Para facilitar privatização, Petrobrás lança novo programa de demissão voluntária

Terceiro em apenas um ano

A Petrobrás lançou mais um Programa de Desligamento Voluntário (PDV), desta vez exclusivo para os empregados que trabalham no Corporativo. Este é o terceiro PDV lançado pela empresa neste ano, aprofundando a política de desmonte e privatização da companhia. Ao enxugar a força de trabalho, a intenção de Roberto Castello Branco é facilitar ainda mais a venda dos ativos que estão sendo negociados a preço de banana com as multinacionais do setor.

O primeiro PDV deste ano, e com inscrições até junho de 2020, foi lançado em maio exclusivamente para aposentados do INSS. Em abril, mirando nos ativos que pretende vender, o PDV foi aberto a todos os empregados, independente de idade e tempo de empresa. Encerrado no início de setembro, teve adesão de 11.704 pessoas - 97% da meta de 12 mil funcionários.

Nesta sexta-feira (27), um dia depois de anunciar o terceiro PDV do ano, a alta direção da empresa se reuniu com os trabalhadores em diferentes unidades para assediá-los, com discursos terroristas em que se proclamam salvadores da Petrobrás, classificando os trabalhadores que não se alinham ao discurso entreguista da empresa de “perigosos”. Não satisfeitos, seguem pedindo a desfiliação de empregados dos sindicatos, dentre outros absurdos.

A privatização da Petrobrás segue como tem planejado o governo Bolsonaro, “tomando as sopas pelas bordas”, sem alarde, mas causando grandes estragos. Dos mais de 80 mil trabalhadores próprios que a empresa empregava, restam cerca de 57 mil funcionários desde os seguidos PIDVs – primeiro foi lançado em 2015.

O reflexo dos PDVs é imediato. Além de gerar custos maiores do que as estimativas de economia, cresce o número de horas extras na empresa por falta de mão de obra para suprir a demanda de trabalho, que não diminuiu. Em contrapartida, aumentam também os afastamentos por problemas físicos e psicológicos dos petroleiros, além dos riscos de acidente pelo efetivo reduzido.

Com o PDV abre-se também uma avenida para a terceirização, que desde a reforma trabalhista vem sendo utilizada pelos grandes empresários como instrumento privilegiado de elevação de lucro. Salários rebaixados, condições precárias de trabalho, direitos reduzidos. Sim, sabemos que os petroleiros terceirizados sempre tiveram menos direitos e, em contrapartida, mais riscos de acidentes – inclusive fatais. No entanto, diante da atual política de aos patrões tudo e aos trabalhadores as migalhas, a exploração se aprofunda dramaticamente.

Dentre todas as perdas que cada PDV causa a de valor inestimável é o conhecimento técnico que está sendo botado pra fora da Petrobrás e que somente com anos de trabalho, estudo e dedicação é possível adquirir. Por mais que novas contratações sejam necessárias – embora não haja previsão de novos concursos -, nunca substituirão o corpo técnico que se perde em cada PDV.

Assim como a luta contra a retirada de direitos é uma luta também em defesa da Petrobrás, a defesa da força de trabalho e da manutenção dos postos de trabalho também se converte em uma luta contra a privatização. Precisamos resistir e a vitória de nossa campanha reivindicatória será certamente um elemento decisivo para a vitória de nossa resistência.