Após seis meses: gestores da Transpetro tentam cometer mesmos erros que culminaram na morte de trabalhador

Tebar

A política de lucro, a qualquer preço, orquestrada pelos gestores do Sistema Petrobrás deu, mais uma vez, “as caras” no Terminal Almirante Barroso (Tebar), em São Sebastião. Após seis meses do incidente que levou a morte o trabalhador Marcelo Bezerra do Nascimento operadores da Transpetro foram novamente excluídos da operação Ship to Ship no Terminal.

Para piorar a situação um desses navios estava operando paralelamente com o terminal, e até nessa operação a gerência queria excluir os técnicos de operação.

Um tremendo absurdo!  São seis meses sem resolver os problemas que causaram o acidente e ceifaram a vida de um pai de família e a empresa investe em nova tentativa sem implementação de melhorias e sem os técnicos de operação especialistas atuando no processo.

Desta vez, felizmente, a situação teve um desfecho diferente. A Marinha local interviu e suspendeu a operação depois de encontrar irregularidades que têm uma relação direta com o o ocorrido no último mês de abril.

Entenda o caso

O trabalhador próprio, Marcelo Bezerra do Nascimento, marinheiro de convés do Sistema Petrobrás morreu no dia 28 de abril, deste ano, depois de passar mal durante manobra de reposicionamento de embarcações (ship to ship) do Navio Milton Santos, que estava à deriva no porto da Transpetro em São Sebastião/SP.

A manobra estava sendo feita em meio a uma tempestade, que atingiu as cidades do Litoral Paulista. O mar agitado pelo vendaval, que se formou, provocou o rompimento da amarração, arrancando o navio do píer, o que obrigou a manobra de reposicionamento da embarcação.

De acordo com o que foi apurado, à época, pelos dirigentes do Sindipetro-LP  as embarcações estavam conectadas entre si por quatro mangotes, sem o sistema de válvula de segurança (safety break-away valve).

 Os navios desatracaram não somente devido às condições adversas do tempo, mas por estarem na mesma amarração no píer, o que é uma irresponsabilidade, pois mudanças abruptas do clima são recorrentes.

 Houve uma sequência de eventos que potencializaram os riscos e que podem ter contribuído com o mal súbito do trabalhador. Os navios ao desatracarem romperam os cabos que poderiam atingir pessoas, equipamentos e a própria Casa de Controle do Píer Sul, onde ficam operadores e os Giaonts.

Uma das embarcações ao desatracar estava completamente à deriva, sem rebocadores, máquina, ou prático e colidiu de raspão com o Dolphin 2 e no costado do navio, como foi possível constatar no dia seguinte ao acidente.

Desgovernado dirigiu- em direção ao Pier Norte-berço3, sob o risco de colidir com outro navio e Dolphin 1 do Píer Norte. A sorte ajudou direcionando-o para o canal, varrido em direção a Ilhabela.

Tudo indicou que houve demora no socorro devido a burocracia do terminal, amparado por procedimentos de ISPS-Code, que tiveram que prestar atendimento via carga seca do porto. Além disso, teve a falta de preparo de chefes que, sem saber o que fazer, ficaram gritando com todos, não sabendo lidar com situação.

Sem o safety break-away valve havia o risco de rompimento do mangote de conexão e transbordo que estava cheio com aproximadamente 7000 litros de petróleo.

Para os representantes do Sindipetro, o incidente com a embarcação poderia ter sido evitado se a empresa ouvisse os operadores, que são os especialistas na operação de navios, que não concordam com a forma que as coisas são feitas no terminal.

Novo desfecho

Diante da intransigência dos gestores do Tebar,  em tentar novamente fazer uma operação ship to ship sem a presença dos operadores do terminal, a diretoria do Sindicato irá fazer um trabalho com os órgãos fiscalizadores locais para pressionar a empresa no sentido de inserir os técnicos de operação nesse tipo de trabalho. Além disso, também irá agir de forma que a Transpetro promova ações para evitar novas ocorrências iguais as que culminaram na morte do petroleiro e que tentaram, em vão, repetir graças à interferência da Marinha.