RPBC tem 3 mortos por Covid-19, 50 com teste positivo e 18 suspeitos

Negligência

José Carlos Nunes, petroleiro que atuava na RPBC como mecânico na empresa Comau, faleceu no dia 29 de maio em decorrência do novo coronarívus. Sem nenhum tipo de comunicação da empresa sobre a real situação da força de trabalho, sobretudo a terceirizada, apenas nesta segunda-feira (1), em contato com seu filho, o Sindipetro-LP conseguiu confirmar que a Covid-19 foi a causa de sua morte.

Internado no dia 16 de maio em leito comum, só após quatro dias de espera, e muita mobilização dos seus familiares, Nunes conseguiu ser transferido para um leito de UTI específica para a Covid-19, no Hospital Modelo de Cubatão. No dia 29 de maio, um dia antes da morte de Carcavalli, não resistiu à luta contra o vírus e acabou falecendo. Nunes, que tinha extremo orgulho de seu ofício, trabalhava na refinaria há mais de dois anos e era daqueles operários que sentia satisfação em compartilhar seus conhecimentos com os colegas de trabalho. Aos que davam seus primeiros passos na indústria, além da saudade fica o sentimento de gratidão.

Com isso, já são 3 vítimas fatais na refinaria de Cubatão. Jorge Roberto Cláudio de Jesus, o Japão, faleceu no dia 19 de maio. Ele era operador de máquinas e atuava na área do Coque, pela empresa Provac. Antônio Carcavalli, operador da Petrobrás, faleceu no último dia 30 de maio, após 21 dias internado. Em relação aos empregados próprios da refinaria, cujas informações o sindicato consegue apurar com mais facilidade, 50 já testaram positivo (com alguns ainda afastados e outros que já se recuperaram, retornando à refinaria) e outros 18 estão classificados como casos suspeitos.

Para nós, além da tristeza fica o sentimento de revolta. Quantos de nós ainda pagarão com a vida pela negligência da Petrobrás em adotar medidas rigorosas no combate à Covid-19? A companhia segue se pautando única e exclusivamente pela produção e o lucro, deixando em segundo plano o cuidado com sua força de trabalho. Carcavalli, que antes de ser internado lutou como cipeiro por ações mais efetivas, foi uma vítima não só do vírus, mas principalmente da política genocida da gestão bolsonarista da Petrobrás.

Enquanto financia canais de youtubers que disseminam ódio, fakenews e teorias negacionistas sobre a Covid-19, como mostrou reportagem de O Globo, Castello Branco e seu séquito se recusam a tomar iniciativas básicas como a distribuição de álcool gel e máscaras para toda força de trabalho. No combate à Covid-19 e à irresponsabilidade da direção da empresa, somos nós por nós mesmos. A compreensão de que os trabalhadores só podem confiar em si mesmos, em sua capacidade de união e solidariedade, nunca fez tanto sentido quanto nesses tempos sombrios. Resistiremos!