Mudar escala do turno não basta, Petrobrás deve parar atividades não essenciais

Covid-19


Em reunião com a Federação Nacional dos Petroleiros nesta quinta-feira (19), por videoconferência, a Petrobrás apresentou a sua proposta de combate ao coronavírus (Covid-19): mudar a atual escala do regime de turno de 8 para 12 horas. Trata-se, evidentemente, de uma ação insuficiente para preservar a saúde da categoria petroleira e ajudar o país a barrar o avanço da doença.

Não por acaso, é crescente entre os petroleiros e petroleiras a insatisfação com as medidas tomadas até aqui pela direção da companhia. Trabalhadores que desempenham funções que não são essenciais seguem dentro das unidades, a emissão das permissões de trabalho segue sendo efetuada como se o país estivesse numa situação de normalidade, petroleiros terceirizados seguem sendo forçados a trabalhar e enfrentar aglomerações para almoçar.

Por isso, o clima é de preocupação e até mesmo revolta. Diante desse cenário, os sindicatos entendem que a sala de crise criada pela companhia para traçar ações contra o coronavírus não atendem nem mesmo às orientações da Organização Mundial da Saúde. A mudança da escala de trabalho nos turnos de 8 para 12 horas só pode ser bem-sucedida se vier acompanhada de outras medidas simultâneas. Uma delas, a principal, é a suspensão de toda e qualquer atividade que não seja essencial para a continuidade das operações e do atendimento às necessidades da população brasileira. Isso inclui, por exemplo, a dispensa de boa parte da força de trabalho terceirizada e da manutenção direta.

Para ilustrar a preocupação com a simples mudança de escala de trabalho, como propõe a empresa, lembramos que terá como consequência ao trabalhador a exposição a agentes nocivos e possível contaminação por mais 4 horas. Vale dizer ainda que a exaustão gerada pela atividade laboral prolongada diminui a imunidade e até mesmo o estado de atenção, facilitando uma possível contaminação. A cobrança pela adoção de transporte mais seguro, via táxi por exemplo, também foi colocada em pauta. A intenção da empresa era a assinatura imediata de um termo aditivo para a mudança de turno, mas diante de tantas demandas pendentes é preciso que a companhia avance muito mais. Ao fim da negociação, os representantes da direção da Petrobrás informaram que as reivindicações serão avaliadas.

Vale ressaltar que esta primeira reunião tratou exclusivamente da situação das unidades do refino, gás e termelétricas. Em breve, o que pode ocorrer ainda nesta quinta (19), nova reunião deve ser realizada para tratar da realidade dos terminais e plataformas. Qualquer dúvida ou problema enfrentado no local de trabalho, pedimos que entre em contato imediatamente com a Diretoria Colegiada do Sindipetro-LP.

Casos de Covid-19 na Petrobrás
Segundo a companhia, o levantamento realizado sobre os empregados da Petrobrás aponta até hoje 19 casos suspeitos descartados, outros 18 ainda sob análise e um caso confirmado, sendo de um trabalhador que contraiu o Covid-19 durante o período de férias. Ele não retornou ao trabalho e segue sob monitoramento médico. Em todo o país, segundo o Ministério da Saúde, já são 621 casos confirmados, com sete vítimas fatais.