Procuradores do trabalho recolhem documentos em sede da Petrobrás na Pituba

Medida cautelar

Dois procuradores do trabalho estiveram na Torre Pituba, sede da Petrobrás em Salvador, para recolher documentos úteis ao processo ajuizado contra a Petrobrás, na última segunda-feira (05) . A medida cautelar impetrada contra a empresa pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) sustenta que a empresa praticou assédio organizacional contra os empregados, desde que decidiu encerrar atividades no prédio da capital e iniciou transferência de funcionários concursados. 

Segundo o MPT, casos de assédio organizacional são de difícil comprovação e os documentos recolhidos foram avaliados como bastante efetivos para servir como prova da tese do órgão. Questionado, o MPT informou, ainda, que o conteúdo dos documentos permanecem em sigilo, bem como a quantidade de papéis. Todos as cópias solicitadas, no entanto, foram recolhidas sem qualquer resistência dos funcionários da empresa. 

Segundo o CORREIO apurou, os documentos recolhidos envolvem, também, laudos médicos que comprovam funcionários doentes com quadro de depressão desde que a empresa anunciou a saída da cidade. Já são três semanas desde que a justiça concedeu liminar proibindo a Petrobras de realizar novas transferências, sob pena de multa.

O caso
A medida cautelar que impede a transferência de novos funcionários foi concedida pela justiça no último dia 16 de outubro. No processo, o MPT defende que os petroleiros foram submetidos a um ambiente de terror psicológico, desde que a empresa decidiu sair da Bahia, em junho. A decisão, que ainda está em vigor, impõe uma multa de R$ 300 mil, somada ainda a R$ 30 mil para cada funcionário prejudicado.

Assinada pelo juiz Danilo Gaspar, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), a medida liminar determina também que a Petrobras suspenda o lançamento de programas de demissão voluntária até o final do processo e não reduza benefícios concedidos aos funcionários que se transferem. Todas as ações vedadas pela liminar vêm ocorrendo na Bahia desde que a empresa decidiu esvaziar a sua sede em Salvador. 

Medida cautelar 
A ação ajuizada pelo MPT foi fruto do trabalho de um grupo de procuradores, depois que a tentativa de mediação entre os empregados e a própria empresa foi frustrada. “A primeira ideia que a gente teve foi de uma mediação entre as partes, para que chegassem a um consenso. Foram instaurados grupos de trabalho para isso, mas os trabalhadores começaram a nos procurar cada vez mais, e a gente começou a ter noção da gravidade do problema e começou a ver que o caso, na verdade, era bem grave”, explicou  a procuradora Séfora Char, coordenadora do grupo de trabalho e uma das que assina a peça inicial do processo. 

Ainda segundo Séfora, o assédio foi caracterizado pela falta de transparência com que a empresa conduziu as transferências. A aceleração do processo, que seria concluído apenas em dezembro de 2020 e teve seu final antecipado para o próximo dezembro, também é um fator agravante.

“Os trabalhadores não sabem os destinos dos seus contratos, eles mesmo têm que ligar para outros setores para procurar vagas. O processo não foi nada transparente, o procedimento não era claro, não se sabia se todos iam ser absolvidos pelas transferências”, relatou a procuradora à época da liminar.

Fonte: correio 24 horas