PCR: mais uma política contra os trabalhadores

Nova armadilha

Para explicar o que ficou explícito para a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) sobre o novo Plano de Carreira e Remuneração (PCR), apresentado na reunião realizada nesta quarta-feira (13), se faz necessário lembrar que os sindicatos filiados à FNP ficaram sabendo sobre este projeto pelos trabalhadores da base.

Antes que a empresa mencionasse qualquer coisa sobre o projeto, a base procurou os sindicatos para relatar que a empresa estava indo às bases para realizar uma pesquisa sobre a criação de um novo plano de carreira. O que significa dizer que o projeto vinha sendo elaborado às escuras.

Por isso, durante a reunião de AMS, realizada no dia 3 de maio deste ano, os dirigentes da FNP questionaram o RH informações sobre o tal projeto e exigiu uma reunião para conhece-lo. Na época, o representante da estatal afirmou que o novo plano de carreira já estava com 75% pronto e não agendou reunião.

Embora a FNP tenha cobrado participação na elaboração do plano, a empresa não se manifestou. Surpreendentemente, às vésperas da reunião sobre PLR, marcada para o dia 13 de junho, a Federação Nacional recebeu um ofício do RH, no final da tarde de segunda-feira (12), em que informava a inclusão na pauta da reunião de uma apresentação sobre o novo plano de cargos.

De acordo com a apresentação, o plano de cargo PCAC atual, que era classificado entre “Júnior, Pleno, Sênior”, no PCR muda e passa a ser dividido entre “Júnior”, “Pleno”, “Sênior” e “Master”. No entanto, inicialmente, o RH garantiu que o PCAC não será extinto. Mas isso não significa um avanço, já que não resolve o problema dos topados.

De acordo com o representante da empresa, cria-se apenas dois cargos “genéricos”: “Nível Superior” com ênfase alguma coisa e “Nível Técnico” com ênfases também em alguma área técnica (Ex. Nível Superior, com ênfase em advocacia; ou, Nível Técnico, com ênfase em elétrica).

Assim, quando alguém for fazer um concurso para a estatal, optará entre os dois níveis. Em outras palavras, o trabalhador não irá se candidatar a cargos, mas sim, às ênfases existentes.

Dentro desse contexto, o petroleiro poderá ser manipulado para mudar de ênfase, de acordo com a necessidade da empresa. Todo processo será dado, segundo o RH, por meio do sistema “Mobiliza”, já existente na empresa.

No entanto, o que parece para a FNP é que, com tantas privatizações, a empresa precisa remanejar a sua mão de obra de trabalho e criar um projeto que viabilize esse remanejamento. Com isso, possivelmente, os concursos públicos para a estatal serão mais escassos.

Inicialmente, o RH informou que o novo plano de cargos é válido apenas para a Petrobrás Holding. Ou seja, a Transpetro, TBGs e outras estão fora desta nova política.

O representante da empresa também informou que o projeto não precisa do aval dos sindicatos, muito menos das assembleias dos trabalhadores para aprovar o projeto, na próxima semana, será apresentado à Direção Executiva da empresa, a fim de que seja aprovado. O que caracteriza, mais uma vez, que os petroleiros terão de engolir seco mais uma imposição da empresa.

Durante a apresentação, o representante da empresa explicou que o no plano vem para substituir o antigo Plano de Classificação e Avaliação de Cargos (PCAC), embora afirme que nenhum trabalhador será obrigado a migrar para o PCR, que será facultativo, podendo haver um abono para os que façam a migração. Será que é bom?

Também é importante destacar que o PCR foi elaborado com base nas orientações da consultoria e educação executiva da Fundação Instituto de Administração (Fia), que é ligado à Universidade de São Paulo (USP). Pode-se imaginar, então, o quanto foi gasto no planejamento do projeto.

Com tudo exposto, a preocupação sobre o PCR é grande. A FNP exigiu, na reunião da última quarta (13), uma nova reunião para que possa levar especialistas, a fim de aprofundar o estudo sobre o PCR, para que o trabalhador não perca nenhum direito.

Embora a empresa concorde que tenha outra reunião, na avaliação da FNP e pela pressa da empresa na implementação deste PCR, não será implementado nada vindo dos trabalhadores.

A FNP buscará mais informações para esclarecer à categoria sobre este novo plano de cargos.

Fonte: FNP