Trabalhadores da Allcontrol cruzam os braços na RPBC após atraso nos salários

Sem repasse

Os trabalhadores da Allcontrol Engenharia, empresa que presta serviço de manutenção de elétrica e instrumentação na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão, iniciaram nesta segunda-feira (9) greve por tempo indeterminado. O motivo da mobilização é o atraso no pagamento dos salários, que deveria ser depositado na última sexta-feira (6). Por isso, enquanto o efetivo pagamento não for efetuado a categoria não retornará ao trabalho.

Esta não é a primeira dor de cabeça que a empresa dá aos trabalhadores e sindicatos. Desde que assumiu o contrato herdado da SGS, em outubro, ela vem desrespeitando a tabela salarial estabelecido pelos sindicatos de Metalúrgicos, Construção Civil, Comissão de Desempregados de Cubatão e Petroleiros. À revelia dos valores salariais e benefícios estipulados pelos sindicatos e trabalhadores, com o devido conhecimento da gerência da RPBC, a Allcontrol vem praticando salários abaixo do que a tabela estipula. O vale-alimentação, que também está previsto na tabela, sequer foi concedido aos trabalhadores, o que já motivou ação judicial do sindicato.

Em solidariedade e unidade com o Sindicato dos Metalúrgicos, o Sindipetro-LP vem atuando para preservar os interesses e direitos dos trabalhadores. Por isso, vem denunciando ao RH da Petrobrás as inúmeras irregularidades cometidas e cobrando uma ação. Afinal, o drama desses trabalhadores é responsabilidade também da companhia na medida em que seu único critério para a contratação de prestadoras de serviço tem sido o menor preço. Esta postura, que visa reduzir custos de maneira indiscriminada, tem sido trágica para a própria produção da unidade e ainda mais para os petroleiros terceirizados.

Para se ter uma ideia do fracasso desta política, somente na RPBC já aplicaram calotes em contratos recentes as empresas Altivale, JPTE, Alpitec e Masterlogic. Fábio Mello, diretor do Sindipetro-LP que vem acompanhando todo o processo, reforça que os últimos processos licitatórios da companhia têm permitido que empresas sem qualificação nenhuma façam esse tipo de lambança. "A Allcontrol nunca trabalhou no Sistema Petrobrás e licitou um preço totalmente abaixo do mercado. Ganhou o contrato porque  mudaram as leis das licitações para beneficiar empresários que lucram à custa do sofrimento dos trabalhadores”.

Outro problema já identificado pelos sindicatos é a facilidade com que empresas aventureiras entram e saem da Petrobrás. Enquanto oferecem salários e benefícios inferiores ao que se pagava em 2016, ano inclusive usado como referência para a Tabela Salarial Unificada, as empresas terceirizadas recebem uma taxa de implementação que varia de 10% a 30% do valor do contrato para admitir a força de trabalho. “E a realidade é que muitas, menos de três meses após o início do contrato, deixam a Petrobrás sem garantir o correto pagamento dos direitos trabalhistas da mão de obra contratada. Além de afetar a vida de centenas de trabalhadores, banaliza uma das principais causas dos acidentes no local de trabalho: a alta rotatividade”, completa Mello.

Sindicatos e Comissão já deram o recado à Allcontrol e à gestão da Petrobrás: não são os trabalhadores que irão pagar pelas aventuras cometidas por empresários gananciosos e sem responsabilidade. A resposta dos trabalhadores será pressão e luta.