Petroleiros da RPBC realizam atraso contra anúncio de venda de refinarias e outros ativos

História se repete

 

Nesta segunda-feira (29) os petroleiros do turno e ADM da RPBC e termelétrica Euzébio Rocha realizaram atraso de três horas na refinaria, em protesto contra o anúncio da venda de oito refinarias do Sistema Petrobrás.

Na sexta-feira (26), a Petrobrás anunciou a venda de oito refinarias. São elas: Abreu e Lima (Rnest), Unidade de Industrialização do Xisto (Six), Refinaria Landulpho Alves (Rlam), Refinaria Gabriel Passos (Regap), Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), Refinaria Isaac Sabbá (Reman) e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor). De acordo com o anúncio da empresa, a venda dos ativos deve chegar a 15 bilhões de dólares.

O atraso acontece próximo de uma data histórica para a categoria petroleira. Prestes a completar 24 anos, num dia 3 de maio de 1995, iniciava em todo o país a histórica greve dos petroleiros, quando 92% dos trabalhadores das refinarias, terminais, plataformas e unidades de administração da empresa cruzaram os braços contra o fim do monopólio do petróleo, privatizações de estatais e perdas salariais dos anos anteriores. A greve durou 32 dias nacionalmente e 33 no Litoral Paulista.

Passados tantos anos, o petróleo brasileiro nunca foi tão cobiçado e esteve tão próximo de passar para as mãos de empresas estrangeiras quanto hoje.

Além das refinarias, o plano de gestão também inclui a venda de rede de postos da Petrobrás no Uruguai, além de participação adicional na BR Distribuidora.

A RPBC não está no pacote oferecido ao mercado nesse primeiro momento, o que não alivia em nada a situação e tensão da categoria do Litoral Paulista. Nesse momento em que companheiros nossos estão à beira de perderem seus empregos, será preciso mobilização de toda categoria petroleira, como em 1995, para evitar mais esse desastre para a economia do país.

Petrobrás na mira da privatização
A privatização total da Petrobrás, que no começo do ano era ventilado apenas como “um sonho de Roberto Castello Branco”, presidente da empresa, nas últimas semanas passou a fazer abertamente parte dos planos de Bolsonaro. Aparentemente tentando sentir a receptividade da notícia pela opinião pública, o ministro da Economia, Paulo Guedes assumiu, durante uma entrevista à GloboNews que, Bolsonaro enxerga na venda da empresa o fim dos problemas do governo quanto à influência nos preços dos combustíveis no país. Sabemos que a venda da Petrobrás representa muito mais do que a política de preços de combustíveis. Trata-se do fim da soberania nacional, desmonte da indústria brasileira e total submissão do país à volatilidade do preço do petróleo. Com tecnologia e expertise que permite extrair o petróleo do pré-sal a cerca de oito dólares o barril, pode-se imaginar o tamanho do lucro que as empresas terão com o petróleo sendo vendido hoje a 71 dólares.

Sucateamento e o fim do refino no Brasil
O Brasil esteve perto de se tornar autossuficiente, produzindo 80% do combustível consumido no país. Hoje, graças à política de preços da Petrobrás, que busca a paridade com o mercado internacional, as refinarias do país estão operando com 70% de sua capacidade de produção. Com essa redução, o país permitiu o aumento das importações de derivados de 2017 para cá em mais de 60%. Os EUA foi o país que mais se beneficiou com a abertura do mercado brasileiro para os derivados de petróleo, sendo responsável hoje por 80% dos combustíveis importados pelo Brasil.

A venda das refinarias anunciadas deve, em curto prazo, reverter ao país consequências como, a exemplo das usinas metalúrgicas, como a Usiminas de Cubatão, em fechamento de vagas de trabalho, sucateamento das plantas e, num futuro próximo e gradativo, fim das atividades de refino nas unidades vendidas. De acordo com analistas financeiros, mais importante do que a venda de ativos da Petrobrás é a conquista do mercado por ela abastecido.

Com os campos do petróleo do pré-sal sendo leiloados para empresas estrangeiras a preço de lata de refrigerante o barril, com o mercado de mais da metade do país nas mãos do capital privado, a lógica liberal aponta para o fim do refino no Brasil e consequente aumento das importações de derivados, gerando emprego e transferência de capital para outros países.

Com um governo majoritariamente composto por militares, nunca se viu entrega maior de nossas riquezas em tão curto espaço de tempo, justamente por aqueles que deveriam proteger e enaltecer a soberania do povo brasileiro.

A luta contra a venda das refinarias e privatização da Petrobrás será construída nos próximos dias entre os sindicatos e categoria. Precisamos responder com mobilização a mais esse ataque ao povo brasileiro.

Assim como em 1995, quando a união dos trabalhadores barrou a privatização da Petrobrás, este será o caminho para os petroleiros, que hoje só estão em uma empresa estatal graças à luta enfrentada bravamente pela categoria no passado.

Contra a venda de refinarias e contra a privatização da Petrobrás: estamos em luta!