Bolsonaro não libera recursos para quarentena geral, mas libera 1,2 trilhão para bancos

Crime contra a vida

Com a ameaça do desemprego e da fome, que batem à porta de milhões de brasileiros diante da paralisia do governo em socorrer quem mais precisa, o fim da quarentena se apresenta para muitos como a única opção para seguir sobrevivendo.

Não por acaso, há quem concorde que o Brasil não pode parar. No entanto, o coronavírus segue crescendo em nosso país, segue contaminando e matando, e a melhor forma de combater a pandemia continua sendo testes em massa e isolamento social.

Não temos que escolher entre salvar vidas ou a economia. Podemos salvar vidas, barrando o avanço do Covid-19, e enfrentar os impactos econômicos da pandemia sobre a população. Para isso, o governo precisa assumir a responsabilidade sobre a garantia da quarentena, apresentando medidas que beneficiem de fato quem mais precisa.

Neste cenário, o repasse de R$ 1,2 trilhão para "dar liquidez ao sistema financeiro" é absurdo. Em vez de ajudar diretamente pequenos e microempresários, assim como trabalhadores, desempregados e informais, o governo injeta trilhões no sistema financeiro para que os bancos concedam empréstimos. Ou seja, para que lucrem com o pequeno comerciante falido, e com o trabalhador sem emprego e renda. Aliás, os bancos já anunciaram a elevação das taxas de juros. Vão lucrar com o estado de calamidade que vive o país!

Para salvar vidas precisamos da manutenção do isolamento social em massa. E para garantir a quarentena, precisamos que o governo apresente medidas para preservar empregos e salários; renda digna para informais e recursos para pequenos empresários.

A aprovação ontem no Congresso de uma renda básica emergencial para informais e desempregados (600 a 1.200 reais), que ainda precisa passar pelo Senado e ser sancionada por Bolsonaro, assim como os R$ 40 bilhões anunciados hoje (27) pelo governo para pequenas e médias empresas, são enfim medidas concretas neste sentido. Mas insuficientes para a extensão e profundidade do drama social que se abate sobre milhões de famílias.

Precisamos de muito mais para garantir: a quarentena geral, com testes amplos para impedir a proliferação, assim como a manutenção de empregos e ampliação do investimento público. Para isso, é urgente a revogação da PEC do Teto dos Gastos, que limita os investimentos em áreas essenciais, a auditoria da dívida pública, que já ultrapassa R$ 6 trilhões, assim como uma reforma tributária solidária, que dê fim à injustiça que é os mais pobres pagarem (proporcionalmente) mais impostos que os ricos.

Lembramos que uma única medida citada acima, a taxação das grandes fortunas - prevista na Constituição Federal - renderia ao país mais de R$ 270 bilhões. O Brasil tem recursos, chegou a hora dos super-ricos darem sua contribuição.

Via Frente Sindical Classista