Reuniões remotas mantém interação com trabalhadores e atuação do sindicato durante pandemia

Setoriais continuam

Seguindo a determinação do governo de São Paulo, desde o dia 23 de março a sede e subsede do sindicato estão fechadas para atendimento presencial. Para passar por esse período, o sindicato precisou se adaptar. Além de manter os atendimentos por Whatsapp ou telefone, diante de inúmeros descumprimentos do acordo coletivo e da ineficiência da empresa em combater o avanço do novo coronavírus, a diretoria do Sindipetro-LP tem realizado reuniões setoriais via Skype com a categoria.

As reuniões foram realizadas do dia 8 ao dia 16, com os trabalhadores da UTGCA e Alemoa (8), RPBC/UTE Euzébio Rocha (9), com os agentes da Inteligência e Segurança Corporativa da Petrobras (ISC) da RPBC (10), empregados das plataformas (13), do Tebar (14) e com os trabalhadores de Pilões (16).

As reuniões trataram do momento crítico pelo qual a categoria passa entre a crise sanitária provocada pelo novo coronavírus e pela guerra comercial entre a Rússia e a Arábia Saudita, que baixou o preço do barril do petróleo, cotado hoje em US$20. Depois de ter apostado quase todo seu investimento na exploração do petróleo, para manter suas margens de lucro a empresa, de maneira sorrateira, quer impor de forma unilateral e sem qualquer negociação com o sindicato seu “Plano de Resiliência”, reduzindo salários e alterando os regimes de trabalho no Sistema Petrobrás.

Durante as setoriais, a diretoria do LP reforçou que as medidas foram aplicadas sem anuência do sindicato e que a empresa mente descaradamente ao espalhar que vem fazendo reuniões consecutivas com as direções sindicais.

De forma sistemática, a Petrobrás vem desrespeitando o acordo coletivo (ACT) celebrado no TST em 2019 e a própria CLT. Prova disso é a liminar que a FNP conseguiu, que diz que a Petrobrás deve manter os mesmos direitos, vantagens e benefícios previstos em normas internas inerentes aos regimes especiais em que os trabalhadores estão inseridos durante o período da pandemia, com pena de multa diária de R$200,00 por cada empregado.

Ao mesmo tempo em que reduz jornada e salários, a empresa preserva os cargos comissionados e a alta gestão da companhia que continua com o aumento vigente de 26% nos salários e aplica turnos de 12 horas, com possibilidade de mais quatro horas extras por dia. Os trabalhadores temem que a alteração seja um ensaio para implantar esse turno definitivamente. O sindicato está atento e tomando as medidas possíveis para evitar mais esse ataque aos petroleiros.

A diretoria do LP e demais sindicatos da FNP tem atuado para que aumento nos salários dos gerentes sejam cancelados, bem como o Programa de Premiação de Performance (PPP). Somente essas ações gerariam uma economia de cerca de R$ 3 bilhões, ao passo que as medidas de resiliência implantadas pela empresa gerariam uma economia menor, de R$ 2,6 bi. Tais propostas foram apresentadas à Petrobrás pela FNP.

Dentre outros assuntos comuns nas setoriais, a categoria foi unânime ao denunciar falta de produtos de limpeza para higienização de equipamentos coletivos. O Sindicato vem cobrando a resolução do problema.

Outra preocupação recorrente nas setoriais, os petroleiros reclamaram dos poucos laboratórios credenciados pela AMS para Teste do PCR Covid-19. O assunto foi levado para reunião de acompanhamento da AMS e o problema na Baixada Santista foi resolvido. No Litoral Norte a AMS ainda está credenciando os laboratórios que fazem o teste. O Sindicato está cobrando a assistência médica dos petroleiros para solucionar o problema.

Os últimos números divulgados pela Petrobrás sobre casos de covid-19, registravam em 14 de abril 1372 casos, sendo 132 confirmado, 932 suspeitos e 301 descartados. Petrobras holding até 15/04.

Já na Transpetro, em 15 de abri, haviam 108 registros, 14 confirmados, 70 suspeitos e 24 descartados.

O Sindipetro-LP tem acompanhado a evolução da doença nas unidades da região e cobrado medidas para diminuir os riscos aos trabalhadores próprios e terceirizados. A entidade recomenda que em caso de suspeita, o trabalhador fique em casa e procure atendimento remoto prestado pela AMS. Acesse clicando aqui.

Só procure atendimento médico presencial se houver falta de ar. É considerado caso suspeito para Covid-19 todo indivíduo, independentemente da idade, que apresentar sintomas de síndrome gripal: febre de início súbito, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta ou coriza ou dificuldade respiratória.

Veja os principais pontos debatidos em cada setorial

UTGCA – 08/04 

Devido a pandemia, a eleição da nova CIPA da UTGCA está adiada. O Sindipetro-LP irá propor um alinhamento de todas as suas bases, com orientação para prorrogação das atuais CIPAS. Uma nova setorial está marcada para esta sexta-feira (24). Participe!

Alemoa – 08/04
Durante a setorial da Alemoa a diretoria voltou a afirmar que a mudança da Tabela de 8 para 12 horas foi decidida de forma unilateral pela empresa. É consenso entre os trabalhadores o receio de que a empresa esteja fazendo uma espécie de laboratório para na sequência implantar o turno de 12 horas de forma definitiva, ou até mesmo a subtração de uma das turmas, uma vez que a Petrobrás abriu um novo PIDV, sem sequer concluir o atual e sem perspectivas de novas admissões. Aos trabalhadores dos terminais, a diretoria do Sindipetro-LP informou que em reunião com a Transpetro, a gestão da empresa disse que não existe tal hipótese e que a mudança da tabela é somente para reduzir as trocas de turno entre os operadores.

Indagados se a empresa afastou os trabalhadores do grupo de risco, os participantes confirmaram que sim. No total, atualmente o terminal tem seis dos seus operadores afastados.

No entanto, a empresa não tem reduzido as atividades de forma adequada. Como a maioria dos grupos de turnos tiveram redução, os trabalhadores disseram que algumas atividades se sobrepõem ao número necessário de operadores. Segundo os trabalhadores, no início das mudanças em decorrência da pandemia, houve uma pequena alteração nas atividades, mas gradativamente a redução foi diminuindo. Os trabalhadores estão preocupados, uma vez que a gestão, sabendo da deficiência do quadro, não atuou na programação das atividades para reduzi-las. A diretoria do LP se comprometeu a cobrar da gestão do terminal, pois a redução das atividades já havia sido assumida pela empresa em reunião com o sindicato.

O sindicato informou que o acordado era que somente seriam executados serviços essenciais da operação. A diretoria também exigiu que não houvesse descontinuidade dos contratos nem dos salários dos terceirizados, porém a gestão da empresa está se aproveitando da situação para descontinuar obrigações com os trabalhadores terceirizados, usando o pretexto da quarentena sanitária para impor seu plano de resiliência aos terceirizados, com reduções de salários e até demissões.

Outras medidas que haviam sido anunciadas pela empresa também não estão sendo cumpridas, dentre elas a contratação de uma empresa de desinfecção que seria enviada ao terminal. Além disso, falta álcool gel 70 para a desinfecção dos equipamentos como teclados e mouses.

Os trabalhadores também reclamaram do fornecimento de apenas uma máscara de pano por operador, quando todos sabem que a recomendação do Ministério da Saúde é de troca de máscara a cada duas horas, ou seja, no mínimo cada trabalhador deveria receber seis máscaras para o turno de 12 horas. Sobre esse fato, o sindicato também questionará a gerência do terminal.

Situação do abastecimento de GLP para as companhias de distribuição
Os trabalhadores confirmaram que há um trecho de dutos em reparos que interliga a RPBC com o planalto. Com isso, o deslocamento passou a ser feito da RPBC para o terminal da Alemoa e do terminal para as companhias, o que demonstra a importância deste ativo uma vez que também recebe GLP importado e sem o Terminal da Alemoa o abastecimento seria interrompido.

Situação das Barcaças
Para os trabalhadores do terminal, com o inspetor de Banker já atuando na unidade, é questão de tempo para que o posto de trabalho do operador do Píer seja fechado. Os petroleiros acreditam que a atividade de remoção de lacres e medição deveria ser feita por um funcionário da Transpetro, pois há um enorme risco de fraude. Por não participarem do processo, os petroleiros não estão assinando a carta de carregamento.

RPBC/UTE Euzébio Rocha – 09/04
A setorial começou com a fala da diretoria do Sindipetro-LP, voltada para os trabalhadores que se encontram afastados por pertencerem ao grupo de risco, dizendo para que não se sintam como um peso para a categoria. Por tradição, a categoria petroleira é solidária e sabe da importância do afastamento social neste momento. A reunião via Skype com os trabalhadores contou com a participação do doutor José Henrique Coelho, do jurídico do Sindipetro-LP, que pontuou sobre as ações jurídicas em andamento.

A diretoria do LP alertou os trabalhadores sobre a importância da organização, a fim de evitar possíveis assédios da gestão, cuidando pela manutenção dos quadros de turno, como já fizeram em relação às dobras. Para isso é preciso organizar as tabelas para eventuais escalas em dia de folga. A medida não se trata de obrigação, mas dada a situação, em que trabalhadores estão afastados por serem do grupo de risco e outros que poderão eventualmente adoecer, é preciso prevenção e compreensão de todos.

Durante a conversa, os trabalhadores fizeram perguntas, que foram transmitidas à empresa.

1- Parte dos trabalhadores da operação que estão em home office não receberam por parte das gerências orientação alguma do que fazer. Também não têm informações de como tratarão as frequências.

2 – A empresa não apresentou nenhum procedimento, tampouco disponibilizou produtos para higienização de equipamentos coletivos (rádios, teclados, mouses e coletor de dados). Os trabalhadores sugeriram que a coleta de dados fosse suspensa no período da pandemia.

3- Destacaram que no relógio de ponto das CCLs são híbridos, registram tanto entrada como saída, sendo necessário digitar um código antes de passar o crachá, aumentando o risco de contágio. A sugestão dos trabalhadores é que durante a Pandemia o registro de ponto volte para a bateria, uma vez que no local tem o relógio da entrada e da saída, sem necessidade de digitar nada.

4 – Mesmo com risco de contágio pelo novo coronavírus, a refinaria não tem fornecido máscaras, o que acaba expondo os trabalhadores.

Setorial ISC da RPBC – 10/04
Durante a reunião com os inspetores, a diretoria do LP reforçou que qualquer tipo de alteração por parte da empresa precisa, necessariamente, passar pela entidade sindical. A explicação foi necessária, pois os trabalhadores que participaram da greve no começo do ano receberam ligações por parte da gerência da ISC, informando que mudariam do horário de turno para o horário administrativo.

Os trabalhadores estavam em horário de folga quando foram convocados para o teletrabalho, feita por telefone, com o gerente regional também na ligação. No entanto, não receberam nenhuma orientação de como seria o trabalho e nem a forma de registro de ponto. No telefonema disseram apenas que receberiam uma nova ligação, que até agora não foi feita, e passarem na RPBC ou EDISA para pegarem um notebook para exercerem a função, a qual não tiveram nenhum tipo de treinamento.

Os trabalhadores da ISC acreditam que só foram transferidos para o teletrabalho por terem participado da última greve, o que deixou a coordenação da ISC, ocupada por um ex militar, furiosa.

Com muitas dúvidas sobre como agirem diante de situações como a relatada, fizeram perguntas e receberam as seguintes orientações:

Quando devo atender uma ligação da empresa?
Os trabalhadores escalados para o teletrabalho devem atender as ligações normalmente, pois a qualquer momento a empresa pode ligar para o funcionário.

Por sermos considerados serviços essenciais, podemos forçar uma ida no turno?
O sindicato não recomenda, pois pode caracterizar insubordinação.

Temos direito ao vale alimentação pago aos que estão no ADM do prédio?
Sim.

Até a publicação deste conteúdo a empresa não oficializou a ida desses trabalhadores para o regime de teletrabalho. O sindicato está tomando providências para que a gerência torne a mudança da escala de trabalho oficial.

Foi explicado que as medidas que a empresa vem adotando não estão sendo negociados com sindicato, por tanto ela é ilegal, e a Petrobras está se aproveitando momento que estamos vivendo para adotar essas medidas de punições, reduções de salários, cargas horárias e alterações de escala pois as mobilizações e

Plataformas – 13/04
Os problemas apresentados nas plataformas seguem muito do que acontece em outras unidades operacionais em terra, já relatados aqui, com o agravante do confinamento. Há entre os embarcados um sentimento de abandono por parte da empresa. Dentre das ações que a categoria pede está a divulgação junto à imprensa nacional dos problemas enfrentados pelos embarcados e denunciar o oportunismo da empresa em querer retirar direitos em meio a medidas de combate ao novo coronavírus.

Como em outras unidades, os embarcados deslocados para trabalho home office se queixam de não terem recebido nenhuma orientação para o desenvolvimento de suas atividades. Após superado o ponto das orientações do trabalho à distância, os embarcados sugerem um rodízio para home office para não afetar financeiramente uma parte dos trabalhadores.

Outra reclamação é o completo descaso com o embarque daqueles que não são do Rio de Janeiro ou São Paulo. Segundo os presentes na reunião online, quem vem de longe tem que se virar, pois a empresa às vezes acaba colocando os trabalhadores em situações de risco, como deixá-los durante a noite ou madrugada em locais que não conhecem, precisando, sendo os próprios responsáveis por providenciarem transporte.

Também para esses trabalhadores, diante da alteração na rotina nos aeroportos e rodoviárias, por causa do coronavírus, muitos tem que remarcar a passagem, cinco, seis vezes, acarretando alto custo.

De acordo com os trabalhadores, o transporte SP-RJ é feito com quatro pessoas no carro, expondo todos ao contágio.

A situação dos terceirizados é ainda mais grave, pois continuam embarcando sem controle dos serviços essenciais ou medidas de prevenção.

Para os petroleiros, o ideal seria que a empresa utilizasse novos testes de coronavirus, mais rápidos, para serem feitos antes do embarque, mesmo que pra isso precisem adiantar a ida ao aeroporto.

Os embarcados disseram que o quadro mínimo da operação não está sendo respeitado. De acordo com os petroleiros não adianta nem mesmo reduzir a produção, pois os equipamentos seguem funcionando. É preciso manter o quadro, sob o risco de expor ainda mais os trabalhadores e as unidades.

Outro ponto criticado pelos trabalhadores é que a escala 21x21 não respeita a proporção de trabalho/folga, tornando a jornada ainda mais extenuante, arriscando a planta e afetando a imunidade dos trabalhadores.

As punições por greve continuam prejudicando os trabalhadores, que não fizeram nada de errado e não aceitam "abrandamento" das punições. A categoria está com disposição para lutar contra qualquer punição.

Diante dos prejuízos causados por descontos da greve, os embarcados estão fazendo um rateio entre os trabalhadores das plataformas. Embora haja muita desigualdade nas contribuições, foram arrecadados R$ 22 mil.

Tebar - 14/04
Os trabalhadores do Tebar informaram que a Transpetro continua realizando PT não urgentes e promovendo aglomerações dentro da empresa.

Como prova da ineficiência do combate ao coronavírus no terminal, os petroleiros informaram que a Transpetro exige assinatura diária de documento no qual o empregado auto-atesta sua saúde.

Os trabalhadores informaram que a Transpetro está realizando higienização com uma contratada, mas não imediatamente antes das trocas dos turnos, o que perde a eficiência da ação.

Mesmo em meio a pandemia, com alterações na rotina de trabalho e turno, as metas do GDR, que são baseadas em tempo das atividades, continuam sendo cobradas.

Um exemplo de mudança na rotina é que a manutenção trabalha com 50% dos empregados próprios e contratados, por 15 dias e depois inverte.

Pilões – 16/04
De acordo com os presentes na setorial, o quadro de manutenção está trabalhando 50% em home office e 50% na unidade, com alternações semanais. Já os trabalhadores do grupo de risco estão afastados, sem prejuízo aos impactados até o momento.

O número já reduzido de trabalhadores próprios em Pilões sofre com o desfalque de um companheiro, que foi diagnosticado com covide-19 e está em tratamento. O sindicato informou que está em contato permanente com a família do trabalhador e colocou à disposição os profissionais ligados à área da assistência social e psicologia. Para o sindicato, é lamentável a postura da Petrobrás em encobrir os casos de coronavírus na companhia, o que dificulta a ajuda sindical junto aos trabalhadores e familiares em um momento tão difícil.

Além das setoriais e dos atendimentos home office, a diretoria tem feito lives e gravado vídeos semanais, esclarecendo os principais assuntos debatido na semana.

Para que as ações do sindicato sejam efetivas, é importante que todos os trabalhadores se engajem, compartilhando os materiais distribuídos e publicados pelo Sindipetro-LP.

Os trabalhadores elogiaram a iniciativa do sindicato em realizar as setoriais de forma remota e se comprometeram a estimular a participação dos demais para as próximas reuniões.

Estamos em luta!