21 dias de folga. Quando há transtorno nos voos a vida pessoal do trabalhador, que organiza o seu cotidiano fora do trabalho durante a folga, é completamente afetada.

No caso dos trabalhadores que já estão embarcados, essas alterações fazem com que muitos trabalhadores ultrapassem em mais de 12 horas o limite de tempo estabelecido em sua escala. A empresa ignora este prejuízo e não parece se importar com o bem-estar de seus empregados.

O Sindipetro-LP enviou oficio aos gerentes responsáveis cobrando ações enérgicas, mas diante da prolongada inércia e negligência também estamos organizando com os trabalhadores ações para pressionar a empresa. Diante desta postura, fica cada vez mais nítida a necessidade de uma resposta à altura da categoria. Precisamos nos mobilizar! Por fim, já deixamos claro que se algo acontecer com os trabalhadores medidas judiciais serão tomadas para responsabilizar criminalmente os gestores.

ALGUNS DOS MUITOS “FATOS ISOLADOS”

3 de dezembro de 2016
Após superaquecimento em um dos motores, aeronave que iria decolar partindo da plataforma não consegue realizar o voo.

13 de dezembro de 2016
Mais de 90 trabalhadores de Mexilhão lançam manifesto apelando à gerência da Petrobrás para que tome providências sobre a insegurança. Só na primeira semana de dezembro foram três ocorrências.

18 de janeiro de 2017
Sindipetro-LP relata, em matéria em seu site oficial, transtornos nos voos. Diante de uma manutenção não prevista na aeronave titular, trabalhadores chegaram a ter o desembarque adiado em até dois dias. 

24 de outubro de 2017
Aeronave apresenta problema, gerando atraso nos voos

7 de novembro de 2017
Identificada limalha de ferro no óleo do motor da aeronave, forçando a transferência dos voos para o dia seguinte

5 de dezembro de 2017
Trabalhadores não conseguem embarcar e voo acaba sendo transferido para 6 de dezembro. Empresa não esclarece nem empregados, nem Sindicato, sobre as razões da alteração de data.

6 de dezembro de 2017
Aeronave apresenta problemas e voos atrasam.