Petroleiros protestam contra suspensão dos voos da Petrobrás no Aeroporto da cidade

Em Itanhaém

Na última terça-feira (8), a população de Itanhaém se deparou com um protesto no centro da cidade. O motivo: a retirada dos voos da Petrobras a partir do Aeroporto instalado no município. Toda a população, e especialmente o comércio, sai no prejuízo. A rede hoteleira, os restaurantes e os taxistas já sentem os efeitos. De uma só vez, 30 petroleiros terceirizados foram demitidos.

Prefeitura de Itanhaém e governo do estado, que foram entusiastas da privatização do Aeroporto e fizeram muita propaganda ao longo dos anos, agora lavam as mãos. O ato, organizado pelo Sindicato dos Petroleiros, cobrou o retorno dos voos à cidade e uma postura consequente dos governantes. Chega de promessas não cumpridas! Além disso, o Sindicato critica a atual política do governo federal para a Petrobras, baseada no programa de desinvestimentos e na redução de custos que em nada favorecem o país. Pelo contrário, tem resultado em mais desemprego e injustiça social.

Em abril, a Petrobrás encerrou definitivamente suas operações aéreas para as plataformas de Mexilhão e Merluza a partir do Aeroporto de Itanhaém. Os voos foram transferidos para Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Sem a companhia na cidade, o primeiro resultado foi a demissão, de uma só vez, de 30 petroleiros terceirizados que trabalhavam no terminal de passageiros da empresa. O drama desses trabalhadores não é pouca coisa. É também o drama de uma cidade, pois são atingidos também os comerciantes, sobretudo dos setores de alimentação e hotelaria. Toda a promessa de que o aeroporto seria a alavanca do desenvolvimento foi pelo ralo!

Até agora, nenhuma palavra do prefeito de Itanhaém, Marco Aurélio (PSDB), e dos vereadores – todos eles base de apoio à gestão municipal. Durante anos, exploraram a esperança do povo por dias melhores. Ao lado do governador Geraldo Alckmin, fizeram anúncios cheios de esperança e estamparam páginas e mais páginas de jornais com o sorriso no rosto. Agora, na hora de prestar contas e explicações à população, silêncio. Toda a indignação é justa. Por isso, é preciso dizer a verdade, apontar os responsáveis pela atual situação e indicar saídas.

Alckmin privatizou, Marco Aurélio aplaudiu
Uma das razões para a debandada da Petrobras de nossa cidade é a privatização do Aeroporto, realizada pelo governo Alckmin. Em 2013, a Petrobrás concluiu investimentos na ordem de R$ 14 milhões no Aeroporto. Boa parte desses recursos foi alojada na construção de um terminal de passageiros. A expectativa, naquele momento, era de aumento na movimentação de voos. Em contrapartida, o Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (DAESP) – responsável pelo Aeroporto – passou a conceder descontos mensais no contrato que garantia o uso do espaço.

Apenas quatro anos depois, em 18 de julho de 2017, Alckmin privatizou o Aeroporto através de uma concessão para o consórcio Voa São Paulo. Consórcio representado, “coincidentemente”, pelo sobrinho do governador, Othon César Ribeiro. A receita é conhecida: injeta-se milhões de recursos públicos num empreendimento e poucos anos depois entrega de bandeja para empresas privadas “amigas”. Essas empresas, sem nenhuma responsabilidade social, gerenciam o que antes era público segundo os seus interesses: o lucro.

Em Itanhaém, a primeira medida da Voa São Paulo foi acabar com o contrato que garantia medidas efetivas para a segurança do terminal em caso de emergência. Além disso, informações não oficiais apontam que o Consórcio passou a cobrar da Petrobras preços acima do valor de mercado – superiores, por exemplo, ao que era pago para o DAESP.

Ou seja, estamos nas mãos de governantes que pouco fizeram para defender os interesses da região. Assistiram, calados, toda a infraestrutura do pré-sal ser deslocada para o estado do Rio de Janeiro.

Tem dedo do prefeito nesta tragédia
Mais do que ser omisso em relação aos planos de Alckmin para o Aeroporto, o prefeito de Itanhaém foi um entusiasta da iniciativa. Num artigo publicado no jornal A Tribuna (imagem ao lado), em 21 de janeiro de 2014, o prefeito fez a seguinte afirmação: “O Aeroporto de Itanhaém é um dos símbolos marcantes de uma Cidade, que apresenta todas as qualidades para se tornar pólo de desenvolvimento socioeconômico, alinhado com os interesses regionais. Por tudo isso é que o Município está interessado no processo de concessão. Toda a economia local sairá fortalecida (...)”. Ou seja, Marco Aurélio defendeu a privatização, justamente uma das principais razões para a atual tragédia!

No artigo do prefeito, publicado em 21 de janeiro de 2014 em A Tribuna, ele afirmava que a concessão seria fonte de desenvolvimento. Não é o que aconteceu. Pelo contrário, a concessão/privatização foi responsável pelo fim das operações da Petrobras, gerando desemprego com a transferência dos voos para Jacarepaguá, no Rio de Janeiro

Não é “só” Itanhaém que perde, é toda Baixada Santista!
Ao lado de Itanhaém, Santos é outra cidade da Baixada Santista que tem permitido o sonho se transformar em pesadelo. A promessa de que a cidade se transformaria no “quartel general” do pré-sal foi esquecida. O audacioso projeto que envolvia a construção de três torres para abrigar seis mil trabalhadores, no bairro do Valongo, foi descartado pela Petrobras. O prédio construído é bem mais modesto e reúne menos de dois mil empregados. Como vizinhos, há diversos empreendimentos imobiliários. A maioria, completamente vazios. Verdadeiros elefantes brancos. Repetindo a postura de Marco Aurélio, o prefeito santista, Paulo Alexandre Barbosa, também nada fez e falou sobre a redução de investimentos na cidade.

Hoje, quem melhor soube aproveitar a exploração de petróleo na Bacia de Santos é o estado do Rio de Janeiro. É lá onde se concentra as principais bases aéreas e operacionais para o pré-sal. São Paulo, com seu peso econômico e estrutura disponível, poderia muito bem ocupar um importante espaço. Era essa a promessa. A pergunta que não quer calar é: por que ficamos para trás?

O pré-sal existe!
E está a pleno vapor

O pré-sal é uma mentira”, dizem alguns. Mas não é verdade. O pré-sal existe e atualmente produz 1 milhão e 300 mil barris diários de petróleo. É muita coisa. Passamos de 41 mil barris em 2010, apenas oito anos atrás, para mais de 1 milhão. Petróleo tem. Dinheiro também tem.

O problema é que nossos governantes não aproveitam as oportunidades geradas pelo pré-sal e, pior ainda, não prestam contas à população de forma transparente e ampla sobre como vem sendo utilizados os recursos oriundos desta riqueza.

Só em 2017, a Baixada Santista arrecadou R$ 151,6 milhões com royalties de petróleo e gás.Itanhaém, por exemplo, recebeu R$ 1.552.401,02. Já Santos, recebeu R$ 1.791.785,49. Em 2016, a arrecadação geral da região havia sido de R$ 1,4 bilhão. O pré-sal existe e, assim como foi a cana de açúcar, o café, o ouro e o minério, é uma riqueza estratégica que possui plenas condições de ser a locomotiva do desenvolvimento nacional.

Mas para que não se repita o que aconteceu com as primeiras riquezas descobertas em nosso país, devemos impedir que o petróleo seja entregue ao estrangeiro, como vem fazendo atualmente o governo Temer.

Privatizar a Petrobras e nosso pré-sal será ainda pior. Entenda!
No plano nacional, não estamos em melhores mãos. Com o pretexto de recuperar a saúde financeira da Petrobras, a atual diretoria da empresa vem aplicando uma política desastrosa de “redução de custo”. A transferência de voos de Itanhaém para Jacarepaguá estaria dentro deste plano de enxugamento de despesas.

Acontece que esta economia não visa reerguer a Petrobras, mas sim entregar negócios bilionários que estavam nas mãos de uma empresa nacional para empresas estrangeiras. O Deus Mercado é quem vem mandando na política do governo Temer. E no caso do lucrativo setor petrolífero não é diferente.

Além de não apresentar nenhuma planilha que comprove a suposta economia, o fato é que o plano de negócios da atual gestão da Petrobras não traz nenhum benefício para o país. Pelo contrário. Ativos valiosos estão sendo vendidos a preço de banana, como refinarias e terminais, e milhares de trabalhadores estão sendo demitidos para tornar a empresa mais atrativa ao mercado internacional. “Desinvestimento”, “venda de ativos”, “parcerias”, todas essas palavras são disfarces para o que de fato vem ocorrendo: a privatização da Petrobras.

Pedro Parente, presidente da Petrobras indicado por Temer, cuida da maior empresa do país como a raposa cuida do galinheiro. E Temer reza a cartilha do mercado, que exige a entrega de nossas riquezas. Para se ter uma ideia, foram aprovadas quatro medidas sob encomenda para as multinacionais: o fim da participação (obrigatória) mínima de 30% da Petrobras nos blocos de exploração do pré-sal; a exclusão da Petrobras como operadora única do pré-sal; e a isenção de impostos para as petrolíferas estrangeiras, o que representará a perda de cifras bilionárias para os cofres do país; e, por fim, a flexibilização de regras de conteúdo local, o que enfraquece a indústria nacional e, por consequência, impede a geração de renda e emprego em nosso país.

Mais uma vez, roubam nossas riquezas e fazem do Brasil uma simples colônia. E o pior, com a ajuda daqueles que deveriam representar os interesses da maioria do povo. Nós, como maioria, devemos fazer nossa voz ser ouvida. Nas eleições, nenhum perdão àqueles que entregam nossas riquezas. Nas ruas, lutar por um país justo e soberano. Se você também está indignado, junte-se a nós. Só a luta muda a vida!