Mais uma vítima na RPBC: trabalhador morre após jornada de 12 horas

Triste estatística

Mais um trabalhador é vítima da precarização do trabalho dentro do Sistema Petrobrás. José Aderbal Pinheiro, funcionário da LSI Logística, empresa terceirizada que presta serviços de carregamento de coque de petróleo nos vagões na Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, morreu na última terça-feira (15) vítima de um infarto.

O trabalhador, que tinha 64 anos e atuava como operador de pá carregadeira se sentiu mal, por volta das 19h, durante troca de turno no vestiário da área de carregamento na UCP1.

O resgate foi acionado, mas ele já estava sem os sinais vitais. O atendimento foi feito pela equipe de resgate da RPBC. Houve várias tentativas de reanimação, mas sem sucesso. O terceirizado foi encaminhado ao PS de Cubatão e veio a óbito.

Condições de trabalho x capitalismo

Infelizmente José Aderbal entrou para a estatística das mortes no Sistema Petrobrás. Segundo dados da Federação Única dos Petroleiros (FUP) de 1995 até 2014 houve 344 mortes, sendo 64 próprios e 280 terceirizados. Segundo dados de um especialista em direito do trabalho, essa diferença se deve ao fato de que os terceirizados na Petrobrás têm 12 vezes maiores chances de se acidentar ou morrer em acidente do que um petroleiro concursado.

No dia da morte, o petroleiro terceirizado havia laborado uma jornada de 12 horas sob um calor escaldante, em uma área insalubre, contaminada com poeira respirável do coque, e ouvindo um ruído intenso da máquina que operava. Para piorar a situação a pá carregadeira, que havia sido substituída, apresentava vazamento constante, problema que obrigava o terceirizado a descer do equipamento, em uma altura de 3m, e carregar um galão de 20 litros de óleo hidráulico para preencher o reservatório da máquina. Diante dessas condições o companheiro apresentava um nível de estresse muito alto, fadiga e atrelados a uma idade avançada essa somatório se tornou um verdadeiro barril de pólvora o que pode ter culminado na sua morte.

Infelizmente esse não será mais um caso de óbito dentro de uma empresa já que a famigerada Reforma da Previdência atrelada à redução das normas regulamentadoras de trabalho vem reduzindo direitos e expondo ainda mais os trabalhadores ao capitalismo onde o lucro está acima de tudo e de todos. O governo começou a mudança pela NR -12, que trata da regulamentação de maquinário. Ela dispõe sobre a segurança no uso de máquinas e equipamentos no trabalho. A norma fixa, por exemplo, requisitos para prevenção de acidentes e doenças do trabalho no uso de máquinas e na manutenção ou montagem delas.

Atualmente, o Brasil tem 37 NRs e, mesmo assim, cerca de 2.700 trabalhadores morrem, por ano, vítimas de acidentes de trabalho no país. O Brasil é o quarto país onde mais ocorrem acidentes de trabalho. As principais causas, segundo a Organização Internacional de Trabalho (OIT), é o descumprimento de normas básicas de proteção e más condições nos ambientes e processos de trabalho. Se com essa regulação os números são alarmantes não é de se admirar que os dados se multipliquem. A situação está tão séria que, pela primeira vez, o Brasil está na lista dos dez piores países do mundo para trabalhar, de acordo com o Índice Global de Direitos da Confederação Sindical Internacional (CSI). Os motivos determinantes foram adoção de leis regressivas, repressão violenta de greves e ameaças e intimidação de líderes sindicais.

Descaso da terceirizada

Não bastasse às condições de trabalho que culminaram na morte do trabalhador a LSI Logística e a Petrobrás não deram amparo suficiente à família do ex-funcionário. O corpo de José Aderbal ficou mais de 30h sem poder ser liberado para a família realizar o velório, por erro do Hospital Modelo de Cubatão, e a terceirizada não acionou o serviço de assistência social para ajudar a solucionar a questão. Isso demonstra que para essas empresas os funcionários são apenas números e que não tem valor nenhum.

O velório de Aderbal acontece, nesse momento, no Cemitério de Cubatão e o enterro será às 15h no mesmo local. O Sindipetro-LP lamenta mais essa morte e irá participar da comissão de investigação.

José Aderbal Pinheiro, presente!