Gerente de operação de Merluza diminui efetivo e coloca em risco trabalhadores, meio ambiente e unidade

Perigo na plataforma

Desde a semana passada até a próxima terça-feira (9) a operação da plataforma de Merluza está sendo feita com menos um técnico de operação, sem justificativas, somente pela vontade do gerente de operações da unidade. Segundo os rumores, ao que tudo indica, as mudanças podem ser permanentes e o período de mudança na escala da operação seria uma espécie de laboratório.

Diante dessa situação, os trabalhadores procuraram o sindicato, pois com a probabilidade de mudança definitiva na redução de efetivo, há riscos à segurança dos trabalhadores, ao meio ambiente e à planta.

A plataforma de Merluza não possui documento com quadro mínimo estipulado, porém, os anos em que a operação foi feita seguindo o padrão 4/2 foram necessários para se estabelecer um mínimo de trabalhadores embarcados. Uma redução no quadro efetivo sem um estudo prévio ou nova tecnologia que sustente o fechamento de uma vaga de trabalho não pode ser aceito, sob o risco de se tornar praxe dentro do sistema Petrobrás.

As mudanças no quadro de operação começaram em maio de 2019, após um evento ocorrido em abril, quando ficou acertado que a operação, que antes funcionava com quatro operadores de dia e dois de noite, passaria a ser feita com três operadores em cada período.

Na semana passada, sem nenhuma explicação, o gerente de operações decidiu sozinho, que seriam cinco operadores em Merluza, sendo três de dia e dois à noite.

Embora seja pequena, a plataforma é responsável pela produção dos campos de gás natural de Merluza e Lagosta, que posteriormente é escoada até a Unidade de Gás Natural localizada na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP), onde é processado, seguindo depois para distribuição.

Sucateamento e negligência
A plataforma de Merluza esteve na lista de desinvestimento da Petrobrás e seguindo o modus operandi de “sucatear para privatizar”, pouco se investiu em novas tecnologias na unidade. Assim, a atuação dos operadores em sincronia é imprescindível para a segurança da plataforma. Em muitas manobras o controlador precisa sempre de um operador no local para realizar algum serviço, como para ligar ou desligar as bombas na plataforma, cujos procedimentos são feitos manualmente no local. Dentro de um universo complexo, como a plataforma de Merluza, apenas cinco variáveis são acessadas remotamente.

Além dos problemas técnicos, há ainda questões pontuais como: bomba de incêndio em eminencia de pegar fogo; um sistema de combate a incêndio que não é efetivo; variáveis sem visualização pelo painel devido à falta de manutenção adequada por falta de peças sobressalentes; instrumentos da planta não confiáveis, com possibilidade de ocasionar shutdown a qualquer momento, como o que houve recentemente na plataforma, deixando os operadores as escuras.

A decisão arbitrária do gerente de plataforma vai contra padrões de execução da própria companhia. As operações de inserção de PIG na câmara do lançador e transferência de produtos químicos entre tanques, quando inflamáveis, devem ser realizadas sempre em dupla, obrigatoriamente.

Com a redução do efetivo, em caso de descontrole da planta, o supervisor precisa deixar seu posto e ajudar a retomar o sistema. Porém, não bastassem os problemas de ordem tecnológica e logística, os trabalhadores se queixam da atuação do supervisor, que muitas vezes deixa de atender variáveis importantes, que ficam pendentes de um operador de campo.

O Sindipetro-LP notificará a gerência da UO-BS sobre a irregularidade feita pela gerência de operação nos últimos dias, à Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Ibama, pelos risco envolvidos, e tomará todas as medidas para que a operação em Merluza seja mantida com o quadro efetivo padrão já testado e aprovado pela força de trabalho.